A INFÂNCIA POÉTICA
Casimiro José Marques de Abreu (1839-1860) poeta brasileiro, nascido no interior do Rio de Janeiro, na cidade que hoje tem o seu nome, escreveu o poema MEUS OITO ANOS, um clássico da literatura brasileira, que retrata sentimentos de um tempo distante e feliz da meninice. É uma poesia muito bonita, que transcrevo:
Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!
Como são belos os dias
Do despontar da existência!
– Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar é – lago sereno,
O céu – um manto azulado,
O mundo – um sonho dourado,
A vida – um hino d’amor!
Que auroras, que sol, que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar!
O céu bordado d’estrelas,
A terra de aromas cheia,
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar!
Oh! dias da minha infância!
Oh! meu céu de primavera!
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã.
Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minha irmã!
Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
De camisa aberto ao peito,
– Pés descalços, braços nus –
Correndo pelas campinas
À roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis!
Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas,
Brincava à beira do mar;
Rezava às Ave-Marias,
Achava o céu sempre lindo,
Adormecia sorrindo
E despertava a cantar!
Oh! Que saudades que tenho
Da aurora de minha vida (…)
Até que ponto estas palavras tão lindas expressam a realidade da infância de todas as crianças? Será a infância algo a ser cantado pelos poetas? Poeticamente falando, a infância é retratada como um tempo bastante agradável, de delícias infindas e que só vai deixar na memória do indivíduo gratas recordações. No entanto, a realidade é diferente. Constatamos que a experiência individual de muitas crianças é dura, solitária, sofrida, marcada pela indiferença e pela incompreensão. Há falta dessa excelência cantada muito bem por Casimiro de Abreu. Pense em sua própria infância.
As crianças de todas as camadas sociais, desde as mais miseráveis até as multimilionárias, experimentam algum tipo de abuso e de abandono. Vivemos em uma sociedade tão contra as crianças, que extermina diariamente milhares de crianças em formação, ainda no ventre materno. A indústria do aborto é uma realidade assustadora.
AS CRIANÇAS NO TEMPO DO PROFETA JEREMIAS
O profeta Jeremias registrou, no Livro de Lamentações, todo o seu choro de tristeza e de lamento. O livro retrata com traços fortes a angústia do coração desse servo de Deus, vendo a destruição da cidade amada, Jerusalém. A cidade incendiada e o povo sendo levado cativo formavam um quadro de humilhação e de desesperança. Nessa caminhada desoladora, Jeremias mostra também as crianças.
As impactantes lamentações de Jeremias descrevem o momento de horror na história do povo de Israel, a caminho do cativeiro na Babilônia. Que tribulação angustiante! Jeremias vê a cena assustadora das crianças andando famintas e gritando por um pedaço de pão, e o profeta declara: “Com lágrimas se consumiram os meus olhos, turbada está a minha alma, e o meu coração se derramou de angústia por causa da calamidade da filha do meu povo; pois desfalecem de fome os meninos e as crianças de peito pelas ruas da cidade” (Lamentações 2.11).
O registro feito por Jeremias descrevendo a fome das crianças é de cortar o coração: “Dizem às mães: Onde há pão e vinho?, quando desfalecem como o ferido pelas ruas da cidade ou quando exalam a alma nos braços de sua mãe” (Lamentações 2.12) e ainda: “A língua da criança que mama fica pegada pela sede, ao céu da boca; os meninos pedem pão, e ninguém há que lho dê” (Lamentações 4.4).
Não conheço nada mais dramático do que a lamentação registrada no capítulo 4, versos 9 e 10: “Mais felizes foram as vítimas da espada do que as vítimas da fome; porque estas se definham atingidas mortalmente pela falta do produto dos campos. As mãos das mulheres, outrora compassivas, cozeram os seus próprios filhos; estes lhes serviram de alimento na destruição da filha do meu povo”.
AS CRIANÇAS EM NOSSO TEMPO
Haveria alguma similaridade entre a época de Neemias e a nossa?
- Quem ouve o grito das crianças com fome em quase todas as nações da terra? Em algumas nações o número de meninos e meninas literalmente famintos é espantoso.
- Quem ouve o grito das crianças nos campos de refugiados? E nas periferias das imensas, sofisticadas e congestionadas cidades, verdadeiras megalópoles, onde tantos pequenos sobrevivem catando comida nos lixões?
- Quem ouve o grito das crianças abusadas verbalmente, tratadas aos gritos sem a mínima consideração?
- Quem ouve o grito das crianças abusadas fisicamente, tratadas com violência (Procure nas estatísticas dos hospitais o número tão elevado de crianças identificadas como vítimas de maus tratos corporais).
- Quem ouve o grito das crianças abusadas sexualmente e que perdem completamente a confiança nas pessoas, pois aquelas que deveriam respeitá-las e protegê-las se aproveitam delas para satisfazerem seus desejos torpes e corrompidos?
- Quem ouve o grito das crianças que não conseguem nem um pouquinho de atenção, de afeto, de consideração, de calor humano; que não encontram quem por elas se interessem, ou com quem possam conversar e contar suas preocupações, anseios e descobertas?
- Quem ouve o grito das crianças que sofrem de terríveis pesadelos durante a noite, por terem durante o dia todo enchido as suas mentes com jogos violentos, com desenhos animados e filmes onde ideias satânicas são introduzidas com intensidade e com força?
- Quem ouve o grito das crianças que anseiam por saber o porquê de todas as coisas, mas que em vez de serem conduzidas ao encantamento de descobrir o maravilhoso universo da criação – com a terra e os oceanos povoados por milhões de espécies animais e vegetais, e com as galáxias e seus bilhões de estrelas – são conduzidas ao mundo irreal da tecnologia digital? Tais crianças têm pouquíssimo contato com a criação de Deus, sendo ainda ensinadas que tudo surgiu devido a um processo desconhecido de evolução, por sinal nada científico.
- Quem ouve o grito das crianças famintas espiritualmente, mas que não têm a oportunidade de se alimentar do Pão Vivo que desceu do céu? Tais crianças muitas vezes ficam enredadas nas malhas das seitas e das religiões, distantes da singeleza do evangelho de Jesus.
Não! Não dá para olhar para o tempo de infância com o mesmo olhar do poeta. A realidade é tão dolorosa que R. Carlson, escritor americano, afirmou com muita propriedade: “A história da humanidade é um verdadeiro pesadelo se escrita do ponto de vista da criança”. Haverá alguma saída?
No livro de Lamentações encontramos o clamor do coração do profeta: “QUERO TRAZER À MEMÓRIA O QUE ME PODE DAR ESPERANÇA” (Lamentações 3.21).
OREMOS E ANUNCIEMOS JESUS ÀS CRIANÇAS
Este foi o desafio do profeta Jeremias: “Levante-se e clame de noite, no princípio das vigílias. Derrame, como água, o coração diante do Senhor; levante a ele as mãos, pela vida de seus filhinhos, que desfalecem de fome nas esquinas de todas as ruas.” (Lamentações 2:19).
Finalizo deixando esta poesia como desafio para nossa oração e ação confiante e esperançosa:
Vamos servos do Senhor, esta é hora!
As crianças alcancemos pra Jesus!
O Evangelho anunciemos, sem demora!
Brilhe nesta escuridão a nossa luz!
As crianças para Deus esta é nossa missão!
Norte, sul, leste, oeste em cada estado,
Uniremos nossas mãos e oração
Pra Jesus, entre as crianças, ser pregado!
Há investimento forte do inimigo,
Para dominar a mente das crianças;
Esta nova geração corre perigo,
O pecado tudo estraga e o mal avança.
As crianças para Deus esta é nossa missão!
Norte, sul, leste, oeste em cada estado,
Uniremos nossas mãos e oração
Pra Jesus, entre as crianças, ser pregado!
E os meninos e as meninas alcançados
Ficarão alicerçados na verdade,
Serão homens e mulheres consagrados
Uma bênção para toda a humanidade.
As crianças para Deus esta é nossa missão!
Norte, sul, leste, oeste em cada estado,
Uniremos nossas mãos e oração
Pra Jesus, entre as crianças, ser pregado!
Gilberto Celeti
Esta poesia foi musicada pelo missionário Ismael Santos Lira e usada como hino oficial do Congresso da APEC, quando a missão, em 2011, comemorou os 70 anos de existência no Brasil. A segunda estrofe ficou sendo o coro deste hino, uma marcha, que nos desafia a entrar na batalha pela evangelização das crianças.
Quer aprender a melodia? Quer ensiná-la em sua igreja? Quer desafiar mais “soldados” para fazerem missões entre as crianças? Então acesse aqui:
https://www.youtube.com/watch?v=4SehmtOWpGU
Neste vídeo de 2011, a música está sendo cantada, sob a regência do Ismael Lira, durante o Simpósio realizado na Igreja Congregacional Central de Campina Grande-PB.
OREMOS em favor das igrejas que realizarão nas férias de julho deste ano uma EBF – Escola Bíblica de Férias. OREMOS também em favor dos Acampamentos Evangélicos..
Que milhares de crianças creiam em Cristo Jesus como Salvador e sejam salvas!
Que muitas crianças dediquem suas vidas para servir ao SENHOR!
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