SALMO 119 – ALEF – VERSO 8

“Cumprirei os teus decretos; não me desampares jamais.” (Salmo 119:8)

Este último versículo iniciado com a letra “Alef– א ” diz:
אֶת- חֻקֶּיךָ – ET-CHUQEYKHA – (os) teus estatutos:
אֶשְׁמֹר – ESHËMOR – observarei
אַל- תַּעַזְבֵנִי – AL-TAAZËVENY – não me desampares
עַד- מְאֹד: – AD-MËOD: – totalmente.

Já mencionamos, no início deste bloco, com os oito versículos começados com a letra “Alef – א ” que ela é uma letra composta de outras duas: a letra “Yud – י” a décima letra, bem pequenina, a menor de todas, que aparece suspensa e a letra “Vav – ו” a sexta letra. Temos a letra “Vav” em diagonal, e as duas letras “Yud”, uma aparecendo por cima da “Vav” e outra por baixo. O “Yud” na parte superior da letra “Alef” indicaria o Eterno Criador e o “Yud” na parte inferior indicaria o homem, havendo entre eles algo que faz separação, bloqueio. E o que foi, de fato, que provocou esta separação homem do Seu Criador? Não foi exatamente a não observância do decreto de Deus?

Neste versículo oito o salmista faz uma declaração estonteante: “Cumprirei os teus decretos”, exatamente aquilo que Adão e Eva não fizeram. É possível a um descendente de Adão conseguir esta proeza? Os mais consagrados servos de Deus tiveram que reconhecer sua incapacidade para tal feito e a reconhecer, tristemente a sua condição pessoal, como por exemplo:

  • O profeta Isaías – “Ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros, e habito no meio de um povo de lábios impuros; e os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos!” (Isaías 6:5).
  • O apóstolo Paulo – “Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum, pois o querer o bem está em mim, mas não o realizá-lo. Porque não faço o bem que eu quero, mas o mal que não quero, esse faço. Mas, se eu faço o que não quero, já não sou eu quem o faz, e sim o pecado que habita em mim. Assim, encontro esta lei: quando quero fazer o bem, o mal reside em mim. Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus. Mas vejo nos meus membros outra lei que, guerreando contra a lei da minha mente, me faz prisioneiro da lei do pecado que está nos meus membros. Miserável homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte?” (Romanos 7:18-24).

Tanto Isaías no Antigo Testamento, como Paulo nos tempos do Novo Testamento, reconheceram que sem o amparo do Senhor, jamais conseguiriam andar no caminho da obediência, no caminho da santidade. Era o que o salmista também desejava e por isso orava: “Cumprirei os teus decretos; não me desampares jamais.” (Salmo 119:8). Ele contava com o amparo e a força do Senhor!

O apóstolo Pedro teve uma experiência até dramática quanto a isto, nos dias que antecederam a prisão e consequente condenação do Senhor Jesus Cristo. Está escrito pelo evangelista Mateus o seguinte fato: “Jesus disse aos discípulos: Esta noite serei uma pedra de tropeço para todos vocês, porque está escrito: Ferirei o pastor, e as ovelhas do rebanho ficarão dispersas. Mas, depois da minha ressurreição, irei adiante de vocês para a Galileia. Mas Pedro, tomando a palavra, disse a Jesus: Ainda que o senhor venha a ser um tropeço para todos, nunca o será para mim. Mas Jesus lhe disse: Em verdade lhe digo que, nesta noite, antes que o galo cante, você me negará três vezes. Pedro insistiu: Ainda que me seja necessário morrer com o senhor, de modo nenhum o negarei.” Era como se Pedro afirmasse: CUMPRIREI OS TEUS DECRETOS! No entanto o que se viu foi ele falhando vergonhosamente, negando e depois, ao ouvir o gala cantar, tendo negado três vezes a Jesus Cristo, caiu em si, reconheceu sua falta e saiu chorando amargamente. (Mateus 26:31-35 e 69-75). E só não foi pior porque o Senhor Jesus não o desamparou. Jesus mesmo já o havia alertado ao dizer-lhe: “Simão, Simão, eis que Satanás pediu para peneirar vocês como trigo! Eu, porém, orei por você, para que a sua fé não desfaleça. E você, quando voltar para mim, fortaleça os seus irmãos.” (Lucas 22:31,32).

Cumprirei os teus decretos; não me desampares jamais.” (Salmo 119:8)

Não cresceremos numa vida de santificação sem a obediência à Palavra do Senhor, tendo as nossas vidas alicerçadas na Rocha, como sábios, como aqueles que ouvem e praticam a Palavra do Senhor e que não se comportam insensatamente, estando plenamente conscientes de própria incapacidade para tanto e clamando ao Senhor: “Não me desampare, não me abandone”.

Sim, sejamos bem conscientes que se formos deixados para agir conforme nossas próprias forças, falharemos completamente. E então oremos: “Senhor, que me conhece perfeitamente, se o Senhor não velar por mim e não me proteger, estarei fracassando.”

E, pela graça e bondade do Senhor, podemos nos tornar cartas de Cristo, como afirmou o apóstolo Paulo, cartas escritas “não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne, isto é, nos corações. E é por meio de Cristo que temos tal confiança em Deus. Não que, por nós mesmos, sejamos capazes de pensar alguma coisa, como se partisse de nós; pelo contrário, a nossa capacidade vem de Deus, o qual nos capacitou para sermos ministros de uma nova aliança, não da letra, mas do Espírito; porque a letra mata, mas o Espírito vivifica.” (2 Coríntios 3:3-6).

Chegando assim ao final deste primeiro bloco de oito versículos, com a temática de que a bênção de Deus está onde há santidade, seguiremos em frente, bloco a bloco, compreendendo que o primeiro passo em nosso viver cristão é a consciência de que a SANTIDADE VEM EM PRIMEIRO LUGAR. Foi o que vimos em todos estes versos iniciados com a letra “ALEF”. E como o salmista clamemos: “Cumprirei os teus decretos; não me desampares jamais.” (Salmo 119:8)

Sim, Deus o Pai, o lavrador, poda a sujeira
De ramo firme, na videira verdadeira,
Que é Jesus, em quem todo regenerado
Está pra sempre, eternamente, bem ligado.

E o que procura Deus o Pai a cada instante?
Achar na vinha produção bem abundante.
Se o ramo cresce, não dá fruto, só tem galho,
É ramo que dá para o Pai muito trabalho.

Só ramo limpo na videira bem unido,
É que floresce e muito fruto é obtido.
É a Palavra do Senhor que purifica,
E faz o ramo ser ramo que frutifica.

Ficar aberto à Sua Palavra e influência,
Ficar atento e dar a ela a obediência,
Fará que a seiva, no ramo, possa fluir;
O Santo Espírito então irá agir.

O ramo por si mesmo nunca fará nada,
Por isso só quem tem a vida transformada,
E foi por Cristo devidamente escolhido
Vai ser um ramo útil e bem-sucedido.

Gilberto Celeti

“Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado” (João 15.3)

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SALMO 119 – ALEF – VERSO 7

“Eu te darei graças com integridade de coração, quando tiver aprendido os teus retos juízos.” (Salmo 119:7).

Chegamos ao sétimo versículo iniciado com a letra ALEF, cujo texto em hebraico é:
אוֹדְךָ – ODËKHA – Louvar-te-ei
בְּיֹשֶׁר – BËYOSHER – com retidão de
לֵבָב – LEVÅV – coração,
בְּלָמְדִי – BËLÅMËDY – quando tiver aprendido {lit.: em meu aprender}
מִשְׁפְּטֵי צִדְקֶךָ: – MISHËPËTEY TSIDËQEKHA: – (os) teus justos juízos.

Esta primeira estrofe do Salmo 119, de oito versículos iniciados com a letra ALEF, tem como tema “A SANTIDADE VEM EM PRIMEIRO LUGAR” e neste versículo o salmista penetra numa realidade bem íntima e profunda, pois reconhece, certamente, que a santidade está mais além do que um comportamento exterior e aparente. As Escrituras mostram, veementemente, como esta atitude de santidade hipócrita desagrada ao Senhor. Deus não a suporta, como afirmou o profeta:

  • Isaías 1:11-17 – “O Senhor diz: De que me serve a multidão dos sacrifícios que vocês oferecem? Estou farto dos holocaustos de carneiros e da gordura de animais cevados. Não me agrado do sangue de novilhos, nem de cordeiros, nem de bodes. Quando comparecem diante de mim, quem requereu de vocês esse pisotear dos meus átrios? Não me tragam mais ofertas vãs! O incenso é para mim abominação, e também as Festas da Lua Nova, os sábados e a convocação das assembleias. Não posso suportar iniquidade associada à reunião solene. As Festas da Lua Nova e as solenidades, a minha alma as odeia; já são um peso para mim; estou cansado de suportá-las. Quando vocês estendem as mãos, eu fecho os meus olhos; sim, quando multiplicam as suas orações, não as ouço, porque as mãos de vocês estão cheias de sangue. Lavem-se e purifiquem-se! Tirem da minha presença a maldade dos seus atos; parem de fazer o mal! Aprendam a fazer o bem; busquem a justiça, repreendam o opressor; garantam o direito dos órfãos, defendam a causa das viúvas.”
  • Isaías 29:13-16 – “O Senhor disse: Visto que este povo se aproxima de mim e com a sua boca e com os seus lábios me honra, mas o seu coração está longe de mim, e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos ensinados por homens, continuarei a fazer obra maravilhosa no meio deste povo. Sim, farei obra maravilhosa e um prodígio, de maneira que a sabedoria dos seus sábios será destruída, e o entendimento dos seus entendidos desaparecerá. Ai dos que escondem profundamente o seu propósito do Senhor! Ai dos que fazem as suas próprias obras às escuras, e dizem: Quem nos vê? Quem sabe o que estamos fazendo? Como vocês invertem as coisas! Será que o oleiro é igual ao barro? Pode a obra dizer ao seu artífice: Ele não me fez? Pode a coisa feita dizer do seu oleiro: Ele não sabe nada?”

E o que seria esta santidade interior, senão ter um coração não inclinado à artimanha, ao engano e à malícia. O salmista está como que clamando: “Misericórdia, Senhor, ajuda-me a alcançar um coração íntegro, livre de corrupção, de desonestidade, de insinceridade”.

Podemos afirmar que a integridade consiste numa atitude de coerência em todas as áreas da vida. Uma pessoa íntegra faz com que seus sentimentos, pensamentos e palavras tenham o respaldo das suas ações. Torna-se, por isso, uma pessoa confiável e respeitada. Integridade de coração reflete uma excelente qualidade, mas constitui-se também num imenso desafio.

No Novo Testamento temos esta recomendação: “O mesmo Deus da paz os santifique em tudo. E que o espírito, a alma e o corpo de vocês sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.” (1 Tessalonicenses 5:23).

Trata-se de uma santificação completa e abrangente nas três dimensões da personalidade: espírito, alma e corpo e o salmista afirma: “Eu te darei graças com integridade de coração, quando tiver aprendido os teus retos juízos.” (Salmo 119:7). Olhando mais de perto neste versículo percebemos que o desejo e a oração do salmista, sem dúvida é: “Senhor, ajuda-me a APRENDER OS TEU RETOS JUÍZOS”.

Sem compreender os mandamentos do Senhor, os seus preceitos, as suas regras, os seus caminhos e obedecê-los, andar neles, como haveremos de louvar o Seu Santo Nome do coração íntegro? O salmista mais uma vez enfatiza a importância e a proeminência da Palavra de Deus, pois a bem-aventurança só se alcança com a santidade, e a santidade em todas as dimensões da personalidade, depende da conformidade com a Sua Palavra e a Sua Vontade.

São muitos os versículos bíblicos que enfatizam a INTEGRIDADE:

  • Jó 1:1 – “Na terra de Uz vivia um homem chamado Jó. Era homem íntegro e justo; temia a Deus e evitava fazer o mal.”
  • Jó 8:20 – “Pois o certo é que Deus não rejeita o íntegro e não fortalece as mãos dos que fazem o mal.”
  • Salmo 101:2 – “Seguirei o caminho da integridade; quando virás ao meu encontro? Em minha casa viverei de coração íntegro.”
  • Provérbios 10:9 – “Quem anda com integridade anda com segurança, mas quem segue veredas tortuosas será descoberto.”
  • Provérbios 21:3 – “Fazer o que é justo e certo é mais aceitável ao SENHOR do que oferecer sacrifícios.”
  • Miqueias 6:8 – “Ele mostrou a você, ó homem, o que é bom e o que o SENHOR exige: pratique a justiça, ame a fidelidade e ande humildemente com o seu Deus.”
  • Mateus 22:16 – “Enviaram-lhe seus discípulos junto com os herodianos, que lhe disseram: Mestre, sabemos que és íntegro e que ensinas o caminho de Deus conforme a verdade. Tu não te deixas influenciar por ninguém, porque não te prendes à aparência dos homens.” Que precioso exemplo o do nosso Senhor Jesus Cristo!
  • Filipenses 4:8 – “Finalmente, irmãos, tudo o que for verdadeiro, tudo o que for nobre, tudo o que for correto, tudo o que for puro, tudo o que for amável, tudo o que for de boa fama, se houver algo de excelente ou digno de louvor, pensem nessas coisas.”
  • Colossenses 3:23 – “Tudo o que fizerem, façam de todo o coração, como para o Senhor, e não para os homens.”

Diante destes textos percebemos toda a nossa fragilidade, e temos que dizer: “Quem, porém, é capaz de fazer estas coisas?” Ou: “Quem, por si mesmo, pode andar em integridade?” E, sem dúvida, este era, provavelmente, o mesmo sentimento e pensamento do salmista quando escreveu: “Eu te darei graças com integridade de coração, quando tiver aprendido os teus retos juízos.” (Salmo 119:7). Ensina-me!

Davi no salmo 143 faz a seguinte súplica: “A ti levanto as mãos; a minha alma anseia por ti como terra sedenta. Senhor, responde-me depressa! O meu espírito desfalece; não me escondas a tua face, para que eu não me torne como os que baixam à cova. a) FAZE-ME OUVIR, pela manhã, da tua graça, pois em ti confio; b) MOSTRA-ME O CAMINHO por onde devo andar, porque a ti elevo a minha alma. c) LIVRA-ME, Senhor, dos meus inimigos; pois em ti é que me refugio. d) ENSINA-ME a fazer a tua vontade, pois tu és o meu Deus; que o teu bom Espírito e) ME GUIE por terreno plano. f) VIVIFICA-ME, Senhor, por amor do teu nome; por amor da tua justiça, g) TIRA A MINHA ALMA da angústia.” (Salmo 143:6-11).

Quando examinamos cuidadosamente o Novo Testamento, não há como escapar da realidade que, embora estejamos muitos séculos depois do profeta Isaías, o fato de que a religiosidade de aparência é a mesma. O apóstolo Paulo chegou a dizer a Timóteo estas palavras: “Lembro da sua fé sem fingimento, a mesma que, primeiramente, habitou em sua avó Loide e em sua mãe Eunice, e estou certo de que habita também em você.” (2 Timóteo 1:5). Ora, isto significa que em muitos existe uma fé hipócrita. Só externa.

Foi o que Jesus, ao final do Sermão da Montanha deixou bem evidente quando disse: “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no Reino dos Céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos, naquele dia, vão me dizer: Senhor, Senhor, nós não profetizamos em seu nome? E em seu nome não expulsamos demônios? E em seu nome não fizemos muitos milagres? Então lhes direi claramente: Eu nunca conheci vocês. Afastem-se de mim, vocês que praticam o mal.” (Mateus 7:21-23). A palavra “muitos” nesta passagem precisas ser bom considerada.

Toda a religiosidade no tempo de Jesus, manifestada nas palavras e nas atitudes dos principais sacerdotes, dos anciãos, dos escribas, dos fariseus, se constituía em plena hipocrisia, e o capítulo 23 não deixa nenhuma dúvida sobre esta falta de integridade que marca todos quantos são hipócritas. Aqueles que “dizem e não fazem.” (Mateus 23:3). E sobre todos estes o Senhor Jesus profere os seus “AIS”. Leia este capítulo e verifique cada um destes “AIS”, que definem perfeitamente um hipócrita.
Paulo afirmou que os últimos dias seriam difíceis e apresenta uma lista imensa de características pecaminosas dos indivíduos concluindo “que seriam mais amigos dos prazeres do que amigos de Deus, tendo forma de piedade, mas negando o poder dela. Fique longe também destes.” (2 Timóteo 3:4,5). Notou esta expressão – “tendo forma de piedade”, isto é, só aparência. Como os judeus no tempo de Isaías.

Precisamos buscar, como o salmista, “aprender os retos juízos do Senhor”, que nos foi também ordenado pelo apóstolo Pedro, quando escreveu: “Portanto, abandonem toda maldade, todo engano, hipocrisia e inveja, bem como todo tipo de maledicência. Como crianças recém-nascidas, desejem o genuíno leite espiritual, para que, por ele, lhes seja dado crescimento para a salvação, se é que vocês já têm a experiência de que o Senhor é bondoso.” (1 Pedro 2:1-3).”

Precisamos ler, ouvir e guardar no coração o ensino do Senhor e Salvador Jesus Cristo, ao concluir o Sermão da Montanha: “Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as pratica será comparado a um homem prudente que construiu a sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e bateram com força contra aquela casa, e ela não desabou, porque tinha sido construída sobre a rocha. E todo aquele que ouve estas minhas palavras e não as pratica será comparado a um homem insensato que construiu a sua casa sobre a areia. Caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e bateram com força contra aquela casa, e ela desabou, sendo grande a sua ruína.” (Mateus 7:24-27).

Louvar a Deus com a boca e a língua, durante as reuniões numa igreja local, mas entristecê-lo com nossas palavras e ações no dia a dia, faz de nossas vidas uma pura hipocrisia e fingimento. Não desejar crescer na graça e no conhecimento do Senhor, pelo estudo e meditação diária na Palavra de Deus, impedirá que sejamos fortalecidos no Senhor e na força do Seu poder, para ter vitória contra as forças do mal e deste mundo, tão materialista, que nos cerca. Que o Senhor nos conduza ao arrependimento, a uma mudança total, e que possamos orar como o salmista: “Eu te darei graças com integridade de coração, quando tiver aprendido os teus retos juízos.” (Salmo 119:7).

HÁ UMA LUTA DURA A CADA DIA

Cada dia é mais um passo na jornada,
Ao passamos por lugares e pessoas,
E a passagem nossa fica assinalada
Ao fazemos coisas más e coisas boas.

Não apenas pelo jeito que fazemos,
Mas também nossa atitude e como somos,
Mostra o bem ou mostra o mal que promovemos.
Atentemos bem como nos comportamos!

Há uma dura luta, sempre, a cada dia,
Tentações se apresentam implacáveis;
O inimigo não hesita e assedia,
Pra acolhermos coisas vis, indesejáveis.

Lutas há por dentro, outras vêm por fora,
E o diabo com seus dardos destrutivos,
Pra levar-nos à derrota mesmo agora,
Oferece deste mundo os atrativos.

Não há trégua nem descanso na batalha,
É preciso sempre estar bem equipado,
Negligência é perigosa e atrapalha,
Vigilância é o dever do bom soldado.

Nesta luta que enfrentamos, tão constante,
Há também diárias adversidades,
Que aparecem de repente, num instante,
E revelam bem nossas fragilidades:

Mau humor, ingratidão, a vil malícia
Devem ser da nossa vida afastados.
A soberba, inveja, ira e impudicícia
Têm que ser da nossa vida eliminados.

E só há um meio para esta vitória
Que por Deus, por sua graça, é concedida
A quem crê em Jesus Cristo, o Rei da Glória,
E a Ele entrega toda a sua vida.

O poder de Deus é imenso, ilimitado,
Pois socorre e livra em qualquer circunstância,
E é somente em Sua bondade confiado
Que a vitória é real em cada instância.

Há uma arma extremamente valorosa
Para manejar-se bem, corretamente:
É a Palavra do Senhor, tão poderosa,
Que ela nos governe o coração e a mente.

Ó Espírito, de Ti nós nos enchemos
Pra que a nossa vida aqui produza fruto,
Sim, que bênçãos, ao passar, aqui deixemos.
Que conduzam todos a prestar-te culto.

Deus eterno, que grandioso desafio
É o de ser, falar e agir querendo isto:
Um viver em retidão, sem ter desvio;
Um viver, não eu, mas um viver em Cristo!

Gilberto Celeti

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salmo 119 – verso 107

“Estou aflitíssimo; vivifica-me, Senhor, segundo a tua palavra.” (Salmo 119:107).

O verso 107 (assim como o 105 e 106) também inicia com a letra “Num”. Aqui a palavra é “NAANEYTY AD-MËOD”, que indica uma intensa aflição. É palavra no superlativo: Estou aflitíssimo!

Esta letra indica uma condição de humildade, e não apenas neste versículo, mas em vários outros deste longo salmo, há referência a este estado de sofrimento, que no contexto do salmo indica uma ação de homens cruéis, que impiedosamente o afligem, aparentemente sem motivo. O fato do salmista demonstrar tanto amor para com os mandamentos do Senhor e procurar guardá-los e observá-los, não o isenta de passar por tribulação.

Se há algo capaz de manter uma pessoa realmente humilde é quando esta pessoa alcança a compreensão de que sua vida depende integralmente de Deus, da sua bondade, da sua misericórdia, da sua fidelidade. E as aflições têm um poder extraordinário de nos manter dependentes de Deus e não ficarmos confiantes em nós mesmos. Enfermidades chegam sem pedir licença, situações surgem que trazem grandes desapontamentos e começamos a enxergar melhor a nossa própria pequenez e miséria pessoal.

Homens que consideramos gigantes na fé, têm passado por aflições até desesperadoras, como a que experimentou, por exemplo, o apóstolo Paulo que chegou a declarar: “Porque não queremos, irmãos, que vocês fiquem sem saber que tipo de tribulação nos sobreveio na província da Ásia. Foi algo acima das nossas forças, a ponto de perdermos a esperança até da própria vida.” (2 Coríntios 1:8). Ele como que estava dizendo com todas as letras: “Estive aflitíssimo”!

Davi, o filho de Jessé; o homem que foi exaltado, o ungido do Deus de Jacó, o “suave salmista de Israel” (2 Samuel 23:1), quem diria, passou por sofrimentos inimagináveis. No salmo 25:16-20 ele se dirige em oração ao Senhor com estas palavras: “Volta-te para mim e tem compaixão, porque estou sozinho e aflito. Alivia-me as tribulações do coração; tira-me das minhas angústias. Considera as minhas aflições e o meu sofrimento e perdoa todos os meus pecados. Considera os meus inimigos, pois são muitos e têm por mim um ódio mortal. Guarda a minha alma e livra-me; não seja eu envergonhado, pois em ti me refugio.” (Salmo 25:16-20). Estava também aflitíssimo!

E o que dizer de Jeremias, que ao escrever Lamentações, descreve o choro amargo do sofrimento do povo de Deus que foi afligido por causa da multidão de suas transgressões? Jeremias chegou a se expressar deste modo: “Eu sou o homem que viu a aflição causada pela vara do furor de Deus.” (Lamentações 3:1). Ele mesmo experimentou com a nação de Israel a dureza das aflições, chegando ao ponto de assim orar: “Não tenho mais forças. A minha esperança no Senhor acabou. Lembra-te da minha aflição e do meu andar errante, do absinto e da amargura. Minha alma continuamente se lembra disso e se abate dentro de mim. Quero trazer à memória o que pode me dar esperança.” (Lamentações 3:18-21). Bem que poderia ser ele o autor do Salmo 119 e o escritor do versículo 107: “Estou aflitíssimo; vivifica-me, Senhor, segundo a tua palavra.”

Não tomaremos tempo para falar de Jó e tantos outros servos do Senhor, que passaram por este mundo como verdadeiros peregrinos, mas nenhum deles jamais se aproximaria daquele que foi “desprezado e o mais rejeitado entre os homens, homem de dores e que sabe o que é padecer. E, como um de quem os homens escondem o rosto, era desprezado, e dele não fizemos caso.” (Isaías 53:3). Sim, Jesus Cristo, aquele que certamente “tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o considerávamos como aflito, ferido de Deus e oprimido. Mas ele foi traspassado por causa das nossas transgressões e esmagado por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas feridas fomos sarados. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu próprio caminho, mas o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de todos nós. Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca. Como cordeiro foi levado ao matadouro e, como ovelha muda diante dos seus tosquiadores, ele não abriu a boca.” (Isaías 53:4-7).

Jesus também orou como o salmista: “Estou aflitíssimo; vivifica-me, Senhor, segundo a tua palavra.” (Salmo 119:107); mas com uma aflição intensa, quando ali na cruz central do Calvário, ao lado de dois salteadores, como já fora profetizado por Davi, Jesus clamou: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? Por que se acham longe de minha salvação as palavras de meu gemido?” (Salmo 22:1). E qual foi a resposta? A RESSURREIÇÃO! Sim, três dias após a sua terrível morte na cruz e seu sepultamento, Jesus deixou a sepultura vazia. Bendito seja Deus!

Nós que vivemos neste tempo chamado “dos últimos dias”, que cremos e recebemos a Cristo como nosso Senhor e Salvador, temos dEle mesmo, esta preciosa orientação: “No mundo, vocês passam por aflições; mas tenham coragem: eu venci o mundo.” (João 16:33).

E assim como lemos que Paulo experimentou uma aflição acima de suas forças, que o levou a afirmar: “a ponto de perdermos a esperança até da própria vida”, no entanto ele continuou dizendo: “De fato, tivemos em nós mesmos a sentença de morte, para que não confiássemos em nós mesmos, e sim no Deus que ressuscita os mortos, o qual nos livrou e ainda livrará de tão grande morte. Nele temos esperado que ainda continuará a nos livrar” (2 Coríntios 1:8-10).

Sim, apesar de toda a aflição, o Senhor, em Cristo nos vivifica. E nesta carta que Paulo escreveu aos coríntios, ele registra uma palavra extraordinariamente edificante e consoladora: “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai de misericórdias e Deus de toda consolação! É ele que nos consola em toda a nossa tribulação, para que, pela consolação que nós mesmos recebemos de Deus, possamos consolar os que estiverem em qualquer espécie de tribulação.” (2 Coríntios 1:3,4). Não é maravilhoso! Sim, por causa do sofrimento de Cristo em nosso lugar, como o Cordeiro de Deus que pelo seu sangue nos libertou dos nossos pecados e nos reconciliou com o Pai, e por causa de sua retumbante ressurreição, podemos seguir em frente, não importa qual seja a circunstância, porque o nosso Senhor nos diz: “tenham coragem: eu venci o mundo.”

QUERO CONHECER A CRISTO

Eu quero, mesmo, é conhecer a Cristo,
E as provações, bem sei, são úteis nisto,
As mágoas, aflições e até as dores,
Preciso vê-las, sim, como favores

Daquele que, com mão tão amorosa,
Conduz minha vida e sabiamente dosa
Momentos de aflição e inquietude
Com anos de alegria e de saúde.

Participar, então, de sofrimento
Com Cristo, muda o meu pensamento,
E sendo pelo Espírito ajudado
Eu ando deste mundo separado.

E mais e mais a Cristo semelhante,
Vivendo a vida que é abundante,
Conheço o que me traz transformação,
Que é o poder de Sua ressurreição.

Eu quero mesmo é conhecer a Cristo,
E cada instante, então, é sempre visto
Como preciosa oportunidade
De estar bem submisso à Sua Vontade.

Gilberto Celeti

“O que eu quero é conhecer Cristo e o poder da sua ressurreição, tomar parte nos seus sofrimentos e me tornar como ele na sua morte.” (Filipenses 3:10).

salmo 119 – verso 96

“Tenho visto que toda perfeição tem o seu limite; mas o teu mandamento é ilimitado.” (Salmo 119:96).

Que texto impactante e desafiador! Que sábia e poderosa afirmação sobre a supremacia da Palavra de Deus! Ela é perfeitamente perfeita – ilimitada. O que é limitado, é imperfeito! Deus sim, é perfeito, assim como a palavra que sai de sua boca. Jesus afirmou: “O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não hão de passar.” (Mateus 24:35).

Quando apreciamos a grandeza e a beleza da criação de Deus, é muito importante ter em mente o que está escrito: “Tu, Senhor, no princípio fundaste a terra, e os céus são obra de tuas mãos. Eles perecerão, mas tu permanecerás; e todos eles, como roupa, envelhecerão, e como um manto os enrolarás, e serão mudados. Mas tu és o mesmo, e os teus anos não acabarão.” (Hebreus 1:10-12).  Como disse Jesus: “O céu e a terra passarão”. Isto fica bem claro também neste outro texto da Escritura Sagrada: “Mas o dia do Senhor virá como o ladrão de noite; no qual os céus passarão com grande estrondo, e os elementos, ardendo, se desfarão, e a terra, e as obras que nela há, se queimarão. Havendo, pois, de perecer todas estas coisas, que pessoas vos convém ser em santo trato, e piedade, aguardando, e apressando-vos para a vinda do dia de Deus, em que os céus, em fogo se desfarão, e os elementos, ardendo, se fundirão?” (2 Pedro 3:10-12). Estes dois textos mostram claramente como “toda perfeição” tem o seu limite. Claro que no caso da criação a perfeição original foi maculada pela entrada do pecado, assim como o próprio homem.

Há também muitas obras da engenhosidade humana às quais atribuímos “perfeição”, seja na arte, na indústria, na arquitetura, na literatura, na música, na tecnologia, enfim, que capacidade extraordinária tem o cérebro humano para as invenções, no entanto, todas elas, sem exceção, tem o seu limite. No entanto, a palavra de Deus é ilimitada, permanece para sempre, é exatamente tal e qual está escrito no Salmo 19:7-9: “A lei do Senhor é perfeita, e refrigera a alma; o testemunho do Senhor é fiel, e dá sabedoria aos símplices. Os preceitos do Senhor são retos e alegram o coração; o mandamento do Senhor é puro, e ilumina os olhos. O temor do Senhor é limpo, e permanece eternamente; os juízos do Senhor são verdadeiros e justos juntamente.” Jesus declarou: “O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não hão de passar.” (Mateus 24:35).

Chegando ao final desta série de versículos iniciados com a letra “LAMED” (89 a 96), com a ideia do periscópio (cuja forma se assemelha a letra “LAMED” no hebraico), no desafio de estudar, aprender, buscar algo mais acima e mais além, ter um coração sábio, o que se divisa é a perfeição ilimitada que só existe no Eterno e na Sua Palavra. No submarino de nossa vida neste mundo, que possamos olhar no periscópio esta perfeição que só existe no Senhor e na Sua Palavra. E na busca para se obter um coração sábio, cujo padrão é ilimitado, não tem como não reconhecer a nossa própria limitação, pois o padrão de Deus para os que são seus é a perfeição:

  1. Quando Abrão, chamado na escritura “pai de todos os que creem” (Romanos 4:11), estava com a “idade de noventa e nove anos, apareceu o SENHOR a Abrão, e disse-lhe: Eu sou o Deus Todo-Poderoso, anda em minha presença e sê perfeito.” (Gênesis 17:1).
  2. Quando Moisés dá detalhadas instruções ao povo de Israel, após os quarenta anos de caminhada pelo deserto e já prestes a entrar em Canaã, a ordem entregue ao povo é muito clara: “Perfeito serás, como o Senhor teu Deus.” (Deuteronômio 18:13).
  3. Quando Jesus Cristo, o Filho Eterno, de Deus, o Verbo (a Palavra) encarnado, transmitiu os seus ensinos, no chamado Sermão da Montanha, também deixou um mandamento que não deixa nenhuma dúvida: “Sede vós pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus.” (Mateus 5:48).
  4. Quando Paulo concluiu a segunda carta aos cristãos de Corinto, escreveu: “Quanto ao mais, irmãos, regozijai-vos, sede perfeitos, sede consolados, sede de um mesmo parecer, vivei em paz; e o Deus de amor e de paz será convosco.” (2 Coríntios 13:11).

O fato é que diante de padrão tão perfeito, descobrimos nossa limitação, mas é esta palavra perfeita e poderosa, que não há de passar, a única que pode nos ajudar a caminhar na vida com Deus, lembrando de um antigo cântico que dizia: “sempre melhorando, sempre melhorando, sempre melhorando no Senhor”, medite no que está escrito em 2 Timóteo 3:16,17:  “Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça, para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra.” (2 Timóteo 3:16,17).

O fato é que “o caminho de Deus é perfeito; a palavra do Senhor é provada; é um escudo para todos os que nele confiam.” (Salmo 18:30). E também a realidade é que “toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação.” (Tiago 1:17). E como o autor do salmo 119, que em 176 versículos enfatiza a superioridade e a sublimidade da Palavra de Deus, importa que nos apeguemos mais e mais, com toda diligência, ao desafio de obedecer ao que está escrito: “crescei na graça e conhecimento de nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo. A ele seja dada a glória, assim agora, como no dia da eternidade. Amém.” (2 Pedro 3:18). Deus deseja nos abençoar com esta dádiva!

Lembremo-nos que no dia que se chama hoje, temos que atender a esta orientação: “que andeis como é digno da vocação com que fostes chamados, com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor, procurando guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz. Há um só corpo e um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação; um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos e em todos vós. Mas a graça foi dada a cada um de nós segundo a medida do dom de Cristo.” (Efésios 4:1-7).

O nosso Salvador e Senhor, Jesus Cristo, deseja nosso crescimento na vida de piedade e por isso lemos que “ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo; até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo, para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente. Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, do qual todo o corpo, bem ajustado, e ligado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa operação de cada parte, faz o aumento do corpo, para sua edificação em amor.” (Efésios 4:11-16). Que preciosidade a igreja caminhando neste padrão!

E temos a nos instruir, o Espírito Santo de Deus, o Consolador, o Espírito de Cristo, que é como um holofote que joga toda a luz na pessoa de Jesus Cristo. Medite neste texto: Ora, o Senhor é o Espírito; e onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade. Mas todos nós, com rosto descoberto, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor.” (2 Coríntios 3:17,18). Trata-se de uma transformação contínua.

O fato é que, temos que concordar com o salmista: “Tenho visto que toda perfeição tem o seu limite; mas o teu mandamento é ilimitado.” (Salmo 119:96). Que alvo de vida poderia ser mais impactante e desafiador do que este: ser parecido com Jesus! Um alvo assim ultrapassa a barreira do tempo. Nestes tão poucos e curtos anos que vivemos, não vale a pena qualquer outro objetivo, se não este: ser parecido com Jesus!

PARECIDO COM CRISTO

Nunca, nunca, o coração com amargura;
Nem os olhos contemplando coisa impura;
Não estar, jamais, com meus dedos manchados;
Nem pisar onde o Senhor é profanado;

O ouvido pra o que é justo estar aberto;
E a língua livre apenas pra o que é certo.
Da presença do Senhor ser consciente,
E por isso, em cada instante, estar contente.

Deste mundo estou, em Cristo, separado,
Não pretendo ser ao mundo conformado;
Mas a Cristo, o Senhor, o Rei da Glória,

Que domina sobre tudo e sobre a história,
Que desceu ao mundo pra me ver remido,
Sim, com Cristo, quero ser bem parecido.

“Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” (Romanos 12:1,2)

“Por isso, retirai-vos do meio deles, separai-vos, diz o Senhor; não toqueis em coisas impuras; e eu vos receberei, serei vosso Pai, e vós sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-Poderoso.” (2 Coríntios 6:17,18)

salmo 119 – verso 94

“Sou teu; salva-me, pois eu busco os teus preceitos.” (Salmo 119:94).

Este versículo nos leva a pensar que há dois tipos de pessoas neste mundo: Aquelas que não apenas dizem, mas que, de fato e de verdade, vivem suas vidas conscientes que pertencem ao Eterno Deus, o Criador do Universo; e aquelas que não tem esta consciência e embora possam até dizer que acreditam em Deus, no fundo de suas almas, não querem o governo de Deus sobre suas vidas.

Temos mencionado diversas vezes que há uma diferença bem marcante entre o período de tempo do Antigo Testamento, que vai desde a Criação até Jesus Cristo, e o período do Novo Testamento, que vai de Cristo Jesus até “o fim dos tempos.” (Mateus 28:20).

No Período do Antigo Testamento, encontramos o crescimento da população, com uma parte significativa dos descendentes de Adão e Eva seguindo pelo caminho de Caim, um caminho de impiedade e desobediência à vontade de Deus; e uma outra parte seguindo nos passos de Sete, o descendente de Adão e Eva, que Deus deu em lugar de Abel, que Caim matou. E lemos que “a Sete nasceu-lhe também um filho, ao qual pôs o nome de Enos. Foi nesse tempo que se começou a invocar o nome do Senhor.” (Gênesis 4:25,26).  É na família de Sete que encontraremos Enoque e Noé, que juntamente com Abel fazem parte daqueles que andaram obedientemente com Deus, como lemos no capítulo onze de Hebreus.

E a grande tragédia é que “o Senhor viu que a maldade das pessoas havia se multiplicado na terra e que todo desígnio do coração delas era continuamente mau.” (Gênesis 6:5). Neste período vivia Noé que “era homem justo e íntegro entre os seus contemporâneos; Noé andava com Deus.” (Gênesis 6:9). E lemos que “Deus disse a Noé: Resolvi acabar com todos os seres humanos, porque a terra está cheia de violência por causa deles.” (Gênesis 6:13). E veio o dilúvio, salvando-se apenas Noé, sua esposa, seus três filhos e as esposas de seus filhos.

Após o dilúvio, foi crescendo a população e sendo formadas as nações, crescendo também, novamente, a atitude pecaminosa e desobediente e rebelde das pessoas, que optaram por fazer um cidade e uma torre muito alta, criando um nome para si mesmos, ao invés de se esparramarem pela terra como Deus havia ordenado.

Há, então, o fato da Torre de Babel, onde uma mudança muito significativa, provocada pela confusão das línguas, obrigou a todos a se espalharem. E o marcante, neste contexto, foi a formação de um povo especifico para ser chamado de povo de Deus, a nação de Israel. Todo o contexto da formação de Israel era para trazer, desta nação, o Salvador de toda a humanidade.

Moisés, da parte do Senhor, deixou muito claro o lugar na nação de Israel, no meio das demais nações: “Porque vocês são povo santo para o Senhor, seu Deus. O Senhor, seu Deus, os escolheu, para que, de todos os povos que há sobre a terra, vocês fossem o seu povo próprio. O Senhor os amou e os escolheu, não porque vocês eram mais numerosos do que outros povos, pois vocês eram o menor de todos os povos. Mas porque o Senhor os amava e, para cumprir o juramento que tinha feito aos pais de vocês, o Senhor os tirou com mão poderosa e os resgatou da casa da servidão, do poder de Faraó, rei do Egito. Portanto, saibam que o Senhor, seu Deus, é Deus; ele é o Deus fiel, que guarda a aliança e a misericórdia até mil gerações aos que o amam e cumprem os seus mandamentos.” (Deuteronômio 7:6-9).

Por serem possessão de Deus, tinham que atender às ordens do seu dono, como por exemplo lemos: Vocês são filhos do Senhor, seu Deus. Não façam cortes em seu corpo, nem rapem a parte da frente da cabeça por causa de algum morto. Porque vocês são povo santo ao Senhor, seu Deus, e o Senhor os escolheu de todos os povos que há sobre a face da terra, para lhe serem o seu povo próprio. Não comam coisa alguma abominável.” (Deuteronômio 14:1-3).

O salmista, ao dizer: “Sou teu; salva-me, pois eu busco os teus preceitos.” (Salmo 119:94) admite esta realidade, que infelizmente, nem sempre a nação de Israel, como um todo admitiu, pelo contrário, desobedeceram e procuraram seguir seus próprios caminhos.

Pensando nas pessoas que viveram neste período no Antigo Testamento, o fato é que muitas delas disseram: “Sou teu; salva-me, pois eu busco os teus preceitos.” (Salmo 119:94). Como isso foi possível? Lemos que “pela fé, os antigos obtiveram bom testemunho.” (Hebreus 11:2).

Deus, de uma maneira que só Ele sabe e pode fazer, sempre reserva para Si os que Ele mesmo quer. Paulo registra o sentimento do profeta Elias sentindo-se absolutamente só em sua época, período de grande apostasia, quando diante de Deus diz: “Senhor, mataram os teus profetas, derrubaram os teus altares. Sou o único que sobrou, e procuram tirar-me a vida. Mas qual foi a resposta divina? Foi esta: Reservei para mim sete mil homens que não dobraram os joelhos diante de Baal.” (Romanos 11:3,4).

No Período do Novo Testamento, com a vinda de Jesus Cristo, Sua Encarnação, Sua Expiação, Sua Ressurreição, Sua Ascenção, Sua Glorificação e em seguida com o envio do Espírito Santo, no Dia de Pentecoste, um novo povo está sendo formado, todos quantos independentemente de serem do Israel ou de qualquer outra nação, por se arrependerem e crerem em Jesus Cristo, se tornam novas criaturas.

É para os membros deste povo, a Igreja, que pertence a Deus, que foram dirigidas estas palavras “Portanto, se vocês comem, ou bebem ou fazem qualquer outra coisa, façam tudo para a glória de Deus. Não se tornem motivo de tropeço nem para judeus, nem para gentios, nem para a igreja de Deus” (1 Coríntios 10:31,32).

E os que hoje fazem parte do povo de Deus, da mesma forma que Israel, não têm motivo algum para se vangloriar, pois esta é a verdade: “Irmãos, considerem a vocação de vocês. Não foram chamados muitos sábios segundo a carne, nem muitos poderosos, nem muitos de nobre nascimento. Pelo contrário, Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes. E Deus escolheu as coisas humildes do mundo, e as desprezadas, e aquelas que não são, para reduzir a nada as que são, a fim de que ninguém se glorie na presença de Deus.” (1 Coríntios 1:26-29).

Os que hoje são de Deus, estão “sabendo que não foi mediante coisas perecíveis, como prata ou ouro, que foram resgatados da vida inútil que” receberam por herança de seus próprios pais, mas foram comprados “pelo precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro sem defeito e sem mácula.” (1 Pedro 1:18,19).

Um fato interessante, sobre a vida de Martinho Lutero, é sua busca quase que desesperada para encontrar a paz, o perdão e a salvação, na prática de muitas orações, penitências, jejuns, etc. Houve um padre, Johann von Staupitz, que após ouvir suas confissões angustiantes, o desafiou à leitura cuidadosa da Bíblia. Lutero iniciou pelos Salmos, tendo ficado maravilhado com o Salmo 119. Quando chegou ao versículo 94, este foi um divisor de águas em sua vida: “Sou teu; salva-me, pois eu busco os teus preceitos.” Foi aí que tudo mudou, pois esse foi o grito de sua alma aflita, e esta sua oração foi respondida por Deus. Ele foi salvo e usado poderosamente, como reformador da igreja.

A realidade é que depois da primeira vinda de Cristo, todos quantos se arrependem de seus pecados e creem em Cristo, são nascidos de novo, “são geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamar as virtudes daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz.” E como nos diz Pedro: “Antes, vocês nem eram povo, mas agora são povo de Deus; antes, não tinham alcançado misericórdia, mas agora alcançaram misericórdia.” (1 Pedro 2:9,10).

Todos os crentes podem, então dizer como o salmista: “Sou teu!” Sim, sabem que são do Senhor, porque foram comprados pelo sangue precioso de Cristo, foram regenerados pelo Espírito Santo e foram colocados como membros do Corpo de Cristo.

Como então entender esta outra parte do versículo: “Salva-me”? Já não estamos salvos? O desafio é que entendamos este: “Salva-me!” no contexto da santificação, e nos coloquemos totalmente nas mãos do Senhor, deixando que Ele atue em nós pelo Seu Espirito Santo, para que proclamemos as virtudes daquele que nos chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz, e busquemos atender aos preceitos do Senhor:

  • 1 Pedro 2:11,12 – “Amados, peço a vocês, como peregrinos e forasteiros que são, que se abstenham das paixões carnais, que fazem guerra contra a alma, tendo conduta exemplar”.
  • Efésios 1:3,4 – “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestiais em Cristo. Antes da fundação do mundo, Deus nos escolheu, nele, para sermos santos e irrepreensíveis diante dele.”
  • 1 Coríntios 6:19,20 – “Será que vocês não sabem que o corpo de vocês é santuário do Espírito Santo, que está em vocês e que vocês receberam de Deus, e que vocês não pertencem a vocês mesmos? Porque vocês foram comprados por preço. Agora, pois, glorifiquem a Deus no corpo de vocês.”
  • 1 Coríntios 10:31,32 – “Portanto, se vocês comem, ou bebem ou fazem qualquer outra coisa, façam tudo para a glória de Deus. Não se tornem motivo de tropeço nem para judeus, nem para gentios, nem para a igreja de Deus”.

Voltando a imagem do periscópio, tão parecido com a letra “LAMED”, que nos traz o desafio de estudar e ter um coração sábio, como estamos vendo nesta série de oito versículos iniciados com esta letra do alfabeto hebraico, lembremos que um coração sábio é um coração cujo dono é o SENHOR. É um coração de todos quantos podem dizer: “Sou teu; salva-me, pois eu busco os teus preceitos.” (Salmo 119:94).

A IMPORTÂNCIA DE PERTENCER A CRISTO

Eu sou de Cristo e este é o motivo,
Para viver em santa integridade;
Que tudo passe sempre pelo crivo,
Da nossa eterna e doce amizade.

Não posso mais brincar com o pecado,
Que fez Jesus sofrer por mim na cruz.
Desejo ver seu nome sempre honrado,
Mostrando ser, no mundo, sal e luz.

Sou membro de Seu corpo, a santa Igreja,
Esposa que ao esposo é submissa,
Que alegre O serve onde quer que esteja

Não presa a rituais, cultos e missas.
Por onde eu passe todos sintam isto:
Que há em mim o perfume de Cristo.

salmo 119 – verso 61

Laços de perversos me cercam, mas não me esqueço da tua lei.” (Salmo 119:61).

Estamos considerando este bloco de 8 versículos (Salmo 119:57-64), que iniciam, no hebraico, com a oitava letra “Chet” ou “Heth”, como que expressando uma vida devotada ao Senhor, com amor para com Ele e Sua Palavra. O salmista inicia dizendo: “O Senhor é a minha porção” (57). Continua se apresentando diante do Senhor “de todo o coração” (58). Ele analisa seus caminhos e volta os seus passos para o caminho da Palavra do Senhor (59), e faz isso diligentemente, sem demora, sem procrastinação (60). E o que lhe acontece?

O verso 61 mostra o que tem acontecido em toda história, desde o início – o justo sempre é perseguido, e muitas vezes por pessoas que são religiosas. Certa ocasião num confronto com fariseus e interpretes da lei, Jesus assim falou: “Por isso, também disse a sabedoria de Deus: ‘Mandarei para eles profetas e apóstolos, e a alguns deles matarão e a outros perseguirão’, para que desta geração se peçam contas do sangue dos profetas, derramado desde a fundação do mundo, desde o sangue de Abel até o sangue de Zacarias, que foi assassinado entre o altar e o santuário. Sim, eu afirmo a vocês que se pedirão contas a esta geração.” (Lucas 11:49-51).

Jesus nomeou Abel como o pioneiro deste grupo de servos de Deus que, desde a fundação do mundo” até hoje tem sido alvo dos laços de perversos. Ele é também o primeiro mencionado no capítulo 11 da carta aos Hebreus, onde encontramos uma lista de muitos outros como ele. E lemos sobre ele o seguinte: “Pela fé, Abel ofereceu a Deus um sacrifício mais excelente do que Caim, pelo qual obteve testemunho de ser justo, tendo a aprovação de Deus quanto às suas ofertas. Por meio da fé, mesmo depois de morto, ainda fala.” (Hebreus 11:4). Observe bem que unicamente por ter oferecido um sacrifício no qual havia sangue derramado, ele obteve testemunho de ser justo.

A marca dos justos é exatamente esta: não que eles sejam justos em si e por si mesmos, mas porque cientes que o castigo pelo seu próprio pecado é a morte, confiam na provisão estabelecida por Deus, de terem um substituto inocente, sem pecado, que pague com a sua morte em seu próprio lugar. Esta verdade é inexorável: “Sem derramamento de sangue não há remissão.” (Hebreus 9:22).

E lemos e aprendemos sobre Caim, pessoa também que procurou aproximar-se de Deus, mostrando-se portanto “religioso”, mas não confiando na provisão estabelecida por Deus. Caim considerou que fazendo o melhor que podia, sentia e sabia fazer, isso seria mais do que suficiente para agradar a Deus. No entanto, por que razão ele matou ao seu irmão Abel? O apóstolo João deixou isto muito claro ao escrever: “Não sejamos como Caim, que era do Maligno e matou o seu irmão. E por que o matou? Porque as suas obras eram más, e as de seu irmão eram justas. Irmãos, não se admirem se o mundo odeia vocês.” (1 João 3:12,13).

Há uma história de perseguição e poderíamos mencionar as lutas e angústias experimentadas por homens como José, Moisés, Davi, Elias, Jeremias, Daniel, e tantos outros. Uma relação de homens e mulheres “os quais, por meio da fé, conquistaram reinos, praticaram a justiça, obtiveram promessas, fecharam a boca de leões, extinguiram a violência do fogo, escaparam de ser mortos à espada, da fraqueza tiraram força, fizeram-se poderosos na guerra, puseram em fuga exércitos estrangeiros. Mulheres receberam, pela ressurreição, os seus mortos. Alguns foram torturados, não aceitando seu resgate, para obterem superior ressurreição; outros, por sua vez, passaram pela prova de zombarias e açoites, sim, até de algemas e prisões. Foram apedrejados, serrados ao meio, mortos ao fio da espada. Andaram como peregrinos, vestidos de peles de ovelhas e de cabras; passaram por necessidades, foram afligidos e maltratados. O mundo não era digno deles. Andaram errantes pelos desertos, pelos montes, pelas covas, pelos antros da terra.” (Hebreus 11:33-38).

O salmista está incluído entre estes, enfrentando difamação, hostilidade, perseguição. Davi, chamado de o “suave salmista de Israel” (2 Samuel 23:1), sobre quem temos, da parte do Senhor o seguinte testemunho: “Achei Davi, filho de Jessé, homem segundo o meu coração, que fará toda a minha vontade” (Atos 13:22), enfrentou anos de intensa hostilidade e perseguição. Num dos seus salmos, que sem nenhuma dúvida expressa o sentimento e o pensamento do salmista neste Salmo 119:61, Davi assim escreveu: “Ouve, ó Deus, a minha voz na minha queixa; preserva a minha vida do terror do inimigo. Esconde-me da conspiração dos malfeitores e do tumulto dos que praticam a iniquidade. Eles afiam a língua como espada e apontam, quais flechas, palavras amargas, para, às escondidas, atingirem o íntegro; contra ele disparam repentinamente e não temem. Teimam no mau propósito; falam em secretamente armar ciladas, e dizem: ‘Quem nos verá?’ Planejam iniquidades e dizem: ‘O plano que fizemos é perfeito!’ Os pensamentos e o coração de cada um deles são um abismo. Mas Deus atira contra eles uma flecha; de repente, ficarão feridos. Assim, serão levados a tropeçar; a própria língua se voltará contra eles; todos os que os veem balançam a cabeça. Todas as pessoas temerão, e anunciarão as obras de Deus, e entenderão o que ele faz. O justo se alegra no Senhor e nele confia; e se gloriam todos os retos de coração.” (Salmos 64:1-10).

É impressionante conhecer também um pouco do profeta Jeremias, que sendo chamado por Deus ouviu estas palavras: “Pronunciarei as minhas sentenças contra os moradores dessas cidades, por causa de toda a maldade deles; pois me abandonaram, queimaram incenso a deuses estranhos e adoraram as obras das suas próprias mãos. Você, Jeremias, prepare-se e vá dizer-lhes tudo o que eu ordenar a você. Não se assuste por causa deles, para que eu não tenha de fazer com que você fique assustado na presença deles. Quanto a mim, eis que hoje ponho você por cidade fortificada, por coluna de ferro e por muralha de bronze, contra todo o país, contra os reis de Judá, contra as suas autoridades, contra os seus sacerdotes e contra o seu povo. Eles lutarão contra você, mas não conseguirão derrotá-lo; porque eu estou com você para livrá-lo, diz o Senhor.” (Jeremias 1:16-19). Jeremias sabia, como Deus mesmo lhe falou, que haveria de enfrentar difamação, hostilidade e perseguição. E fazendo um breve resumo de sua história o que descobrimos?

  • Jeremias 11:18-21 – NÃO QUERIAM OUVÍ-LO (Não queriam ouvir a Palavra de Deus da qual ele era o porta-voz) “O Senhor me contou e eu fiquei sabendo; tu me mostraste o que eles estavam planejando. Eu era como um cordeiro manso, que é levado ao matadouro. Eu não sabia que tramavam contra mim, dizendo: ‘Vamos destruir a árvore com seu fruto. Vamos cortá-lo da terra dos viventes, para que ninguém mais lembre do nome dele.’ Mas, ó Senhor dos Exércitos, justo Juiz, que provas o mais íntimo do coração, permite que eu veja a tua vingança contra eles, pois te confiei a minha causa. Portanto, assim diz o Senhor a respeito dos homens de Anatote que querem me ver morto e dizem: Não profetize em nome do Senhor, para que não o matemos.
  • Jeremias 19:14,15; 20:1,2 – FOI AÇOITADO E PRESO NO TRONCO SIMPLESMENTE POR ANUNCIAR A MENSAGEM DE DEUS – “Jeremias voltou de Tofete, lugar para onde o Senhor o tinha enviado para profetizar, pôs-se em pé no átrio da Casa do Senhor e disse a todo o povo: Assim diz o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel: ‘Eis que trarei sobre esta cidade e sobre todos os povoados vizinhos todas as calamidades que pronunciei contra ela, porque foram teimosos e não deram ouvidos às minhas palavras.’ Pasur, filho do sacerdote Imer, que era superintendente da Casa do Senhor, ouviu Jeremias profetizando estas coisas e por isso mandou que o profeta fosse açoitado e preso no tronco que ficava junto ao portão superior de Benjamim, na Casa do Senhor.”
  • Jeremias 20:7-10 – SEUS PRÓPRIOS AMIGOS ÍNTIMOS ESPERAVAM QUE ELE TROPEÇASSE – “Tu me persuadiste, Senhor, e eu fui persuadido. Foste mais forte do que eu e prevaleceste. Sou motivo de riso o dia inteiro; todos zombam de mim. Porque, sempre que falo, tenho de gritar e clamar: “Violência e destruição!” Por causa da palavra do Senhor, sou objeto de deboche e de zombaria o tempo todo. Quando pensei: ‘Não me lembrarei dele e não falarei mais em seu nome’, então isso se tornou em meu coração como um fogo, encerrado nos meus ossos. Estou cansado de sofrer e não posso mais. Porque ouvi a murmuração de muitos: ‘Há terror por todos os lados! Denunciem, e nós o denunciaremos!’ Todos os meus amigos íntimos esperam que eu tropece e dizem: ‘Talvez ele se deixe persuadir; então nós o venceremos e dele nos vingaremos.’”
  • Jeremias 37:15,16 – AÇOITADO E APRISIONADO NO CALABOUÇO – “As autoridades, iradas contra Jeremias, açoitaram-no e o prenderam na casa de Jônatas, o escrivão. Essa casa tinha sido transformada em prisão. Assim, Jeremias foi levado às celas do calabouço, onde ficou por muitos dias.”
  • Jeremias 38:3-6 – COLOCADO NUMA CISTERNA CHEIA DE LAMA – “Assim diz o Senhor: ‘Esta cidade infalivelmente será entregue nas mãos do exército do rei da Babilônia, e este a tomará.’ Então as autoridades disseram ao rei:  Este homem tem de ser morto, porque, dizendo essas palavras, desfalece as mãos dos homens de guerra que restam nesta cidade e as mãos de todo o povo. Este homem não procura o bem-estar do povo, e sim o mal. O rei Zedequias respondeu: Eis que ele está nas mãos de vocês, pois o rei nada pode fazer contra vocês. Então eles pegaram Jeremias e o lançaram na cisterna de Malquias, filho do rei, que ficava no pátio da guarda. Desceram Jeremias com cordas. Na cisterna não havia água, apenas lama; e Jeremias se atolou na lama.”

O fato é que, a força violenta de toda a oposição perversa era, tão somente, porque ele transmitia a Palavra de Deus. Ele não se esquecia da Palavra de Deus. Ele praticava a Palavra de Deus. Estes laços de perversos que o cercavam, como também acontecia com o salmista, no entanto, não eram mais fortes do que o amor ao Senhor e à sua Palavra: “Laços de perversos me cercam, mas não me esqueço da tua lei.” (Salmo 119:61).

Sem dúvida, a principal pessoa, a quem estas palavras se aplicam é a pessoa do Senhor Jesus Cristo. Ele é o maior exemplo, pois sendo ungido com o Espírito Santo e poder “andou por toda parte, fazendo o bem e curando todos os oprimidos do diabo, porque Deus estava com ele.” (Atos 10:38). E o que aconteceu com ele? Como foi ele tratado? Sem entrar nos detalhes do cruel tratamento que ele recebeu até ser finalmente pregado na cruz, perceba em três pregações do apóstolo Pedro, quem de fato O odiava:

  • Atos 2:21-23 – “E acontecerá que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.” Israelitas, escutem o que vou dizer: Jesus, o Nazareno, homem aprovado por Deus diante de vocês com milagres, prodígios e sinais, os quais o próprio Deus realizou entre vocês por meio dele, como vocês mesmos sabem, a este, conforme o plano determinado e a presciência de Deus, VOCÊS mataram, crucificando-o por meio de homens maus. Porém Deus o ressuscitou, livrando-o da agonia da morte, porque não era possível que fosse retido por ela.”
  • Atos 3:13-15 – “O Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó, o Deus dos nossos pais, glorificou o seu Servo Jesus, a quem vocês traíram e negaram diante de Pilatos, quando este já havia decidido soltá-lo. Vocês negaram o Santo e o Justo e pediram que fosse solto um assassino. Vocês mataram o Autor da vida, a quem Deus ressuscitou dentre os mortos, do que nós somos testemunhas.”
  • Atos 4:25-28 – “Disseste por meio do Espírito Santo, por boca de Davi, nosso pai, teu servo: “Por que se enfureceram os gentios, e os povos imaginaram coisas vãs? Os reis da terra se levantaram, e as autoridades se juntaram contra o Senhor e contra o seu Ungido.” Porque de fato, nesta cidade, HERODES E PÔNCIO PILATOS, COM GENTIOS E GENTE DE ISRAEL, se juntaram contra o teu santo Servo Jesus, a quem ungiste, para fazerem tudo o que a tua mão e o teu propósito predeterminaram.”

Jesus falou “do sangue dos profetas, derramado desde a fundação do mundo, desde o sangue de Abel até o sangue de Zacarias” (Lucas 11:50,51), e esta história continua, desde João Batista, que teve sua cabeça cortada, até aqueles que haverão de completar o número dos que serão mortos por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho que darão, como ficamos sabendo na leitura de Apocalipse 6:9-11: “…Vi, debaixo do altar, as almas daqueles que tinham sido mortos por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho que deram. Clamaram com voz forte, dizendo:  Até quando, ó Soberano Senhor, santo e verdadeiro, não julgas, nem vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra? Então a cada um deles foi dada uma veste branca, e lhes foi pedido que repousassem ainda por pouco tempo, até que também se completasse o número dos seus conservos e seus irmãos que iam ser mortos como eles tinham sido.”

Jesus fez uma declaração categórica em João 15:18,19: “Se o mundo odeia vocês, saibam que, antes de odiar vocês, odiou a mim. Se vocês fossem do mundo, o mundo amaria o que era seu; mas vocês não são do mundo — pelo contrário, eu dele os escolhi — e, por isso, o mundo odeia vocês.” O apóstolo Paulo que experimentou incontáveis sofrimentos e perseguições também foi categórico quando disse: “Na verdade, todos os que querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos.” (2 Timóteo 3:12).

Um destaque precisa ser feito. Todos quantos tem sido hostilizados, zombados e perseguidos, o são única e exclusivamente pelo fato de serem “justos”. Eles não se consideram melhores do que os outros, pelo contrário, são simplesmente conscientes que foram comprados e lavados pelo sangue de Cristo, e que, sendo agora povo de propriedade exclusiva de Deus, andam e vivem neste mundo “a fim de proclamar as virtudes daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz.” (1 Pedro 2:9).

Eles são perseguidos, não porque defendem esta ou aquela causa, ou porque fizeram alguma coisa errada, ou por alguma prática fanática. O apóstolo Pedro deu estar preciosa orientação: “Se são insultados por causa do nome de Cristo, vocês são bem-aventurados, porque o Espírito da glória, que é o Espírito de Deus, repousa sobre vocês. Que nenhum de vocês sofra como assassino, ou ladrão, ou malfeitor, ou como quem se mete na vida dos outros. Mas, se sofrer como cristão, não se envergonhe; pelo contrário, glorifique a Deus por causa disso.” (1 Pedro 4:14-16).

Não temos nada com que nos meter na vida dos outros. Temos que ter sabedoria para atender ao ensino de Jesus: “Eis que eu os envio como ovelhas para o meio de lobos. Portanto, sejam prudentes como as serpentes e simples como as pombas. Tenham cuidado com os homens, porque eles os entregarão aos tribunais e os açoitarão nas suas sinagogas. Por minha causa vocês serão levados à presença de governadores e de reis, para lhes servir de testemunho, a eles e aos gentios. E, quando entregarem vocês, não se preocupem quanto a como ou o que irão falar, porque, naquela hora, lhes será concedido o que vocês dirão. Afinal, não são vocês que estão falando, mas o Espírito do Pai de vocês é quem fala por meio de vocês.” (Mateus 10:16-20).

Vivemos dias de grande perseguição, em várias partes do mundo, mas é preciso entender que nem sempre a perseguição é por causa de um andar e viver como Jesus andou e viveu, e sim porque se defende ideias e princípios motivados por assuntos econômicos, sociais, políticos etc. Nossa postura deve ser sempre a de demostrar em nossas vidas o fruto do Espírito Santo, com suas nove qualidades, ou seja: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há lei.” (Gálatas 5:22,23). Percebe como termina este versículo? Contra estas coisas não há lei!

Finalmente, em toda a história, a maior parte das vezes, as perseguições, hostilidades, prisões e mortes ocorreram pelos lábios e pelas mãos dos que se autodeclaravam religiosos. Você já reparou nisso? Não vieram de pessoas de fora, mas de dentro. Que enquanto caminhamos neste mundo, confessando que somos estrangeiros e peregrinos na terra, “porque os que falam desse modo manifestam estar procurando uma pátria. E, se, na verdade, se lembrassem daquela de onde saíram, teriam oportunidade de voltar. Mas, agora, desejam uma pátria superior, isto é, celestial. Por isso, Deus não se envergonha deles, de ser chamado o seu Deus, porque lhes preparou uma cidade” (Hebreus 11:13-16) andemos como Cristo andou e falemos como o salmista: “Laços de perversos me cercam, mas não me esqueço da tua lei.” (Salmo 119:61).

salmo 119 – verso 42

“Então saberei responder aos que me insultam, pois confio na tua palavra” (Salmo 119:42).

Este versículo está em conexão evidente com o anterior, pois a realidade de ser alvo das misericórdias e da salvação do Senhor realiza uma transformação muito forte. Todos quantos reconhecem sua vileza e pecado diante do Criador e suplicando o Seu perdão experimentam a Sua misericórdia, passam a andar no temor do Senhor, procurando conhecê-lo e agradá-lo mais e mais.

 Esta atitude provoca nas pessoas ao seu redor uma grande hostilidade, porque acham estranho ver pessoas que não se juntam a eles na prática de ações que são pecaminosas e contrárias a Deus. Para estas pessoas, alguém se afastar do mal e buscar o bem, como que lhes incomoda, pois sentem-se acusadas pela própria consciência e sua atitude, quase que inconscientemente, é zombar, ridicularizar e até prejudicar quem lhes causa este desconforto. Há alguns textos onde servos do Senhor relatam esta experiência:

  • Salmo 3:1,2 – “Senhor, como tem crescido o número dos meus adversários! São numerosos os que se levantam contra mim”.
  • Salmo 42:9-10 – “Pergunto a Deus, minha rocha: ‘Por que te esqueceste de mim? Por que hei de andar eu lamentando sob a opressão dos meus inimigos?’ Os meus ossos se esmigalham, quando os meus adversários me insultam, perguntando sem parar: ‘E o seu Deus, onde está?’ Por que você está abatida, ó minha alma? Por que se perturba dentro de mim? Espere em Deus, pois ainda o louvarei, a ele, meu auxílio e Deus meu”.
  • Salmo 102:8 – “Os meus inimigos me insultam a toda hora; furiosos contra mim, praguejam com o meu próprio nome”.

Surpreendentemente, foi o que Jesus experimentou também, ele a quem Deus ungiu com o Espírito Santo e com poder, e que “andou por toda parte, fazendo o bem e curando todos os oprimidos do diabo, porque Deus estava com ele” (Atos 10:38), foi odiado, perseguido, maltratado.

Jesus, em suas últimas instruções dadas aos seus discípulos, um pouco antes de sua prisão e crucificação, falou-lhes: ‘Se o mundo odeia vocês, saibam que, antes de odiar vocês, odiou a mim. Se vocês fossem do mundo, o mundo amaria o que era seu; mas vocês não são do mundo — pelo contrário, eu dele os escolhi — e, por isso, o mundo odeia vocês. Lembrem-se da palavra que eu disse a vocês: ‘O servo não é maior do que seu senhor.’ Se perseguiram a mim, também perseguirão vocês; se guardaram a minha palavra, também guardarão a de vocês. Tudo isso, porém, farão com vocês por causa do meu nome, porque não conhecem aquele que me enviou. Se eu não tivesse vindo e lhes falado, eles não teriam nenhum pecado; mas, agora, não têm desculpa do seu pecado. Quem odeia a mim odeia também o meu Pai. Se eu não tivesse feito entre eles as obras que nenhum outro fez, eles não teriam nenhum pecado; mas, agora, não somente viram como também odiaram tanto a mim como o meu Pai. Isso, porém, é para que se cumpra a palavra escrita na Lei deles: ‘Odiaram-me sem motivo’” (João 15:18-25).

Esta realidade foi muito bem colocada pelo apóstolo Paulo: “Na verdade, todos os que querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos” (2 Timóteo 3:12)

 O salmista afirma ser insultado, maltratado, xingado, desconsiderado, no entanto está desejoso de saber responder a estas pessoas, porque confia no Senhor. Saber responder quando há calúnia e o próprio nome de Deus está sendo blasfemado é um desafio imenso que exige do servo de Deus uma confiança plena na Sua Palavra, tendo uma atitude interna de humildade e compaixão para com os detratores, e ao mesmo tempo ter sabedoria para que o argumento e palavra que será proferida esteja de acordo.

Muito importante é lembrar um fato ocorrido com os primeiros discípulos quando detidos pelas autoridades em Jerusalém, estas autoridades, desejando impedi-los de anunciar a Cristo, chegaram a seguinte conclusão: “Para que não haja maior divulgação entre o povo, vamos ameaçá-los para não falarem mais neste nome a quem quer que seja”. Em seguida chamaram os discípulos a sua presença e “ordenaram-lhes que de modo nenhum falassem nem ensinassem no nome de Jesus. Mas Pedro e João responderam: — Os senhores mesmos julguem se é justo diante de Deus ouvirmos antes aos senhores do que a Deus; pois nós não podemos deixar de falar das coisas que vimos e ouvimos” (Atos 4:17-20). Que resposta surpreendente! Uma resposta que revela a seguinte realidade: Todo aquele que confiou em Deus e experimentou as Suas misericórdias e a Sua salvação, não são capazes de não falar deste tão Grande Salvador e desta tão Grande Salvação. “Porque a boca fala do que está cheio o coração” (Mateus 12:34).

“Então saberei responder aos que me insultam, pois confio na tua palavra” (Salmo 119:42).

A atitude dos discípulos de Jesus, após terem sido soltos pelas autoridades, foi a de se reunirem e orarem: “Agora, Senhor, olha para as ameaças deles e concede aos teus servos que anunciem a tua palavra com toda a ousadia” (Atos 4:29).

É bom observar o que pensaram estas autoridades ao ouvirem a mensagem de Pedro: “Este Jesus é a pedra que vocês, os construtores, rejeitaram, mas ele veio a ser a pedra angular. E não há salvação em nenhum outro, porque debaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos. Ao verem a ousadia de Pedro e João, sabendo que eram homens iletrados e incultos, ficaram admirados; e reconheceram que eles haviam estado com Jesus” (Atos 4:11-13). Que maravilha, ver homens iletrados e incultos pregando desta maneira!

Este texto nos lembra que Jesus há havia ensinado que enviaria seus discípulos como ovelhas para o meio de lobos, e deu-lhes estas instruções: “Portanto, sejam prudentes como as serpentes e simples como as pombas. Tenham cuidado com os homens, porque eles os entregarão aos tribunais e os açoitarão nas suas sinagogas. Por minha causa vocês serão levados à presença de governadores e de reis, para lhes servir de testemunho, a eles e aos gentios. E, quando entregarem vocês, não se preocupem quanto a como ou o que irão falar, porque, naquela hora, lhes será concedido o que vocês dirão. Afinal, não são vocês que estão falando, mas o Espírito do Pai de vocês é quem fala por meio de você” Mateus 10:17-20).

Pedro estava entre estes discípulos, e havia experimentado pessoalmente, na ocasião em que Jesus fora preso para ser condenado, o que significa negar a Cristo quando se está rodeado de blasfemadores. Todos os discípulos também se acovardaram e se esconderam. No entanto, após o dia de Pentecoste, com a vinda do Espírito Santo que os revestiu de poder, mostravam santa ousadia para testemunhar de Cristo. E Pedro deixou estas preciosas orientações que devemos atender: “Ora, quem há de maltratá-los, se vocês forem zelosos na prática do bem? Mas, mesmo que venham a sofrer por causa da justiça, vocês são bem-aventurados. Não tenham medo das ameaças, nem fiquem angustiados; pelo contrário, santifiquem a Cristo, como Senhor, no seu coração, estando sempre preparados para responder a todo aquele que pedir razão da esperança que vocês têm. Mas façam isso com mansidão e temor, com boa consciência, de modo que, naquilo em que falam mal de vocês, fiquem envergonhados esses que difamam a boa conduta que vocês têm em Cristo. Porque, se for da vontade de Deus, é melhor que vocês sofram por praticarem o bem do que praticando o mal” (1 Pedro 3:13-17).

Este é o desafio: santificar a Cristo, somo Senhor, no coração e estar sempre preparado para responder a todo aquele que pedir a razão da esperança que temos no Senhor. Isto implica em:

  1. Ter consciência de ter sido regenerado “mediante a semente incorruptível, a palavra de Deus, a qual vive e é permanente” (1 Pedro1:23). Esta é a experiência do novo nascimento, do tornar-se uma nova criatura como lemos em 2 Coríntios 5:17: “E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas”.
  2. Ter consciência de sua necessidade espiritual atendendo a exortação clara da Palavra de Deus: “Abandonem toda maldade, todo engano, hipocrisia e inveja, bem como todo tipo de maledicência. Como crianças recém-nascidas, desejem o genuíno leite espiritual, para que, por ele, lhes seja dado crescimento para a salvação, se é que vocês já têm a experiência de que o Senhor é bondoso” (2 Pedro 2:1-3).
  3. Ter consciência de adorador de Deus “chegando-se a ele (Jesus Cristo), a pedra que vive, rejeitada, sim, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa, também vocês, como pedras que vivem, são edificados casa espiritual para serem sacerdócio santo, a fim de oferecerem sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por meio de Jesus Cristo” (2 Pedro 2:4,5).
  4. Ter consciência de pertencer ao povo de propriedade exclusiva de Deus, “a fim de proclamar as virtudes daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz.  Antes, vocês nem eram povo, mas agora são povo de Deus; antes, não tinham alcançado misericórdia, mas agora alcançaram misericórdia” (1 Pedro 2:9,10).
  5. Ter consciência de peregrino e forasteiro neste mundo, e assim, se abster “das paixões carnais, que fazem guerra contra a alma tendo conduta exemplar no meio dos gentios, para que, quando eles os acusarem de malfeitores, observando as boas obras que vocês praticam, glorifiquem a Deus no dia da visitação. Por causa do Senhor, estejam sujeitos a toda instituição humana, quer seja ao rei, como soberano, quer seja às autoridades, como enviadas por ele, tanto para castigo dos malfeitores como para louvor dos que praticam o bem. Porque assim é a vontade de Deus, que, pela prática do bem, vocês silenciem a ignorância dos insensatos. Como pessoas livres que são, não usem a liberdade como desculpa para fazer o mal; pelo contrário, vivam como servos de Deus. Tratem todos com honra, amem os irmãos na fé, temam a Deus e honrem o rei” (1 Pedro 2:11-17).
  6. Ter consciência de ter sido chamado para andar como Jesus, “pois também Cristo sofreu no lugar de vocês, deixando exemplo para que vocês sigam os seus passos. Ele não cometeu pecado, nem foi encontrado engano em sua boca. Pois ele, quando insultado, não revidava com insultos; quando maltratado, não fazia ameaças, mas se entregava àquele que julga retamente, carregando ele mesmo, em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos para os pecados, vivamos para a justiça. Pelas feridas dele vocês foram sarados. Porque vocês estavam desgarrados como ovelhas; agora, porém, se converteram ao Pastor e Bispo da alma de vocês” (1 Pedro 2:21-25).
  7. Ter consciência de que é preciso crescer no pleno conhecimento de Deus e de Jesus, nosso Senhor, sabendo e que “pelo poder de Deus nos foram concedidas todas as coisas que conduzem à vida e à piedade, pelo pleno conhecimento daquele que nos chamou para a sua própria glória e virtude. Por meio delas, ele nos concedeu as suas preciosas e mui grandes promessas, para que por elas vocês se tornem coparticipantes da natureza divina, tendo escapado da corrupção das paixões que há no mundo. Por causa disso, concentrando todos os seus esforços, acrescentem à fé que vocês têm a virtude; à virtude, o conhecimento; ao conhecimento, o domínio próprio; ao domínio próprio, a perseverança; à perseverança, a piedade; à piedade, a fraternidade; à fraternidade, o amor. Porque essas qualidades, estando presentes e aumentando cada vez mais, farão com que vocês não sejam nem inativos, nem infrutíferos no pleno conhecimento do nosso Senhor Jesus Cristo” (2 Pedro 1:2-8).

Sem nenhuma dúvida, sobre mim, e sobre todos quantos vieram as misericórdias do Senhor e a Sua salvação; tudo está também providenciado para que, como o salmista, possam dizer: “Então saberei responder aos que me insultam, pois confio na tua palavra” (Salmo 119:42).