Salmo 119 – verso 113

“Detesto a falsidade, porém amo a tua lei.” (Salmo 119:113)

Chegamos aos oito versículos do Salmo 119 (113 a 120), que iniciam com a 15ª letra do alfabeto hebraico, a letra “Samech” que corresponde a letra “S” da língua portuguesa e tem um formato fechado “ס”, lembrando uma circunferência. Este formato, muitas vezes, é usado como um símbolo do que é eterno, indicando a pessoa de Deus que não tem início nem fim, o Criador, que tendo trazido a existência o universo pelo Seu poder e Sua palavra, não só o abençoou como também mantém toda a Criação em absoluta segurança.

Um dos sentidos da letra “Samech” é exatamente o ato de erguer as mãos sobre algo com a finalidade de abençoar. Os rabinos fazem referência à Bênção Sacerdotal: “O Senhor os abençoe e os guarde; o Senhor faça resplandecer o seu rosto sobre vocês e tenha misericórdia de vocês; o Senhor sobre vocês levante o seu rosto e lhes dê a paz.” (Números 6:24-26), como a indicação perfeita do significado da letra ”Samech”, que tem o valor numérico 60, e no hebraico, esta bênção tem exatamente 60 letras.

A letra “Samech” fala também de refúgio, de fortaleza, de uma cidade forte e murada. Fala de “apoio” aos que estão fracos, aos que caem, aos que estão em depressão. As bênçãos do sacerdote são para proteção. Para que os inimigos não alcancem vantagem sobre a pessoa abençoada, evitando assim que algo ruim aconteça.

O Versículo 113: “Detesto a falsidade…” começa com a palavra “SEAFYM” que tem o sentido de “os vacilantes”,  que tem sido traduzido como “duplicidade” e “falsidade”, no texto que estamos utilizando, a Nova Edição Atualizada da SBB.

Esta tradução literal, “vacilantes” nos leva a considerar a maneira astuciosa como o diabo trabalha inserindo pensamentos, sugestões, ponderações que embora pareçam plausíveis, sempre irão questionar a veracidade da Palavra de Deus, e deixam a nossa mente “vacilante”. A tragédia incomensurável que foi a QUEDA do homem, ocasionando a entrada do PECADO no mundo, foi exatamente devido a esta dúvida introduzida, gerando desconfiança em relação à ordem dada por Deus. A falsidade foi apresentada como “verdade” e o estrago foi desmedido, com efeitos que perduram por toda a história.

Veja que o salmista afirma, como se estivesse em oração diante de Deus: “Detesto a falsidade, porém amo a tua lei.” O que faz toda a diferença é ter apego, com toda a firmeza, à Palavra de Deus. É ter amor aos preceitos do Senhor que implica exatamente em detestar a falsidade.

Lamentavelmente, são poucos e raros, em cada geração, os que amam a lei do Senhor, e há períodos na história quando a impressão que se tem é que desapareceram da face da terra os que amam ao Senhor e a Sua palavra, e então, a falsidade, a perversidade, a maldade avançam assustadoramente.

Davi expressou isso claramente no Salmo 12: “Salva-nos, Senhor ! Porque já não há quem seja piedoso; desaparecem os fiéis entre os filhos dos homens. Falam com falsidade uns aos outros, falam com lábios bajuladores e coração fingido. Que o Senhor corte todos os lábios bajuladores e a língua que fala soberbamente. Pois dizem: ‘Com a nossa língua prevaleceremos; os lábios são nossos; quem é senhor sobre nós?’ ‘Por causa da opressão dos pobres e do gemido dos necessitados, eu me levantarei agora’, diz o Senhor , ‘e porei a salvo aquele que anseia por isso.’ As palavras do Senhor são palavras puras, prata refinada em forno de barro, depurada sete vezes. Sim, Senhor , tu nos guardarás; tu nos livrarás desta geração para sempre. Os perversos andam por toda parte, quando aquilo que não presta é exaltado entre os filhos dos homens.”

Observe o contraste que há entre aqueles que falam com falsidade, com lábios bajuladores e com o coração fingido, os “vacilantes”, em relação àqueles que anseiam pelo Senhor e que amam a Sua palavra, que afirmam com toda convicção: “As palavras do Senhor são palavras puras, prata refinada em forno de barro, depurada sete vezes.”

Há um momento histórico de grande importância e significado, quando Deus levantou o profeta Elias, homem que amava ao Senhor e a Sua Palavra. A sua marca foi exatamente a da fidelidade total à Palavra do Senhor, numa época de apostasia generalizada. Elias orou e durante três anos não houve chuva sobre a terra o que ocasionou um período de fome por toda a nação. Lemos então que “no terceiro ano da seca, a palavra do Senhor veio a Elias, dizendo: Vá apresentar-se a Acabe, porque farei cair chuva sobre a terra. Então Elias foi se apresentar a Acabe. E a fome era extrema em Samaria.” (1 Reis 18:1,2).

Neste período de três anos, o rei Acabe usou de todas as estratégias que conhecia e dispunha para encontrar Elias com o fim de matá-lo e de maneira surpreendente e milagrosa, Deus preservou o seu profeta. Mas eis que Elias foi enviado ao encontro do rei Acabe e lemos que “quando Acabe viu Elias, disse: Então é você, o perturbador de Israel? Elias respondeu: Eu não tenho perturbado Israel. Quem tem perturbado Israel é você e a casa de seu pai, porque vocês abandonaram os mandamentos do Senhor e seguiram os baalins.” (1 Reis 18:17,18). A falta de amor e de obediência aos mandamentos de Deus foi a causa da tragédia sobre toda a nação e pela inclinação que todos fizeram, de seus corações, para o que era falso, para a idolatria.

Elias, orientado pelo Senhor, disse para o rei Acabe: “Agora ordene que todo o Israel venha se encontrar comigo no monte Carmelo. Convoque também os quatrocentos e cinquenta profetas de Baal e os quatrocentos profetas da deusa Aserá que são sustentados por Jezabel. Então Acabe enviou mensageiros a todos os filhos de Israel e ajuntou os profetas no monte Carmelo. Depois, Elias se aproximou de todo o povo e disse: — Até quando vocês ficarão pulando de um lado para outro? Se o Senhor é Deus, sigam-no; se é Baal, sigam-no. Porém o povo não disse uma só palavra.” (1 Reis 18:19-21). Ali estava uma nação completamente vacilante. Uma das traduções do versículo 21 diz: “Até quando coxeareis entre dois pensamentos?” E na versão usada aqui: “Até quando vocês ficarão pulando de um lado para outro?” Maldita seja esta “duplicidade”. Está atitude duvidosa. Esta falta de firmeza em confiar no Senhor e na Sua palavra.

“Samech” tem o significado de refúgio. É a Palavra de Deus o nosso refúgio. Tivessem Adão e Eva feito da Palavra do Senhor o seu refúgio outra seria a história. E ao final do Sermão da Montanha, o Senhor Jesus Cristo deixou muito evidente o perigo da duplicidade, da falsidade, quando concluiu o seu ensino afirmando categoricamente: “Nem todo o que me diz: ‘Senhor, Senhor!’ entrará no Reino dos Céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos, naquele dia, vão me dizer: ‘Senhor, Senhor, nós não profetizamos em seu nome? E em seu nome não expulsamos demônios? E em seu nome não fizemos muitos milagres?’ Então lhes direi claramente: ‘Eu nunca conheci vocês. Afastem-se de mim, vocês que praticam o mal.’ Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as pratica será comparado a um homem prudente que construiu a sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e bateram com força contra aquela casa, e ela não desabou, porque tinha sido construída sobre a rocha. E todo aquele que ouve estas minhas palavras e não as pratica será comparado a um homem insensato que construiu a sua casa sobre a areia. Caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e bateram com força contra aquela casa, e ela desabou, sendo grande a sua ruína.” (Mateus 7:21-27).

Os dias de hoje são desafiadores e devemos estar bem atentos para pessoas que fazem excelentes discursos, muito plausíveis, com uma argumentação convincente e com aparência de sabedoria, mas que introduzem o seguinte pensamento: “não é bem assim que Deus disse.” Está é a falsidade satânica, que deixa pessoas vacilantes, em dúvida, e que não conseguem firmar-se no fato que a Palavra de Deus é absolutamente verdadeira. Não há nada para ser atualizado quanto ao conteúdo da Palavra de Deus.

Muito oportuno destacar que o apóstolo Paulo fez um alerta extraordinário sobre isso ao dizer que “o aparecimento do iníquo é segundo a ação de Satanás, com todo poder, sinais e prodígios da mentira, e com todo engano de injustiça aos que estão perecendo, porque não acolheram o amor da verdade para serem salvos. É por este motivo que Deus lhes envia a operação do erro, para darem crédito à mentira, a fim de serem condenados todos os que não creram na verdade, mas tiveram prazer na injustiça.” (2 Tessalonicenses 2:9-12). Percebeu a importância do amor pela verdade, do amor pela Palavra de Deus? Percebeu que está em curso uma “operação do erro”, com pessoas dando crédito à mentira?

Mas o maravilhoso é que este texto enviado aos cristãos de Tessalônica, e também a nós hoje, não termina no verso 12, e podemos continuar a leitura que diz: “Mas devemos sempre dar graças a Deus por vocês, irmãos amados pelo Senhor, porque Deus os escolheu desde o princípio para a salvação, pela santificação do Espírito e fé na verdade. Foi para isso que também Deus os chamou mediante o nosso evangelho, para que vocês alcancem a glória de nosso Senhor Jesus Cristo. Assim, pois, irmãos, fiquem firmes e guardem as tradições que lhes foram ensinadas, seja por palavra, seja por carta nossa. Que o próprio Jesus Cristo, nosso Senhor, e Deus, o nosso Pai, que nos amou e nos deu eterna consolação e boa esperança, pela graça, console o coração de vocês e os fortaleça em toda boa obra e boa palavra.” (2 Tessalonicenses 2:13-17). Isso é realmente consolador, nestes dias difíceis em que vivemos. Que pela graça de Deus possamos dizer como o salmista: “Detesto a falsidade, porém amo a tua lei.” (Salmo 119:113).

E concluindo, como é precioso saber que o nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo tem orado ao Pai por nós assim: “Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade. Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo. E a favor deles eu me santifico, para que eles também sejam santificados na verdade. Não peço somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por meio da palavra que eles falarem, a fim de que todos sejam um. E como tu, ó Pai, estás em mim e eu em ti, também eles estejam em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste.” (João 17:17-21).

AGUARDANDO VIGILANTE O ESPOSO

Que noite longa, demorada, tão comprida,
Tão perigosa, traiçoeira, bem escura;
Vigia atento o sentinela na guarida,
Compenetrado e bem armado na postura.

Por todo lado há inimigos traiçoeiros,
As heresias se aproximam numerosas,
Pecados mostram-se, sempre alvissareiros,
São atraentes as mentiras religiosas.

Oh! Como cresce a ímpia infidelidade!
Oh! Como é forte a vil e tola idolatria!
Oh! Como é sempre desprezada a verdade!
Oh! Como aumenta e ganha força a apostasia!

Já está brilhando, ó guarda, a estrela matutina?
Que um novo dia, de esperança, sinaliza?
Que venha logo o sol que tudo ilumina,
Com toda força e de forma tão precisa;

Que afasta as trevas tão escuras deste mundo,
Que traz à Igreja do Senhor o real gozo,
Pois ama a Cristo com amor puro e profundo,
Como uma noiva esperançosa aguarda o esposo!

Gilberto Celeti

“Guarda, falta muito para acabar a noite? Guarda, falta muito?” (Isaías 21:11).

salmo 119 – verso 103

“Quão doces são as tuas palavras ao meu paladar! Mais que o mel à minha boca.” (Salmo 119:103).

O Eterno e Soberano Deus, o Criador do Universo, faz revelação de Si mesmo por meio da Sua Palavra, que o Salmo 119 descreve como: Lei, Caminho, Testemunhos, Mandamentos, Preceitos, Juízos, Justiça, Estatutos e Verdade. O salmista nos 176 versículos deste Salmo demonstra que a maior bênção que tem experimentado em sua vida, é a de conhecer o Senhor, de acordo com a Sua Palavra. A lei de Deus é para ele o tesouro mais precioso e é também o seu alimento diário. Sua alma é nutrida pelos preceitos do Senhor.

A história da saída do povo de Israel da escravidão do Egito e a caminhada, que acabou sendo de quarenta anos, rumo à Terra Prometida, deram oportunidade para manifestações inequívocas do poder de Deus, assim como da incredulidade e dureza de coração de Israel. É tocante quando estando no deserto, os israelitas tivessem dito as seguintes palavras a Moisés e Arão: “Quem nos dera tivéssemos morrido pela mão do Senhor na terra do Egito, quando estávamos sentados junto às panelas de carne e comíamos pão à vontade! Pois vocês nos trouxeram a este deserto a fim de matarem de fome toda esta multidão. Então o Senhor disse a Moisés: Eis que farei chover do céu pão para vocês, e o povo sairá e recolherá diariamente a porção para cada dia. Eu os porei à prova para ver se andam na minha lei ou não.” (Êxodo 16:3,4).

No dia seguinte, “quando o orvalho que havia caído se evaporou, na superfície do deserto restava uma coisa fina e semelhante a escamas, fina como a geada sobre a terra. Quando os filhos de Israel viram aquilo, perguntaram uns aos outros: Que é isso? Pois não sabiam o que era. Moisés respondeu: Isso é o pão que o Senhor dá a vocês para comerem.” (Êxodo 16:14,15). E lemos que “a casa de Israel deu àquele alimento o nome de maná. Ele era como semente de coentro, branco e com gosto de bolo de mel.” (Êxodo 16:31). E esta provisão de Deus foi tão extraordinária que “os filhos de Israel comeram maná durante quarenta anos, até que entraram em terra habitada. Comeram maná até que chegaram aos limites da terra de Canaã.” (Êxodo 16:35).

Quando o salmista, fala com Deus nesta oração: “Quão doces são as tuas palavras ao meu paladar! Mais que o mel à minha boca” (Salmo 119:103), ele não só se alimenta da Palavra como expressa o seu deleite em saboreá-la, considerando-a mais doce até que o mel. Para ele a Palavra de Deus é prazerosa.

Embora não saibamos exatamente quem foi o autor desta obra prima, que é o Salmo 119, compondo um acróstico, reunindo os versículos de oito em oito, com cada bloco iniciando com as respectivas letras do alfabeto hebraico, uma coisa é certa: Trata-se de um servo de Deus que demonstrou cuidado em cumprir os mandamentos de Deus e que compreendeu que necessitava alimentar-se continuamente dos preceitos que procedem da boca do Senhor, como fora ordenado em Deuteronômio 8:1-3:

“Tenham o cuidado de cumprir todos os mandamentos que hoje lhes ordeno, para que vocês vivam, se multipliquem, entrem e tomem posse da terra que o Senhor prometeu sob juramento aos pais de vocês. Lembrem-se de todo o caminho pelo qual o Senhor, seu Deus, os guiou no deserto durante estes quarenta anos, para humilhar vocês, para pôr vocês à prova, para saber o que estava no coração de vocês, se guardariam ou não os seus mandamentos. Ele humilhou vocês, ele os deixou passar fome, ele os sustentou com o maná, que vocês não conheciam e que nem os pais de vocês conheciam, para que vocês compreendessem que o ser humano não viverá só de pão, mas de tudo o que procede da boca do Senhor.”

Infelizmente, a grande tragédia em relação ao povo de Israel, foi a negligência para com a palavra do Senhor. Ao examinarmos o ministério de todos os profetas do Antigo Testamento, veremos em todos eles esta marca: alertar o povo para que atendessem à Lei de Deus. Veja por exemplo como Deus convoca o profeta Ezequiel: “Filho do homem, coma o que está aí diante de você. Coma esse rolo; depois, vá falar à casa de Israel. Então abri a boca, e ele me deu o rolo para comer. E me disse: Filho do homem, coma e encha o seu estômago com este rolo que eu lhe dou. Eu o comi, e na minha boca era doce como o mel. Disse-me ainda: Filho do homem, vá à casa de Israel e diga-lhe as minhas palavras. Porque você não está sendo enviado a um povo de fala obscura nem de língua difícil, mas à casa de Israel. Você não está sendo enviado a muitos povos de fala obscura e de língua difícil, cujas palavras você não poderia entender. Se eu o enviasse a esses povos, eles certamente dariam ouvidos a você. Mas a casa de Israel não vai querer dar ouvidos a você, porque não quer dar ouvidos a mim; pois toda a casa de Israel tem o coração fechado e a mente endurecida.” (Ezequiel 3:1-7). Embora para o profeta a palavra para ele era doce como o mel, os povo de Israel não tinha nela nenhum prazer.

Quão diferente para um servo de Deus, como Jeremias que assim se expressou: “Achadas as tuas palavras, logo as comi. As tuas palavras encheram o meu coração de júbilo e de alegria, pois sou chamado pelo teu nome, ó Senhor, Deus dos Exércitos.” (Jeremias 15:16).

O milagre do maná, suprindo as necessidades do povo de Israel durante quarenta anos, foi maravilhoso, assim como foi maravilhoso o milagre da multiplicação dos pães e peixes realizado por Jesus Cristo, alimentando milhares de pessoas, que impressionadas desejaram proclamar Jesus como rei. Jesus disse-lhes: “Trabalhem, não pela comida que se estraga, mas pela que permanece para a vida eterna, a qual o Filho do Homem dará a vocês; porque Deus, o Pai, o confirmou com o seu selo. Então lhe perguntaram: Que faremos para realizar as obras de Deus? Jesus respondeu: A obra de Deus é esta: que vocês creiam naquele que ele enviou. Então eles disseram: Que sinal o senhor fará para que vejamos e creiamos no senhor? O que o senhor pode fazer? Nossos pais comeram o maná no deserto, como está escrito: ‘Deu-lhes a comer pão do céu.’ Jesus lhes disse: Em verdade, em verdade lhes digo que não foi Moisés quem deu o pão do céu para vocês; quem lhes dá o verdadeiro pão do céu é meu Pai. Porque o pão de Deus é o que desce do céu e dá vida ao mundo. Então lhe disseram: Senhor, dê-nos sempre desse pão. Jesus respondeu: Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim jamais terá fome, e quem crê em mim jamais terá sede.” (João 6:27-35).

Surpreendentemente, Jesus se apresenta como o pão da vida, dizendo-lhes claramente: “Os pais de vocês comeram o maná no deserto e morreram. Este é o pão que desce do céu, para que todo o que dele comer não pereça. Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer deste pão, viverá eternamente. E o pão que eu darei pela vida do mundo é a minha carne. Então os judeus começaram a discutir entre si, dizendo: Como é que este pode nos dar a sua própria carne para comer? Jesus respondeu: Em verdade, em verdade lhes digo que, se vocês não comerem a carne do Filho do Homem e não beberem o seu sangue, não terão vida em vocês mesmos. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. Pois a minha carne é verdadeira comida, e o meu sangue é verdadeira bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim, e eu permaneço nele. Assim como o Pai, que vive, me enviou, e igualmente eu vivo por causa do Pai, também quem de mim se alimenta viverá por mim. Este é o pão que desceu do céu, em nada semelhante àquele que os pais de vocês comeram e, mesmo assim, morreram; quem comer este pão viverá eternamente.” (João 6:48-58).

Lemos em seguida que “muitos dos seus discípulos, tendo ouvido tais palavras, disseram: Duro é este discurso; quem pode suportá-lo?” (João 6:60). E embora Jesus tenha esclarecido que “o Espírito é o que vivifica; a carne para nada aproveita. As palavras que eu lhes tenho falado são espírito e são vida.” (João 6:63), mesmo assim, “diante disso, muitos dos seus discípulos o abandonaram e já não andavam com ele.” (João 6:66). Este afastamento de muitos levou Jesus a perguntar aos doze: “Será que vocês também querem se retirar? Simão Pedro respondeu: Senhor, para quem iremos? O senhor tem as palavras da vida eterna, e nós temos crido e conhecido que o senhor é o Santo de Deus.” (João 6:67-69).

Pedro e os demais discípulos, com exceção de Judas, o Iscariotes, estavam dizendo da mesma forma que o salmista: “Quão doces são as tuas palavras ao meu paladar! Mais que o mel à minha boca.” (Salmo 119:103). O fato é que os preceitos e os mandamentos do Senhor, “são mais desejáveis do que ouro, mais do que muito ouro depurado; e são mais doces do que o mel e o destilar dos favos.” (Salmo 19:10), e precisamos examinarmo-nos a nós mesmos, exatamente neste ponto: Amamos ao Senhor? Amamos e guardamos a Palavra do Senhor? Foi Jesus mesmo quem deixou este alerta: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e o meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada. Quem não me ama não guarda as minhas palavras. E a palavra que vocês estão ouvindo não é minha, mas do Pai, que me enviou.” (João 14:23,24).

GUARDAR A PALAVRA TRAZ GRANDE RECOMPENSA

A Palavra de Deus quando respeitada,
E também quando estudada e amada,
Pouco a pouco, vai sendo compreendida;
Mas no instante em que é obedecida,

Torna-se mais preciosa que o ouro,
Para o crente é sempre o maior tesouro,
Alimento doce pra quem nela pensa,
Em obedecê-la há grande recompensa.

É a Palavra, qual espada afiada,
Que desnuda a alma e não esconde nada,
Pra que sejam os pecados revelados,
Nomeados, com tristeza, confessados,

Pra que o crente ande sempre humildemente,
Do Senhor inteiramente dependente,
Livre da insensatez da hipocrisia,
Livre da dura altivez da rebeldia.

Haveria, por acaso, recompensa,
Que pudesse ser melhor ou mais imensa,
Do que ficar com Jesus mais parecido?
Tendo em nós o Seu caráter refletido?

Pra que ações, motivações e reações,
No viver diário, em nossas relações,
Fosse então pra todo mundo demonstrado,
Que o Senhor o nosso ser tem transformado?

É a Palavra que conduz à adoração,
E que enche de louvor o coração.
A Palavra é que é nossa sabedoria,
Meditá-la é nossa maior alegria.

No pensar, e no falar, e no agir,
Venha Tua Palavra, ó Deus, nos conduzir,
E nos deixe ó Deus ter essa recompensa:
Sermos agradáveis na Tua presença!

Gilberto Celeti

“São mais desejáveis do que ouro, mais do que muito ouro depurado; e são mais doces do que o mel e o destilar dos favos. Além disso, por eles se admoesta o teu servo; em os guardar, há grande recompensa. Quem há que possa discernir as próprias faltas? Absolve-me das que me são ocultas. Também da soberba guarda o teu servo, que ela não me domine; então, serei irrepreensível e ficarei livre de grande transgressão. As palavras dos meus lábios e o meditar do meu coração sejam agradáveis na tua presença, Senhor, rocha minha e redentor meu!” (Salmo 19:10-14)

salmo 119 – verso 97

“Quanto amo a tua lei! É a minha meditação todo o dia!” (Salmo 119:97).

Chegamos na 13ª divisão do Salmo 119, composta de oito versículos (97 a 104), todos eles iniciados com a letra “MEM”, que equivale a letra “M” no português. No hebraico esta letra está associada de maneira especial à água que jorra, dando a ideia de água que flui de uma fonte inesgotável, de um manancial de águas abundantes e profundas. Tem a ver com as águas que descem do cume das montanhas, sempre em movimento, jamais estática e parada.

Há uma associação com o verdadeiro conhecimento e sabedoria que vem de Deus, que vem de cima e desce até o homem. “MEM”, neste sentido fala de mistérios profundos e preciosos, fala do conhecimento que podemos obter da graça do Eterno Deus. A água que corre, por exemplo, leva em seu fluxo um barco para uma determinada direção. Em outro sentido, se há algo que revitaliza e traz refrigério é a água, assim como é a água que limpa das impurezas, produzindo assim efeitos transformadores. Quão preciosa é a água!

É importante notar que a partir deste 13º. Bloco de versículos (97 a 104), o salmista não estará mais destacando as suas dificuldades e perseguições, mas mostrará com maior ênfase a beleza, a pureza, a grandeza, a ação transformadora da Palavra de Deus, inclusive em sua própria vida. Podemos afirmar que o amor do salmista para com a lei de Deus, na qual ele medita diuturnamente, é o seu segredo. E a composição extraordinária deste salmo servirá de guia, de alento e de bênção para tantos. O salmista é um daqueles a quem o apóstolo Pedro se refere como homens que “falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo.” (2 Pedro 1:21).

A Bíblia é igual MARTELO pra rochas despedaçar.
Aos passos meus, é LÂMPADA. É LUZ, que me vai guiar.
É ESPADA de dois gumes, é um ESPELHO pra eu me ver.
A santa Bíblia assim será pra mim, se eu a ler.

A Bíblia é qual SEMENTE, que nasce no coração.
Qual LEITE e CARNE nutre aos que aceitam a salvação.
Como ÁGUA, assim me limpa; faz o mal desaparecer.
A santa Bíblia assim fará a mim, se eu a ler.

Letra e música de W.B. Mackie
Do livro 2 de Cânticos de Salvação para Crianças, da APEC.

Nesta série de oito versículos iniciados com a letra “MEM”, que significa “água que flui”, é importante recordar da conversa de Jesus com a mulher samaritana junto ao poço de Jacó, próximo de Sicar, quando em determinado momento Jesus responde a mulher: “Se você conhecesse o dom de Deus e quem é que está lhe pedindo água para beber, você pediria, e ele lhe daria água viva. Ao que a mulher respondeu: O senhor não tem balde e o poço é fundo. De onde vai conseguir essa água viva? Por acaso o senhor é maior do que Jacó, o nosso pai, que nos deu o poço, do qual ele mesmo bebeu, assim como os seus filhos e o seu gado? Jesus respondeu: Quem beber desta água voltará a ter sede, mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede. Pelo contrário, a água que eu lhe der será nele uma fonte a jorrar para a vida eterna. A mulher lhe disse: Senhor, quero que me dê essa água para que eu não mais tenha sede, nem precise vir aqui buscá-la.” (João 4:10-15).

Quem era esse que tem água viva, não apenas para saciar a sede, mas para colocar na pessoa uma fonte que jorre para a vida eterna? Lemos que, em certa ocasião, “Jesus tomou consigo Pedro e os irmãos Tiago e João e os levou, em particular, a um alto monte. E Jesus foi transfigurado diante deles. O seu rosto resplandecia como o sol, e as suas roupas se tornaram brancas como a luz. E eis que lhes apareceram Moisés e Elias, falando com Jesus. Então Pedro, tomando a palavra, disse a Jesus: Senhor, bom é estarmos aqui. Se o senhor quiser, farei aqui três tendas: uma para o senhor, outra para Moisés e outra para Elias. Falava ele ainda, quando uma nuvem luminosa os envolveu; e eis, vindo da nuvem, uma voz que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me agrado; escutem o que ele diz! Ao ouvirem aquela voz, os discípulos caíram de bruços, tomados de grande medo. Jesus aproximou-se e tocou neles, dizendo:  Levantem-se e não tenham medo! Então eles, levantando os olhos, não viram mais ninguém, a não ser Jesus.” (Mateus 17:1-8).

Pensar em Moisés e Elias equivale, sem dúvida nenhuma, pensar na Lei e nos Profetas, que estes dois servos de Deus representam de maneira inequívoca. Temos em Moisés e Elias todo o arcabouço da Palavra transmitida por Deus nos tempos do Antigo Testamento. Neste monte da transfiguração, os discípulos viram Jesus ao lado destes dois e no momento em que Pedro, tomando a palavra sugeriu que três tendas fossem ali armadas, houve uma interrupção imediata, quando uma poderosa voz foi ouvida: “ESTE É O MEU FILHO AMADO, EM QUEM ME AGRADO; ESCUTEM O QUE ELE DIZ!” Os três discípulos tomados de grande medo, quando conseguiram, abrir os olhos, “não viram mais ninguém, a não ser Jesus”. A superioridade de Cristo e de Seu ensino, ficou evidente de maneira maravilhosa.

Quando Pedro escreveu sua segunda carta, ele refere-se a este acontecimento do monte da transfiguração com estas palavras: “Porque não lhes demos a conhecer o poder e a vinda do nosso Senhor Jesus Cristo seguindo fábulas engenhosamente inventadas, mas nós mesmos fomos testemunhas oculares da sua majestade. Porque ele recebeu honra e glória da parte de Deus Pai, quando, pela Suprema Glória, lhe foi enviada a seguinte voz: ‘Este é o meu Filho amado, em quem me agrado.’ Ora, nós ouvimos esta voz vinda do céu quando estávamos com ele no monte santo. Assim, temos ainda mais segura a palavra profética, e vocês fazem bem em dar atenção a ela, como a uma luz que brilha em lugar escuro, até que o dia clareie e a estrela da alva nasça no coração de vocês. Primeiramente, porém, saibam que nenhuma profecia da Escritura provém de interpretação pessoal; porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo.” (2 Pedro 1:16-21).

JESUS CRISTO é a Palavra viva de Deus. Ele é “o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai.” (João 1:14). Em Hebreus 1:1,2 encontramos a afirmação que “antigamente, Deus falou, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, mas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas e pelo qual também fez o universo.” Jesus é a última palavra de Deus e não haverá outra. Ele mesmo disse: “A Lei e os Profetas duraram até João” (Lucas 16:16), falando de João Batista, que foi o seu precursor.

No início de seu ministério, numa conversa com Nicodemos, Jesus disse: “Em verdade, em verdade lhe digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus. Nicodemos perguntou: Como pode um homem nascer, sendo velho? Será que pode voltar ao ventre materno e nascer uma segunda vez? Jesus respondeu: Em verdade, em verdade lhe digo: quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus. O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito. Não fique admirado por eu dizer: ‘Vocês precisam nascer de novo.’ O vento sopra onde quer, você ouve o barulho que ele faz, mas não sabe de onde ele vem, nem para onde vai; assim é todo o que é nascido do Espírito.” (João 3:3-8). Este novo nascimento só é possível pela atuação do Espírito Santo, por meio da Palavra de Deus, como água.

Na carta enviada a Tito, Paulo também enfatizou esta verdade afirmando: “Mas quando se manifestou a bondade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor por todos, ele nos salvou, não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo a sua misericórdia. Ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo, que ele derramou sobre nós ricamente, por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador, a fim de que, justificados por graça, nos tornemos seus herdeiros, segundo a esperança da vida eterna.” (Tito 3:4-7).

Durante o seu ministério numa comemoração da festa dos tabernáculos, em Jerusalém, lemos que “no último dia, o grande dia da festa, Jesus se levantou e disse em voz alta: Se alguém tem sede, venha a mim e beba. QUEM CRER EM MIM, COMO DIZ A ESCRITURA, do seu interior fluirão rios de água viva. Isso ele disse a respeito do Espírito que os que nele cressem haviam de receber; pois o Espírito até aquele momento não tinha sido dado, porque Jesus ainda não havia sido glorificado. Quando ouviram essas palavras, alguns do meio do povo diziam: Este é verdadeiramente o profeta.” (João 7:37-40).

No final de seu ministério, na instrução dada aos seus discípulos de ser ele a videira verdadeira, o Pai o agricultor e cada um dos seus um ramo enxertado na videira, disse-lhes: “Vocês já estão limpos por causa da palavra que lhes tenho falado.” (João 15:3). Esta imagem da Palavra como água é preciosa e reveladora.

Todos os que, como a mulher samaritana, como Nicodemos e como todos discípulos que creem em Cristo Jesus, como diz a Escritura, são saciados pela água viva, passam a ter do seu interior rios de água viva fluindo, que é exatamente a presença do Espírito Santo em seus corações. Para todos estes se aplicam estas palavras que foram dirigidas aos crentes da cidade de Tessalônica: “Sabemos, irmãos amados por Deus, que ele os escolheu, porque o nosso evangelho não chegou a vocês somente em palavra, mas também em poder, no Espírito Santo e em plena convicção. E vocês sabem muito bem qual foi o nosso modo de agir entre vocês, para o próprio bem de vocês. E vocês se tornaram nossos imitadores e do Senhor, recebendo a palavra com a alegria que vem do Espírito Santo, apesar dos muitos sofrimentos.” E tornaram-se aqueles que deixando os ídolos, “se converteram a Deus, para servir o Deus vivo e verdadeiro e para aguardar dos céus o seu Filho, a quem ele ressuscitou dentre os mortos, a saber, Jesus, que nos livra da ira vindoura.” (1 Tessalonicenses 1:4-6, 9,10).

Crentes assim são identificados como aqueles que tem amor a Palavra e fazem dela o alvo de sua meditação cada dia. Para crentes assim Paulo escreveu: “Temos mais uma razão para, incessantemente, dar graças a Deus: é que, ao receberem a palavra que de nós ouviram, que é de Deus, vocês a acolheram não como palavra humana, e sim como, em verdade é, a palavra de Deus, a qual está atuando eficazmente em vocês, os que creem.” (1 Tessalonicenses 2:13). É a palavra de Deus fluindo em nossos corações pelo Espírito Santo, que nos possibilita andar de modo agradável diante do Senhor.

E o próprio Espírito Santo, por Sua Palavra nos alerta sobre a vida do Anticristo, dizendo-nos: “Ora, o aparecimento do iníquo é segundo a ação de Satanás, com todo poder, sinais e prodígios da mentira, e com todo engano de injustiça aos que estão perecendo, PORQUE NÃO ACOLHERAM O AMOR DA VERDADE PARA SEREM SALVOS. É por este motivo que Deus lhes envia a operação do erro, para darem crédito à mentira, a fim de serem condenados todos os que não creram na verdade, mas tiveram prazer na injustiça. Mas devemos sempre dar graças a Deus por vocês, irmãos amados pelo Senhor, porque Deus os escolheu desde o princípio para a salvação, pela santificação do Espírito e fé na verdade.” (2 Tessalonicenses 2:9-13). Que possamos dizer e viver como o salmista: “Quanto amo a tua lei! É a minha meditação todo o dia!” (Salmo 119:97).

AMANDO OUVIR DEUS

É a vida, na verdade, um absurdo
Para aquele que com Deus se mostra surdo;
Pois embora tenha ouvidos não escuta,
E da direção de Deus jamais desfruta.

E Deus bem que se revela, e claramente,
A quem à Sua Palavra é obediente.
Necessário é ouvi-lo cada dia;
E amar Sua Palavra, que alegria!

Outras vozes permaneçam bem caladas,
Pois nos levam para direções erradas.
Seja o nosso compromisso com a verdade,
E vivamos sempre em graça e santidade.

Sim, são tantos os barulhos, os ruídos,
Mas somente à Tua voz damos ouvidos!
Teu ensino sempre aponta para a cruz,
E Tua poderosa voz diz: Só Jesus!

“Deixem-se encher do Espírito, falando entre vocês com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando e louvando com o coração ao Senhor, dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo.” (Efésios 5:18-20).

E finalizamos tomando como texto o convite tão bondoso que é feito pelo Senhor bem no finalzinho do livro do Apocalipse. Se você prezado leitor ainda não saciou a sede de sua alma crendo e recebendo Jesus Cristo, como seu Senhor e Salvador, ouça agora o que o “Espírito e a noiva dizem:  Vem! Aquele que ouve, diga: Vem! Aquele que tem sede venha, e quem quiser receba de graça a água da vida.” (Apocalipse 22:17).

salmo 119 – verso 24

Na leitura do Salmo 19 temos destacada a verdade que DEUS FALA. Sim, ELE se comunica de maneira nítida pela Criação, isso fica evidente nos primeiros seis versículos. Esta comunicação de Deus é tão real que em Romanos 1:19,20, lemos: “Pois o que se pode conhecer a respeito de Deus é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou. Porque os atributos invisíveis de Deus, isto é, o seu eterno poder e a sua divindade, claramente se reconhecem, desde a criação do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que Deus fez. Por isso, os seres humanos são indesculpáveis”.

Mas DEUS FALA por meio das Sagradas Escrituras, que no Salmo 19:7-9 são chamadas de: Lei, testemunho, preceitos, mandamento, temor e juízos. Outros termos são também utilizados na Bíblia como estatuto, palavra e caminho. Ao falar sobre a comunicação de Deus escrita, há uma afirmação preciosa: que “são mais desejáveis do que ouro, mais do que muito ouro depurado; e são mais doces do que o mel e o destilar dos favos” (Salmos 19:10).

No versículo de hoje o salmista afirma ser os testemunhos do Senhor o seu prazer e os seus conselheiros. Maravilhoso, e isso o faz um bem-aventurado que não anda no conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. Pelo contrário, tem seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite, como lemos no Salmo 1:1,2.

Neste andar como quem ouve a voz de Deus na Sua palavra, que a compreende, que a guarda e que a obedece, ele tem os conselhos do Senhor para sua vida. Os testemunhos do Senhor são os seus conselheiros. Que preciosidade poder dizer: “Bendigo o Senhor, que me aconselha; pois até durante a noite o meu coração me ensina. Tenho o Senhor sempre diante de mim; estando ele à minha direita, não serei abalado. Por isso o meu coração se alegra e o meu espírito exulta; até o meu corpo repousará seguro” (Salmo 16:7-9).

Numa época de tanta perplexidade, quando as pessoas estão desnorteadas, quando os consultórios de psicólogos e psicanalistas estão superlotados, quando pastores estão sobrecarregados com o chamado “ministério do aconselhamento”, que revolução aconteceria se cada cristão pudesse viver como o salmista, afirmando: Meu Deus, os “teus testemunhos são o meu prazer, são os meus conselheiros” (Salmo 119:24). E experimentar que Deus nos ver os caminhos da vida; e que na Sua presença há plenitude de alegria, e à Sua direita, “há delícias perpetuamente” (Salmo 16:11).

A grande tragédia é a falta de confiança na Palavra de Deus, a incredulidade. Israel libertado do Egito, não entrou imediatamente na Terra Prometida por causa de sua incredulidade. Ficaram 40 anos andando pelo deserto, e quando finalmente estão prestes a entrar, Moisés, no livro de Deuteronômio, fala e ensina a nova geração que nasceu durante estes 40 anos, cujos pais já pereceram e foram sepultados no deserto. Lemos em Deuteronômio 4:44,45: “Esta é a lei que Moisés apresentou aos filhos de Israel. São estes os testemunhos, os estatutos e os juízos que Moisés falou aos filhos de Israel, quando saíram do Egito”. Em seguida Moisés faz a repetição dos Dez Mandamentos e afirma: “Escute, Israel, os estatutos e juízos que hoje lhes anuncio, para que vocês os aprendam e tenham o cuidado de pôr em prática” (Deuteronômio 5:1).

Lamentavelmente lemos num dos salmos, escrito por Asafe, o Espírito Santo nos ensina: “Eu sou o Senhor, o Deus de vocês, que os tirei da terra do Egito. Abram bem a boca, e eu a encherei. Mas o meu povo não escutou a minha voz; Israel não quis saber de mim. Assim, deixei que andassem na teimosia do seu coração, e seguissem as suas próprias inclinações. Ah! Se o meu povo me escutasse, se Israel andasse nos meus caminhos! Eu derrotaria logo os seus inimigos e voltaria a minha mão contra os seus adversários. Os que odeiam o Senhor se submeteriam a ele, e isto duraria para sempre. Mas a vocês eu sustentaria com o trigo mais fino e os saciaria com o mel que escorre da rocha” (Salmo 81:10-16).

E foi Asafe também, que registrou em outro de seus salmos este ensino no Espírito Santo: “Ele estabeleceu um testemunho em Jacó, e instituiu uma lei em Israel, e ordenou aos nossos pais que os transmitissem a seus filhos, a fim de que a nova geração os conhecesse, e os filhos que ainda hão de nascer se levantassem e, por sua vez, os contassem aos seus descendentes; para que pusessem a sua confiança em Deus e não se esquecessem dos feitos de Deus, mas lhe observassem os mandamentos; e que não fossem, como seus pais, geração obstinada e rebelde, geração de coração inconstante, e cujo espírito não foi fiel a Deus” (Salmos 78:5-8).

Este ensino no Salmo 78 deveria levar-nos a obediência na transmissão da Palavra de Deus aos nossos filhos, porém a triste realidade, ao longo de toda a história foi também registrada por Asafe: “… tentaram o Deus Altíssimo, e a ele resistiram, e não lhe guardaram os testemunhos. Tornaram atrás e foram infiéis como os seus pais; desviaram-se como um arco enganoso” (Salmo 78:56,57).

SENHOR DEUS, ajuda-me a compreender que eu não viverei só de pão, mas de tudo o que procede da boca do Senhor. E que eu abra bem a boca para que o SENHOR a encha com a Tua Palavra. Que eu possa guardar a Tua Palavra e afirmar como o salmista: “os teus testemunhos são o meu prazer, são os meus conselheiros“. Amém!

salmo 119 – verso 23

Não seriam os poderosos reis e seus assustadores príncipes e juízes que impediriam o servo peregrino e que ama ao Senhor e a Sua Palavra de continuar no seu propósito de ler com atenção, ponderar e obedecer às Escrituras Sagradas. Ele continuou examinando, meditando e apreciando a sabedoria de Deus, contemplando a grandeza do Senhor e orando confiadamente.

Não nos esqueçamos que o príncipe deste mundo, o diabo, conta com o apoio de potestades malignas e poderosas que tudo farão para impedir os servos de Deus a separar um tempo significativo de seu dia para estar na presença de Deus, meditando na Sua Palavra.

Pensando em Davi, filho de Jessé, homem que foi exaltado, o ungido do Deus de Jacó, o suave salmista de Israel, que disse: “O Espírito do Senhor fala por meio de mim; e a sua palavra está na minha língua” (2 Samuel 23:1,2), havia mesmo um acordo do rei Saul com seus príncipes para que exercessem sua autoridade para o ferir, o deter e até mesmo o matar. Davi enfrentou provações e tentações das mais variadas, e este texto do Salmo 119:23 bem que foi a sua experiência.

E, sem dúvida, diante de tantas lutas que enfrentou, pode escrever textos extraordinários, como o Salmo 2, um dos preciosos salmos proféticos, mostrando Jesus, onde lemos: “Por que se enfurecem as nações e os povos imaginam coisas vãs? Os reis da terra se levantam, e as autoridades conspiram contra o Senhor e contra o seu Ungido, dizendo: Vamos romper os seus laços e sacudir de nós as suas algemas” (Salmo 2:1-3).

Lembrei-me de um servo de Deus, chamado John Bunyan (1628-1688), que foi impedido em seu tempo de pregar a palavra de Deus, e isso por autoridades eclesiásticas, que inclusive conseguiram trancafiá-lo numa prisão. Pois bem, foi ali no cárcere que ele escreveu seu livro, que é uma obra prima de excelência, “O Peregrino”, que deve ser lida e relida por todos os cristãos. John Bunyan bem que poderia citar verso 23 do salmo 119 como sua experiência pessoal.

Paulo é um outro exemplo de servo aprisionado por causa do testemunho do Senhor, e isso não o impediu de meditar na Palavra de Deus, pelo contrário, foi de dentro da prisão que ele, movido pelo Espírito Santo, escreveu cartas que estão inseridas no Novo Testamento, e que tanto nos orientam e nos abençoam. Paulo também é o servo do Salmo 119:23.

João, o apóstolo, ao escrever o livro de Apocalipse, assim se apresenta “Eu, João, irmão e companheiro de vocês na tribulação, no reino e na perseverança em Jesus, estava na ilha chamada Patmos, por causa da palavra de Deus e do testemunho de Jesus” (Apocalipse 1:9). Esta preciosidade do Apocalipse nos temos em mãos porque ele passou também pela experiência do Salmo 119:23

No entanto, o exemplo supremo encontramos no Filho de Deus, nosso Senhor Jesus Cristo, de quem os primeiros cristãos, em tempo de grande perseguição, testemunharam em sua oração: “Disseste por meio do Espírito Santo, por boca de Davi, nosso pai, teu servo: ‘Por que se enfureceram os gentios, e os povos imaginaram coisas vãs? Os reis da terra se levantaram, e as autoridades se juntaram contra o Senhor e contra o seu Ungido.’ Porque de fato, nesta cidade, Herodes e Pôncio Pilatos, com gentios e gente de Israel, se juntaram contra o teu santo Servo Jesus, a quem ungiste”, para o condenarem ao sofrimento da morte de cruz. E na oração os cristãos afirmaram “para fazerem tudo o que a tua mão e o teu propósito predeterminaram” (Atos 4:25-28).

Sim, este versículo 23 do Salmo 119, se aplica perfeitamente aos lábios do Senhor Jesus, cuja comida e bebida sempre foi fazer a vontade do Pai celestial.

É oportuno recordar que Jesus, após a sua ressurreição, disse aos seus discípulos: “São estas as palavras que eu lhes falei, estando ainda com vocês: era necessário que se cumprisse tudo o que está escrito a respeito de mim na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos. Então lhes abriu o entendimento para compreenderem as Escrituras” (Lucas 24:44,45). Sim, encontramos Jesus nos Salmos e em toda a Escritura.

E nós, neste século XXI, somos servos de que tipo? Estaríamos ao lado do servos que amam a Palavra do Senhor, mesmo tendo que enfrentar a oposição e a perseguição? Gostaríamos de estar na companhia daqueles que “passaram pela prova de zombarias e açoites, sim, até de algemas e prisões. Foram apedrejados, serrados ao meio, mortos ao fio da espada. Andaram como peregrinos, vestidos de peles de ovelhas e de cabras; passaram por necessidades, foram afligidos e maltratados. O mundo não era digno deles. Andaram errantes pelos desertos, pelos montes, pelas covas, pelos antros da terra” (Hebreus 11:36-38)?

Andemos com sabedoria, e que a nossa fé jamais se apoio na sabedoria deste mundo. Lembremos sempre de textos da Palavra de Deus como este, que Paulo, uma das mentes mais brilhantes que já existiram, testemunhou: “A minha palavra e a minha pregação não consistiram em linguagem persuasiva de sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder, para que a fé que vocês têm não se apoiasse em sabedoria humana, mas no poder de Deus. No entanto, transmitimos sabedoria entre os que são maduros. Não, porém, a sabedoria deste mundo, nem a dos poderosos desta época, que são reduzidos a nada. Pelo contrário, transmitimos a sabedoria de Deus em mistério, a sabedoria que estava oculta e que Deus predeterminou desde a eternidade para a nossa glória. Nenhum dos poderosos deste mundo conheceu essa sabedoria. Porque, se a tivessem conhecido, jamais teriam crucificado o Senhor da glória” (1 Coríntios 2:4-8).

Assentaram-se príncipes e falaram contra mim, mas o teu servo meditou nos teus decretos” (Salmo 119:23).

E lembremos desta alerta do Salmo 2:10-12: “Agora, pois, ó reis, sejam prudentes; deixem-se advertir, juízes da terra. Sirvam o Senhor com temor e alegrem-se nele com tremor. Beijem o Filho para que não se irrite, e não pereçam no caminho; porque em breve se acenderá a sua ira. Bem-aventurados todos os que nele se refugiam”.

É PRECISO ESTAR SINTONIZADO

É PRECISO ESTAR SINTONIZADO

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Como um celular que é conectado
A uma fonte de energia, e carregado,
Pra poder então ser bem utilizado,
É preciso o crente estar sintonizado
Com o Criador, que tanto o tem amado!

Deus o Filho o libertou do vil pecado.
Sendo, pois, pelo Espírito habitado,
Tendo na Palavra de Deus, o recado,
Que o habilita a viver pra o Seu agrado,
Apresenta-se ao Deus Trino consagrado!

Comunhão com Deus, no céu sempre ligado,
Como intercessor mantém-se ocupado,
Seu desejo é estar ungido e ser usado,
Para que o Senhor seja glorificado
E o Seu reino, neste mundo, ampliado

Gilberto Celeti

NA SANTIDADE HÁ FELICIDADE

Blurred-Clean-HeartQuando há com Deus preciosa intimidade,
É o Consolador, na alma, habitando!
Não conhece o mundo, está realidade;
Pois do amor de Deus está até zombando.

Jesus Cristo e sua cruz são desprezados,
A Palavra de Deus não é conhecida,
O agir de Deus não é considerado,
Suas ordens nunca são obedecidas.

Mas o crente porque ama a Jesus Cristo,
E a Palavra do Senhor guarda e obedece,
Regozija-se em saber muito bem isto:
Que em si o Deus Triúno permanece.

E aos seus, Deus sempre tem se revelado,
Consolando, ensinando, dando paz;
E no desfrutar do seu real cuidado,
Em Jesus encontram o que os satisfaz.

E as marcas desta doce influência
Aparecem num viver em humildade,
E também adquirindo a consciência
Que é na santidade que há felicidade!

Gilberto Celeti

“Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me ama, será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me manifestarei a Ele” (João 14:21).

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