A SERPENTE DE BRONZE – A VIDA
(Posta sobre uma haste: Um tipo de Cristo na cruz)
“E disse o SENHOR a Moisés: Faze uma serpente abrasadora e a põe sobre uma haste, e será que todo o mordido que a mirar viverá. Fez Moisés uma serpente de bronze e a pôs sobre uma haste; sendo alguém mordido por alguma serpente, se olhava para a de bronze, sarava.” (Números 21:8,9).
A própria imagem do que havia feito o mal foi levantada para ser a conduta pela qual a graça divina podia correr, em rica abundância, para os pobres pecadores mordidos. Admirável tipo de Cristo sobre a cruz!
É um erro muito frequente considerar o SENHOR JESUS antes como Aquele que impede a ira de Deus e não como o meio do Seu amor. Que suportou a ira de Deus contra o pecado é uma verdade. Porém, há mais do que isto. Ele veio a este miserável mundo para morrer sobre a cruz maldita, a fim de que, por meio da morte pudesse abrir os mananciais eternos do amor de Deus ao coração do pecador rebelde. Isto constitui uma grande diferença na manifestação da natureza e caráter de Deus ao pecador. Nada poderá reconduzir um pecador a um estado de verdadeira felicidade e santidade senão a sua confirmação na fé e gozo do amor de Deus.
O primeiro esforço da serpente, quando no jardim do Éden, atacou a criatura, foi abalar a sua confiança na bondade e no amor de Deus, e assim suscitou descontentamento com o lugar em que Deus o havia posto. A queda do homem foi o resultado – o imediato resultado – de duvidar do amor de Deus. A restauração do homem tem de resultar da sua crença nesse amor; e é o próprio Filho de Deus quem diz: “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (João 3:16).
Ora é em relação imediata com o precedente relato que o Senhor expressamente nos ensina que Ele era o antítipo da serpente de metal. Como o Filho de Deus enviado do Pai, era seguramente o dom e a expressão do amor de Deus por um mundo perdido, mas tinha também de ser levantado na cruz em propiciação pelo pecado, porque só assim podia o amor divino satisfazer as exigência do pecador moribundo. “E do modo por que Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do Homem seja levantado, para que todo o que nele crê tenha a vida eterna.” (João 3:14,15).
Toda a família humana tem sentido a mordedura mortal da serpente; mas o Deus de toda a graça encontrou um remédio nAquele que foi levantado na cruz da maldição; e agora chama pelo Espírito Santo, enviado do céu, a todos os que se sentem mordidos para olharem para Jesus a fim de terem vida e paz. Cristo é a grande ordenação de Deus e por Ele é proclamada salvação de graça, livre, atual e eterna a todo o pecador – uma salvação tão completa, de tal modo fundada e tão compatível com todos os atributos do caráter divino e todas as exigência do trono de Deus, que Satanás não pode levantar uma simples objeção a seu respeito. A ressurreição é a justificação divina da obra da cruz e da glória d’Aquele que nela morreu de modo que o crente pode gozar o mais profundo descanso quanto ao pecado. Deus tem todo o Seu prazer em Jesus; e, visto que contempla todos os crente n’Ele, acha também todo o Seu prazer neles
E note-se, a fé é o instrumento mediante o qual o pecado lança mão da salvação Cristo. O israelita ferido tinha apenas de olhar e viver – olhar não para si nem para as suas feridas ou para os que o rodeavam, mas direta e unicamente para o remédio de Deus. Se recusava ou descurava olhar para esse remédio, nada mais havia para si senão a morte. Era chamado para fixar atentamente o seu olhar no remédio de Deus, que estava levantado de tal forma que todos podiam vê-lo. Não havia vantagem alguma em olhar para qualquer outro lado, porque a palavra era “será que todo o mordido que a mirar viverá”. O israelita mordido só tinha a serpente de metal; porque a serpente abrasadora era o único remédio de Deus para o israelita mordido. Olhar para qualquer outro lado equivalia a nada receber; olhar para o remédio de Deus era receber a vida.
Assim é também agora. O pecador é chamado para olhar simplesmente para Jesus. Não se lhe diz para olhar para as ordenações – para olhar para igrejas – para os homens ou anjos. Não há socorro em qualquer destas coisas, e, portanto, ele não é chamado para olhar para elas, mas exclusivamente para Jesus, cuja morte e ressurreição constituem a base eterna da paz e esperança do crente. Deus assegura-lhe que “todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” Isto deve satisfazer inteiramente o coração e a consciência. Deus está satisfeito e nós devemos estar também satisfeitos. Suscitar dúvidas é negar o relato de Deus. Se um israelita tivesse dito: “Como seu eu que olhando para a serpente de metal me restaurarei?” Ou se começasse a estar preocupado com a grandeza e a natureza irremediável da sua doença, e argumentasse com a aparente inutilidade de olhar para a ordenação de Deus – em suma, se qualquer coisa, não importava o que fosse o tivesse impedido de olhara para a serpente abrasadora, seria uma positiva rejeição de Deus, e a morte teria sido o resultado inevitável.
Assim, no caso do pecador, no momento em que ele está habilitado a deitar um olhar de fé a Jesus, o seu pecado desaparece. O sangue de Jesus, à semelhança de uma poderosa corrente de limpeza, corre sobre a sua consciência, tira todas as manchas e deixa-o sem mácula nem ruga em coisa semelhante; e tudo isto, também, à própria luz da santidade de Deus, em que nem um átomo de pecado pode ser permitido.
Mas, antes de terminarmos as nossas meditações sobre a serpente de bronze, será bom notarmos o que podemos chamar a intensa individualidade que caracterizava o olhar do israelita mordido para a serpente. Cada qual tinha de olhar por si. Ninguém podia olhar por outrem. Era uma questão pessoal. Ninguém podia ser salvo por procuração. Havia vida num olhar; mas era preciso deitar esse olhar. Era preciso haver um elo pessoal – contato direto e pessoal com o remédio de Deus.
Assim era então, e assim é agora. Temos nós próprios de tratar com Jesus. A Igreja não nos pode salvar – nenhuma ordem de sacerdotes ou de ministros pode salvar-nos. Tem que haver o laço pessoal com o Salvador; do contrário não há vida: “sendo alguém mordido por alguma serpente, se olhava para a de bronze, sarava.” Esta era então a ordem de Deus; e é esta é a ordem de Deus agora, porque “do modo por que Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do Homem seja levantado, para que todo o que nele crê tenha a vida eterna.” Recordemos as duas palavras “do modo” e “assim”, porque elas se aplicam a cada pormenor no tipo e no antítipo. A fé é uma coisa individual; o arrependimento é uma coisa individual; a salvação é uma coisa individual. Nunca esqueçamos disto. Decerto, há no cristianismo união e comunhão; mas nós temos de tratar com Cristo por nós mesmos, e devemos andar com Deus nós mesmos. Não podemos nem obter vida nem viver pela fé de outro. Existe, repetimos com ênfase, uma individualidades intensa em cada fase da vida do cristão e na sua carreira prática.
Não continuaremos com os nossos comentários sobre a figura familiar da “serpente de metal”; mas rogamos a Deus que habilite o leitor a meditar sobre ela por si mesmo, e a fazer uma aplicação pessoal e direta da verdade preciosa contida numa das mais notáveis figuras dos tempos do Velho Testamento. Que o SENHOR o leve a contemplar com mais profunda e humilde fé a cruz e a embeber a sua alma no precioso ministério ali apresentado. Que não se dê por satisfeito apenas em receber vida por um olhar à cruz, mas procure entrar mais no seu profundo e maravilhosos significado, e estar mais devotadamente ligado Àquele que quando não havia nenhum outro meio de libertação, Se entregou a Si Mesmo voluntariamente para ser moído nessa cruz de maldição por nós e para nossa salvação.
De Charles H. Mackintosh (1820-1896)
Do Livro “Estudos sobre o livro de Números”, publicado por Depósito de Literatura Cristã
Se você já creu em Cristo, então cante de todo coração este hino:
CEGUEIRA E VISTA (Hino que está em praticamente todos os hinários evangélicos)
poema de Henry Maxwell Wright
Oh! Quão cego eu andei e perdido vaguei
Longe, longe do meu Salvador!
Mas da glória desceu e Seu sangue verteu
Pra salvar a um tão pobre pecador.
Foi na cruz, foi na cruz onde um dia eu vi
Meu pecado castigado em Jesus;
Foi ali, pela fé, que meus olhos abri,
E eu agora me alegro em Sua luz.
Eu ouvia falar dessa graça sem par
Que do céu trouxe nosso JESUS;
Mas eu surdi me fiz, converter-me não quis
Ao SENHOR que por mim morreu na cruz.
Mas um dia senti meus pecados e vi
Sobre mim o castigo da lei;
Eu por isso fugi, em Jesus me escondi
E refúgio seguro nEle achei.
Tão feliz me senti desde que conheci
Esse imenso e notável amor
Que levou meu JESUS a sofrer lá na cruz
Pra salvar a um tão pobre pecador.
Gilberto Celeti