salmo 119 – verso 95

“Os ímpios me espreitam para me destruir, mas eu considero os teus testemunhos.” (Salmo 119:95).

Diante deste texto, escrito a milhares de anos, podemos concluir que a ideia de “evolução” da raça humana é uma “balela”, isto é, uma afirmação desprovida de verdade; que foi inventada para enganar. É afirmação sem fundamento, uma mentira. Ah! Sem dúvida a tecnologia pode ter mudado, mas esta atitude de pessoas “espreitarem” outras, com a finalidade de destruir, é a mesma, porque o ser humano não muda. O pecado está sempre em evidencia, e este espiar e observar às escondidas e com muita atenção, o que outro faz, para obter vantagens em detrimento do outro, com o avanço da tecnologia, ficou até mais aprimorado e descarado.

Claro que o contexto do salmista tem a ver com a seguinte realidade: Os que procuram andar com seriedade diante de Deus, considerando e observando atentamente Sua vontade, revelada em Sua palavra, se tornam pessoas que “incomodam” aqueles que preferem viver impiedosamente, e dando espaço para seus desejos carnais e pecaminosos.

Desde o início da história esta é a realidade. Em todas as épocas surgirão homens e mulheres que haverão de, perplexos e inconformados, clamar diante de Deus: “Na minha angústia, clamo ao Senhor…… Senhor, livra-me dos lábios mentirosos, da língua enganadora…… Ai de mim, que peregrino em Meseque e habito nas tendas de Quedar. Já há tempo demais que habito com aqueles que odeiam a paz. Sou pela paz; quando, porém, eu falo, eles teimam pela guerra.” (Salmo 120).

Um exemplo extraordinário temos em Daniel, “espreitado” por muitos que procuravam “um pretexto relacionado com a administração do reino, para poderem acusar Daniel. Mas não conseguiram encontrar esse pretexto, nem culpa alguma, porque ele era fiel, e não se achava nele nenhum erro nem culpa. Então esses homens disseram: Nunca acharemos um pretexto para acusar esse Daniel, a menos que procuremos algo relacionado com a lei do Deus que ele adora.” (Daniel 6:4,5). O que queriam estes líderes todos, que faziam parte da equipe do rei conduzindo os negócios da nação? Queriam achar um meio de “destruir” Daniel. O Salmo 119:95, bem que poderia ter sido escrito por Daniel mesmo: “Os ímpios me espreitam para me destruir, mas eu considero os teus testemunhos.” (Salmo 119:95).

E sabemos o final da história e como conseguiram que o rei decretasse a destruição de Daniel, lançando-o na cova dos leões, porque Daniel não titubeou, quando o assunto era a sua fidelidade para com Deus e Sua Palavra. Deus poderia não livrá-lo, mas o livrou. Bendito seja o Senhor!

Paulo escrevendo aos gálatas, menciona certos problemas surgindo entre eles “por causa dos falsos irmãos que se haviam infiltrado para espreitar a liberdade que temos em Cristo Jesus e nos reduzir à escravidão. A esses não nos submetemos por um instante sequer, para que a verdade do evangelho permanecesse entre vocês.” (Gálatas 2:4,5).

E a Palavra de Deus nos ensina claramente a tomarmos todo o cuidado com os “espreitadores”, que ao se introduzirem no meio dos “santos” conseguem melhor resultado em sua tarefa maligna de destruir o testemunho e a obra do Senhor. Lembremo-nos destas alertas:

  • DE JESUS CRISTO – “Cuidado com os falsos profetas, que se apresentam a vocês disfarçados de ovelhas, mas por dentro são lobos vorazes.” (Mateus 7:15).
  • DE PAULO – “Cuidem de vocês mesmos e de todo o rebanho no qual o Espírito Santo os colocou como bispos, para pastorearem a igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue. Eu sei que, depois da minha partida, aparecerão no meio de vocês lobos vorazes, que não pouparão o rebanho. E que até mesmo entre vocês se levantarão homens falando coisas pervertidas para arrastar os discípulos atrás de si. Portanto, vigiem, lembrando que, durante três anos, noite e dia, não cessei de admoestar, com lágrimas, cada um de vocês.” (Atos 20:28-31).
  • DE PEDRO – “Assim como surgiram falsos profetas no meio do povo, também haverá falsos mestres entre vocês. Eles introduzirão heresias destruidoras, chegando a renegar o Soberano Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina destruição. E muitos seguirão as suas práticas libertinas, e, por causa deles, o caminho da verdade será difamado. Movidos por avareza, eles explorarão vocês com palavras fictícias.” (2 Pedro 2:1-3).
  • DE JUDAS – “Pois certos indivíduos, cuja sentença de condenação foi promulgada há muito tempo, se infiltraram no meio de vocês sem serem notados. São pessoas ímpias, que transformam em libertinagem a graça do nosso Deus e negam o nosso único Soberano e Senhor, Jesus Cristo. Esses são como rochas submersas nas festas de fraternidade que vocês fazem, banqueteando-se com vocês sem qualquer receio. São pastores que apascentam a si mesmos……. Esses tais são murmuradores, pessoas descontentes que andam segundo as suas paixões. A sua boca vive falando grandes arrogâncias; adulam os outros por motivos interesseiros…….São estes os que promovem divisões, seguem os seus próprios instintos e não têm o Espírito.” (Judas 1:4,12,16,19).

A salvaguarda para estas ações é a de sempre considerar os testemunhos, os mandamentos, os preceitos, em suma, a Palavra de Deus. Este é o tema central de cada versículo deste que é o maior capítulo da Bíblia. Daí a importância de se estudar cuidadosamente a Palavra do Senhor, conhecer a Doutrina, estar sempre atento ao que “está escrito”!

Há uma recomendação de Paulo, ao despedir-se dos cristãos em Éfeso que precisa ganhar guarida em nossos corações: “Agora, pois, eu os entrego aos cuidados de Deus e à palavra da sua graça, que tem poder para edificá-los e dar herança entre todos os que são santificados.” (Atos 20:32). E é importante observar que nas cartas às sete igrejas do Apocalipse, enviadas por Jesus por intermédio de João, ao referir-se à Éfeso, ele diz: “Conheço as obras que você realiza, tanto o seu esforço como a sua perseverança. Sei que você não pode suportar os maus e que pôs à prova os que se declaram apóstolos e não são, e descobriu que são mentirosos. Você tem perseverança e suportou provas por causa do meu nome, sem esmorecer. Tenho, porém, contra você o seguinte: você abandonou o seu primeiro amor.” (Apocalipse 2:2-4). Precisamos, de fato, ser zelosos quanto à verdade da Palavra de Deus, mas zelosos também no amor ao Senhor Jesus!

E à igreja de Filadélfia, o Senhor diz: “Conheço as obras que você realiza. Eis que tenho posto diante de você uma porta aberta, a qual ninguém pode fechar. Sei que você tem pouca força, mas guardou a minha palavra e não negou o meu nome. Eis o que eu farei com alguns dos que são da sinagoga de Satanás, desses que se declaram judeus e não são, mas mentem. Eis que farei com que venham até você, prostrem-se aos seus pés e reconheçam que eu amo você. Você guardou a palavra da minha perseverança. Por isso, também eu o guardarei da hora da provação que há de vir sobre o mundo inteiro, para pôr à prova os que habitam sobre a terra. Venho sem demora. Conserve o que você tem, para que ninguém tome a sua coroa.” (Apocalipse 3:8-11).

É no meio dos que se declaram apóstolos e não o são, dos que são da sinagoga de Satanás, dos que se declaram judeus, dos que se infiltram no meio dos membros do Corpo de Cristo, dos que são falsos profetas, dos que são lobos disfarçados de ovelhas, dos que adulam por motivos interesseiros, dos que se apascentam a si mesmos, dos que introduzem heresias destruidoras, dos que arrastam discípulos atrás de si, dos que por avareza exploram com palavras fictícias, dos que promovem divisões, enfim, é no meio desta lista interminável dos que, em nossa própria época fazem o mesmo, que fica evidente como o texto do salmista no Salmo 119:95: “Os ímpios me espreitam para me destruir, mas eu considero os teus testemunhos” se aplica ao nosso próprio tempo.

Como o salmista, firmemo-nos na Palavra de Deus, nunca esquecendo que: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o servo de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra.” (2 Timóteo 3:16-17).

E tendo em mente que esta passagem está na carta que Paulo escreveu a Timóteo, exatamente para que ele soubesse o que fazer no contexto de perseguição, pois “na verdade, todos os que querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos. Mas os perversos e impostores irão de mal a pior, enganando e sendo enganados.” (2 Timóteo 3:12,13).

Salmo 119 – verso 48

Para os teus mandamentos, que amo, levantarei as mãos e meditarei nos teus decretos” (Salmo 119:48).

 Chegamos ao último dos versículos iniciados com a letra VAV (do alfabeto hebraico) deste 6º. Bloco de oito versículos. VAV é conexão. E este versículo completa a conexão porque as misericórdias infinitas de Deus, que proporcionaram a graça da Sua salvação, reveladas pela Sua palavra, trazendo plena libertação, nos levam a levantar as mãos, o mais alto que for possível para louvar e agradecer a Deus.

Levantar as mãos é um gesto que corresponde ao desejo do coração de se elevar em adoração, louvor e gratidão ao Eterno Deus, o Criador do Universo, o Deus Triúno, Pai, Filho e Espírito Santo.

Mesmo no tempo do Antigo Testamento, quando os servos de Deus ainda não tinham a revelação tão clara como temos hoje, depois da vinda de Cristo e da vinda do Espírito Santo, esta atitude de levantar as mãos era vista, como no caso de Davi, chamado de homem “segundo o coração de Deus” (Atos 13:22). Ele deixou este precioso salmo:

Ó Deus, tu és o meu Deus; eu te busco ansiosamente. A minha alma tem sede de ti; meu corpo te almeja, como terra árida, exausta e sem água. Assim, quero ver-te no santuário, para contemplar a tua força e a tua glória. Porque a tua graça é melhor do que a vida; os meus lábios te louvam. Assim, eu te bendirei enquanto viver; em teu nome, levanto as mãos” (Salmos 63:1-4).

A graça, o favor de Deus é melhor do que a própria vida. Pense numa pessoa encarcerada numa escura prisão, sem ter a claridade da luz do dia, e que ao sair para fora, diante da luz do sol, fica completamente atônita e deslumbrada, assim também acontece com aquele que encontra a graça libertadora de Deus, em Cristo Jesus. Não há nada que se compare a esta bênção, por isso esta graça é melhor do que qualquer coisa que se possa desejar ou alcançar nesta vida, ou melhor, dizendo como Davi, é melhor do que a vida. Isso leva os lábios a louvarem a Deus e os braços e mãos se erguerem expressando a gratidão.

Levantar as mãos é um gesto que corresponde também a oração. Lemos em Êxodo 17 sobre a vitória de Israel sobre os amalequitas, na caminhada pelo deserto. Enquanto no alto do monte Moisés ficava com as mãos levantadas Israel vencia; quando, porém, ele abaixava a mão, os amalequitas venciam. Arão e Hur, então sustentaram as mãos de Moisés, um, de um lado, e o outro, do outro; assim as mãos dele ficaram firmes até o pôr do sol. E Josué destruiu os amalequitas a fio de espada.

Encontramos a mesma atitude no Novo Testamento: “Quero, pois, que os homens orem em todos os lugares, levantando mãos santas, sem ira e sem animosidade” (1 Timóteo 2:8).

Este levantar das mãos para os mandamentos, do salmista, pode ser compreendida como uma oração de agradecimento pela bênção de ter a Palavra de Deus. Pode ser também uma suplicar a Deus pedindo a compreensão correta da Sua Palavra. E ainda mais, um pedido a Deus, para que Ele conceda o poder para obedecer-lhe.

“Para os teus mandamentos, que amo, levantarei as mãos e meditarei nos teus decretos” (Salmo 119:48). Há duas realidades aqui que são fundamentais para compreender a vontade de Deus: oração (levantar as mãos) e meditação. Vimos no Salmo 119:47 que a pessoa bem-aventurada é aquela que “não anda no conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. Pelo contrário, o seu prazer está na lei do Senhor” (Salmo 1:1,2a). Mas o texto continua dizendo que esta pessoa bem-aventurada “medita de dia e de noite” (Salmo 1:2b) nos mandamentos do Senhor. Este tem sido o padrão dos que andam com Deus:

  • Salmo 19:14 – “As palavras dos meus lábios e o meditar do meu coração sejam agradáveis na tua presença, Senhor, rocha minha e redentor meu!”
  • Salmo 27:4 – “Uma coisa peço ao Senhor e a buscarei: que eu possa morar na Casa do Senhor todos os dias da minha vida, para contemplar a beleza do Senhor e meditar no seu templo.”
  • 1 Timóteo 4:13-16 – “Até a minha chegada, dedique-se à leitura pública das Escrituras, à exortação, ao ensino. Não seja negligente para com o dom que você recebeu …….. Medite estas coisas e dedique-se a elas, para que o seu progresso seja visto por todos. Cuide de você mesmo e da doutrina. Continue nestes deveres, porque, fazendo assim, você salvará tanto a si mesmo como aos que o ouvem.”

Meditar envolve submeter o que se lê a um exame minucioso, envolve pensar detidamente, refletir, ponderar, conferir. Não é simplesmente fazer uma leitura rápida só para dizer que leu. Levantar as mãos. Pedir a bênção de Deus para a leitura de Sua Palavra. Meditar. Gastar tempo considerando cuidadosamente o texto lido, na dependência do Senhor. A meditação é um dever que exige separar um tempo para estar em silêncio e oração na presença do Senhor, pedindo para que Ele nos fale por sua Palavra, enquanto a lemos, estudando concentradamente, examinando os contextos, comparando escritura com escritura e examinando também o que tantos servos de Deus, ao longo da história, escreveram após terem também meditado sobre os mesmos textos.

“Para os teus mandamentos, que amo, levantarei as mãos e meditarei nos teus decretos” (Salmo 119:48), não esquecendo da recomendação de Jesus, sete vezes pronunciada, nas mensagens que enviou as sete igrejas do Apocalipse: “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas” (Apocalipse 3:22).

Na primeira parte do Salmo 119:48: “Para os teus mandamentos, que amo”, é preciso destacar esta expressão: QUE AMO! Este amor às Escrituras é preciosíssimo! Para nós, diferentemente do salmista, que temos o privilégio de conhecer a Jesus Cristo, o VERBO que “se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai” (João 1:14), este amor à Palavra se reveste de um caráter muito mais especial, porque após a Sua morte e Ressurreição, Jesus em conversa com os seus discípulos lhes disse: “São estas as palavras que eu lhes falei, estando ainda com vocês: era necessário que se cumprisse tudo o que está escrito a respeito de mim na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos. Então lhes abriu o entendimento para compreenderem as Escrituras” (Lucas 24:44,45). Dizer agora “os teus mandamentos, que amo”, envolve dizer: Eu amo a Jesus! Sim, Jesus é o tema e o assunto em toda a Escritura. Desprezar ou rejeitar qualquer porção envolve desprezar ou rejeitar o nosso Senhor e Salvador.

Neste contexto, é surpreendente como o apóstolo Paulo encerra a sua primeira carta enviada aos cristãos de Corinto, a quem ele precisou orientar e corrigir em relação a diversos pecados e falhas: “Se alguém não ama o Senhor, seja anátema. Maranata! A graça do Senhor Jesus esteja com vocês” (1 Coríntios 16:22,23).

Percebeu para quem é o anátema? Anátema significa expulsar uma pessoa do convívio de maneira severa, por ser maldita. Trata-se de uma palavra muito dura. Uma palavra para quem não ama o Senhor Jesus Cristo! Embora houvesse entre os crentes de Corinto muitas coisas que precisavam ser corrigidas, assim como há tantas destes pecados entre nós hoje, a condenação viria sobre os que não tinham amor ao Senhor Jesus. Jesus deixou bem evidente este fato: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e o meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada. Quem não me ama não guarda as minhas palavras. E a palavra que vocês estão ouvindo não é minha, mas do Pai, que me enviou. Tenho dito isso enquanto ainda estou com vocês. Mas o Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse ensinará a vocês todas as coisas e fará com que se lembrem de tudo o que eu lhes disse. Deixo com vocês a paz, a minha paz lhes dou; não lhes dou a paz como o mundo a dá. Que o coração de vocês não fique angustiado nem com medo” (João 14:23-27).

Para quem ama ao Senhor, a palavra é Maranata! Ora, vem Senhor! E há um galardão especial para os que amam a vinda de Jesus Cristo. É o que Paulo registrou na última carta que escreveu: “Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé. Desde agora me está guardada a coroa da justiça, que o Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amam a sua vinda” (2 Timóteo 4:7,8).

Que seja nossa a oração do salmista: “Para os teus mandamentos, que amo, levantarei as mãos e meditarei nos teus decretos” (Salmo 119:48).

salmo 119 – verso 23

Não seriam os poderosos reis e seus assustadores príncipes e juízes que impediriam o servo peregrino e que ama ao Senhor e a Sua Palavra de continuar no seu propósito de ler com atenção, ponderar e obedecer às Escrituras Sagradas. Ele continuou examinando, meditando e apreciando a sabedoria de Deus, contemplando a grandeza do Senhor e orando confiadamente.

Não nos esqueçamos que o príncipe deste mundo, o diabo, conta com o apoio de potestades malignas e poderosas que tudo farão para impedir os servos de Deus a separar um tempo significativo de seu dia para estar na presença de Deus, meditando na Sua Palavra.

Pensando em Davi, filho de Jessé, homem que foi exaltado, o ungido do Deus de Jacó, o suave salmista de Israel, que disse: “O Espírito do Senhor fala por meio de mim; e a sua palavra está na minha língua” (2 Samuel 23:1,2), havia mesmo um acordo do rei Saul com seus príncipes para que exercessem sua autoridade para o ferir, o deter e até mesmo o matar. Davi enfrentou provações e tentações das mais variadas, e este texto do Salmo 119:23 bem que foi a sua experiência.

E, sem dúvida, diante de tantas lutas que enfrentou, pode escrever textos extraordinários, como o Salmo 2, um dos preciosos salmos proféticos, mostrando Jesus, onde lemos: “Por que se enfurecem as nações e os povos imaginam coisas vãs? Os reis da terra se levantam, e as autoridades conspiram contra o Senhor e contra o seu Ungido, dizendo: Vamos romper os seus laços e sacudir de nós as suas algemas” (Salmo 2:1-3).

Lembrei-me de um servo de Deus, chamado John Bunyan (1628-1688), que foi impedido em seu tempo de pregar a palavra de Deus, e isso por autoridades eclesiásticas, que inclusive conseguiram trancafiá-lo numa prisão. Pois bem, foi ali no cárcere que ele escreveu seu livro, que é uma obra prima de excelência, “O Peregrino”, que deve ser lida e relida por todos os cristãos. John Bunyan bem que poderia citar verso 23 do salmo 119 como sua experiência pessoal.

Paulo é um outro exemplo de servo aprisionado por causa do testemunho do Senhor, e isso não o impediu de meditar na Palavra de Deus, pelo contrário, foi de dentro da prisão que ele, movido pelo Espírito Santo, escreveu cartas que estão inseridas no Novo Testamento, e que tanto nos orientam e nos abençoam. Paulo também é o servo do Salmo 119:23.

João, o apóstolo, ao escrever o livro de Apocalipse, assim se apresenta “Eu, João, irmão e companheiro de vocês na tribulação, no reino e na perseverança em Jesus, estava na ilha chamada Patmos, por causa da palavra de Deus e do testemunho de Jesus” (Apocalipse 1:9). Esta preciosidade do Apocalipse nos temos em mãos porque ele passou também pela experiência do Salmo 119:23

No entanto, o exemplo supremo encontramos no Filho de Deus, nosso Senhor Jesus Cristo, de quem os primeiros cristãos, em tempo de grande perseguição, testemunharam em sua oração: “Disseste por meio do Espírito Santo, por boca de Davi, nosso pai, teu servo: ‘Por que se enfureceram os gentios, e os povos imaginaram coisas vãs? Os reis da terra se levantaram, e as autoridades se juntaram contra o Senhor e contra o seu Ungido.’ Porque de fato, nesta cidade, Herodes e Pôncio Pilatos, com gentios e gente de Israel, se juntaram contra o teu santo Servo Jesus, a quem ungiste”, para o condenarem ao sofrimento da morte de cruz. E na oração os cristãos afirmaram “para fazerem tudo o que a tua mão e o teu propósito predeterminaram” (Atos 4:25-28).

Sim, este versículo 23 do Salmo 119, se aplica perfeitamente aos lábios do Senhor Jesus, cuja comida e bebida sempre foi fazer a vontade do Pai celestial.

É oportuno recordar que Jesus, após a sua ressurreição, disse aos seus discípulos: “São estas as palavras que eu lhes falei, estando ainda com vocês: era necessário que se cumprisse tudo o que está escrito a respeito de mim na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos. Então lhes abriu o entendimento para compreenderem as Escrituras” (Lucas 24:44,45). Sim, encontramos Jesus nos Salmos e em toda a Escritura.

E nós, neste século XXI, somos servos de que tipo? Estaríamos ao lado do servos que amam a Palavra do Senhor, mesmo tendo que enfrentar a oposição e a perseguição? Gostaríamos de estar na companhia daqueles que “passaram pela prova de zombarias e açoites, sim, até de algemas e prisões. Foram apedrejados, serrados ao meio, mortos ao fio da espada. Andaram como peregrinos, vestidos de peles de ovelhas e de cabras; passaram por necessidades, foram afligidos e maltratados. O mundo não era digno deles. Andaram errantes pelos desertos, pelos montes, pelas covas, pelos antros da terra” (Hebreus 11:36-38)?

Andemos com sabedoria, e que a nossa fé jamais se apoio na sabedoria deste mundo. Lembremos sempre de textos da Palavra de Deus como este, que Paulo, uma das mentes mais brilhantes que já existiram, testemunhou: “A minha palavra e a minha pregação não consistiram em linguagem persuasiva de sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder, para que a fé que vocês têm não se apoiasse em sabedoria humana, mas no poder de Deus. No entanto, transmitimos sabedoria entre os que são maduros. Não, porém, a sabedoria deste mundo, nem a dos poderosos desta época, que são reduzidos a nada. Pelo contrário, transmitimos a sabedoria de Deus em mistério, a sabedoria que estava oculta e que Deus predeterminou desde a eternidade para a nossa glória. Nenhum dos poderosos deste mundo conheceu essa sabedoria. Porque, se a tivessem conhecido, jamais teriam crucificado o Senhor da glória” (1 Coríntios 2:4-8).

Assentaram-se príncipes e falaram contra mim, mas o teu servo meditou nos teus decretos” (Salmo 119:23).

E lembremos desta alerta do Salmo 2:10-12: “Agora, pois, ó reis, sejam prudentes; deixem-se advertir, juízes da terra. Sirvam o Senhor com temor e alegrem-se nele com tremor. Beijem o Filho para que não se irrite, e não pereçam no caminho; porque em breve se acenderá a sua ira. Bem-aventurados todos os que nele se refugiam”.

SUPRIDOS POR DEUS PARA SERVI-LO (9 poema – 05/04/21)

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Lá no mar da Galileia
Sete homens vão pescar,
Toda noite trabalharam
Nada puderam apanhar.

E no amanhecer do dia
Tão famintos, tão cansados,
Ouvem, da praia, um estranho:
“Algum peixe têm pescado?”

Dizem: “Não”, e ouvem a ordem:
“Lancem do lado direito
A sua rede e então verão…”
Ficam supersatisfeitos,

Pois a rede ficou cheia.
Ficam todos surpreendidos,
É o Senhor Jesus na praia
Ele a morte tem vencido.

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Lá na praia uma fogueira,
Pão e peixe nela assados,
Trazem os peixes, se aproximam,
Estão todos deslumbrados.

“A comida está servida
Vinde agora e comei,
Peguem o pão e peguem o peixe,
Eu vos fortalecerei”.

Era Cristo ressurreto,
Vivo, se manifestando,
Aos discípulos, calados,
Nem estavam acreditando.

Sendo pois alimentados,
Pedro ouviu nitidamente:
“Tu me amas mais que os outros?”
Respondeu bem prontamente:

“Eu te amo Jesus Cristo!”
Então cuide do rebanho,
Meus cordeiros e ovelhas
Segue sempre apascentando!”

Quando Deus dá força ao homem,
É pra usar no seu serviço,
Quem por Cristo é alimentado,
Sempre é útil e não é omisso.

Deus bondoso fortalece
Tira do homem a fraqueza,
Pra que sirva a Ele alegre,
Com denodo e com presteza.

Veja Elias o tesbita,
Totalmente alquebrado,
Mas que foi com pão e água,
Pelo anjo alimentado.

Quis depois ficar dormindo,
Mas não tinha essa opção,
Levantou-se e foi andando
Numa firme direção,

Para estar com Deus em Horebe,
Caminhou o profeta Elias,
Com a força da comida,
Caminhou quarenta dias.

Toda graça recebida,
Toda bênção por Deus dada,
É para O servirmos sempre,
E Sua glória ser mostrada.

Foi assim também no Egito,
Sendo a Páscoa instituída.
Se alimentam do cordeiro,
Com as costas já cingidas,

Tendo nos pés as sandálias,
E na mão tendo o cajado,
Se alimentam e bem depressa
Vão servir ao Deus amado.

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Querem alguns viver de Cristo,
Ser por Ele alimentados;
Mas não pensam em servi-lo,
São crentes acomodados.

Na verdade aprendamos
Que o Senhor nos alimenta,
Nos restaura e revigora;
Pois se a nossa força aumenta

É pra cheios de coragem
Nós contarmos Sua história
Peregrinos neste mundo
Proclamando a Sua glória!

Gilberto Celeti

“Desta maneira o comereis: lombos cingidos, sandálias nos pés e cajado na mão; comê-lo-eis à pressa; é a Páscoa do Senhor”. (Êxodo 12:11)

“Levantou-se, pois, comeu e bebeu; e com a força daquela comida, caminhou quarenta dias até Horebe, o monte de Deus”. (1 Reis 19:8)

“Disse-lhes Jesus: Vinde, comei. Nenhum dos discípulos ousava perguntar-lhe: Quem és tu? Porque sabiam que era o Senhor. Veio Jesus, tomou o pão, e lhes deu, e, de igual modo, o peixe. Depois de terem comido, perguntou Jesus a Simão Pedro:…amas-me mais do que estes outros? Ele respondeu: Sim, senhor, tu sabes que te amo. Ele lhe disse: Apascenta os meus cordeiros…. quanto a ti, segue-me”. (João 21:12-22)

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