SENDO MAIS UMA VEZ USADA POR DEUS…

Um testemunho de Carmen Sílvia Musa Lício:


Na década de 1980 eu estava trabalhando num plantão avulso em um hospital aqui de São Paulo quando aconteceu um verdadeiro milagre…

Eu estava cuidando de uma paciente, grávida de 9 meses. O trabalho de parto estava em andamento, coloquei um soro com remédio para as contrações serem mais adequadas e, ao conversar com ela, soube que esta era a sua terceira gravidez, sendo que as duas anteriores terminaram em aborto espontâneo. Ela estava muito apreensiva, pois desejava muito ser mãe, assim como o seu marido desejava ser pai.

Continuei a cuidar do seu trabalho de parto, esperando que fosse um parto normal. Assim eu mesma o faria, pois naquela época uma enfermeira obstétrica podia fazer o acompanhamento do trabalho de parto, bem como o parto em si.

Depois de um tempo percebi que o colo uterino não dilatava mais, sendo impossível realizar o parto normal. Então chamei o médico obstetra, que a avaliou e após um tempo resolveu que seria melhor fazer uma cesariana.

Encaminhou-a ao Centro Cirúrgico e eu a acompanhei. Expliquei para ele que ela já havia sofrido dois abortos espontâneos e este parto era muito importante para ela e para o marido.

Foi anestesiada e o médico fez um pequeno corte na barriga para abrir o útero. Achei muito pequeno, mas ele argumentou que seria melhor para que a cicatriz ficasse melhor.

Abriu o útero, colocou a sua mão dentro para puxar a cabeça do feto, mas não conseguiu trazer para fora… Puxou várias vezes, mudando a posição da mão, tentando trazer o feto para fora, mas depois de poucos minutos disse que não estava conseguindo e que o feto morreria pelo tempo que já estava tentando nascer.

Parou um pouco e, quando achei que já estava desistindo, pedi licença. Ele deu, calcei rapidamente um par de luvas e fui fazer o melhor possível. Enquanto puxava a cabeça do feto e tentava encaixar no corte para o seu nascimento fiquei em oração e após pouco tempo consegui trazer o feto para fora.

Ele não chorou e eu o coloquei na mesa dos primeiros atendimentos ao Recém-nascido na Sala de Parto, onde o pediatra o avaliou e disse que ele já estava em Óbito e não tinha nada mais que pudesse fazer.

Eu fiquei espantada pois ele nem havia aspirado a boca dele, nem tentado ressuscitar, nem dado oxigênio… Então eu disse:

-Já que não tem mais jeito, posso cuidar dele?

Ele disse que sim, mas que não iria adiantar…

Eu peguei o Recém-nascido, fiz uma manobra de virar de bruços sobre a minha mão esquerda , passar a mão nas suas costas, dar um pequeno ‘tapinha’ nas costas, tentando fazer com que colocasse para fora qualquer líquido que pudesse estar obstruindo os pulmões, depois o coloquei de costas, deitado, aspirei com uma sonda e como ainda não estivesse respirando, comecei a fazer manobras de ressuscitação no coração. Estava orando durante todo o tempo, em pensamento, mas de repente comecei a orar de uma forma que todos os que estavam na sala ouviam…

Após alguns minutos o bebê começou a chorar e eu o coloquei nas mãos do pediatra.

Foi uma comoção geral.

Depois de tudo resolvido, ao sair do plantão, o médico que auxiliou na Cesária me viu na porta do hospital e me perguntou onde eu morava e como iria voltar. Eu disse que morava na região do Butantã e ele disse que morava no caminho, bem próximo à minha casa e me deu carona.

No caminho fomos conversando e ele me disse que era ateu mas que depois que viu o que o meu Deus fez naquela criança ficou perplexo e começou a acreditar que Deus existe.

Dei o meu testemunho de vida e ele me levou até a minha casa, onde meu marido e filhos me esperavam.

Depois de uma semana voltei ao hospital e soube que a moça e o seu bebê tiveram alta e estavam bem.

Fiquei muito feliz e mais uma vez agradecida por Deus ter me usado de uma forma tão especial…

Carmen Sílvia Musa Lício

Carmen Musa nasceu em 15/09/1952 na Cidade de São Paulo/SP.

Filha de pastor (Wilson Nóbrega Lício), sobrinha de pastores (Mário Lício e Miguel Rizzo Jr), prima de outro pastor (Paulo Lício Rizzo), cresceu na Igreja Presbiteriana de Pinheiros, onde o seu pai foi pastor por 20 anos.


Converteu-se aos 17 anos, juntamente com a sua irmã, em um culto de despedida do missionário Haroldo Reimer, na Primeira Igreja Presbiteriana Independente de São Paulo. Isto aconteceu em 27 de Junho de 1970. Após pouco mais de 2 meses sua irmã Nilza Maria faleceu, aos 15 anos, em um acidente de carro, e isto mudou todo o rumo da sua vida. Resolveu então ser enfermeira para cuidar das pessoas, tanto física, quanto emocional e espiritualmente, levando o evangelho de Jesus por onde quer que fosse.


Agora, já aposentada, dedica-se mais a escrever crônicas, poemas, alguns livros e a compor alguns corinhos, além de auxiliar, de alguma forma, a quem a procura solicitando algum aconselhamento espiritual para a sua vida.
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Minha Oração

Jesus, meu amado mestre
razão maior do meu viver
quero sempre Te oferecer
meu coração, todo meu ser
.

Quando perdida me encontrava
foi Teu amor que me resgatou
me dando Vida, uma canção nova,
Imensa alegria de viver

Que a minha vida possa ser
verdadeira canção de amor,
Então, assim, resplandecer
Não pelos meus méritos
mas pelos Teus
Pela Tua ação em meu viver
.

Jesus, meu amado Mestre
Meu coração transborda
de gratidão, paz, amor a Ti
Muito obrigada pelo Teu amor
Muito obrigada pela Tua Salvação.

by Carmen, a Musa
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OBRA DE DEUS

Um testemunho de Carmen Sílvia Musa Lício:


Lá  pelo ano de 2020, um senhor que morava em uma casa bem em frente à  minha, começou a me procurar, perguntando se eu poderia esquentar a sua marmita no meu micro-ondas.

Ele tinha uns 45 anos e estava fazendo parte de um grupo que fazia reformas e pinturas no conjunto residencial onde estava. Ele morava lá  por ser o seu local de trabalho e veio de Ribeirão Preto,  SP.


Depois de um tempo trazia só  arroz e feijão para esquentar. Eu fiquei com pena e colocava carne e, depois de esquentar, colocava salada. 


Aos poucos fui conhecendo a sua história. Seu nome era Moisés. Era caminhoneiro e como havia se tornado alcoolista, foi demitido. Esta foi a única oportunidade que encontrou para poder se sustentar; abandonou a sua família e veio morar em São Paulo.

Após  algumas semanas pude perceber que estava novamente tomando muita bebida alcoólica, o que estava atrapalhando novamente a sua vida.  O senhor que o contratou só não  o mandou embora por pena. Eu pedi para ele ter paciência…

Uma vez, estava sentado na pequena escada que ficava em frente à  sua pequena casa, muito triste e choroso. Quando me viu se levantou e veio conversar comigo, em frente ao portão da minha casa, e contou que não  estava mais aguentando esta vida e que não  sabia mais o que fazer para se livrar do álcool e sentir paz no seu coração. Eu procurei falar com calma, e disse que só  Deus poderia ajudá-lo nesta situação; que ele só sentiria paz se tivesse Jesus no seu coração.  Expliquei como é  a conversão a Jesus e ele me perguntou como poderia fazer isto. Eu disse que se ele quisesse aceitar a Jesus no seu coração  poderia orar comigo,  repetindo as minhas palavras. Ele disse que sim e eu comecei a orar. Lá  pelas tantas, ele gritou bem alto, olhando para o Céu: –“Jesus, vem morar no meu coração! Eu o aceito como o meu Salvador “.

Gritou tão  alto que toda a vizinhança veio para fora para ver o que estava acontecendo. Confesso que fiquei até um tanto constrangida e  envergonhada, mas é  bem melhor ouvir isto do que ver uma briga…

Depois perguntei se ele queria uma Bíblia, o que ele agradeceu, e começou a ler todos os dias, por várias horas. Até  o seu semblante mudou…

Após  uns 3 meses veio me procurar e disse que havia voltado a usar álcool. Estava muito triste.  Conversei com ele e perguntei se queria que eu visse uma clínica de reabilitação.  Aceitou e tentei algumas evangélicas, mas estavam todas lotadas. Após  algum tempo ele caiu da escada e teve uma torção na perna. Consegui um atendimento na UPA e a sua perna direita foi enfaixada. Tinha que usar bengala e eu acabei dando a bengala que eu tinha de lembrança do meu pai, já  falecido há  décadas.

Depois consegui um atendimento na PMSP, onde foi acolhido e levado a uma clínica de reabilitação.

Ficou lá  por 2 meses e quando saiu conseguiu um emprego como caminhoneiro novamente.  Foi para Ribeirão Preto,  onde a sua família morava, e veio se despedir de mim, agradecendo muito o que eu fiz por ele, dizendo que quando viesse a serviço  para São Paulo viria me visitar.

Nunca mais o vi, mas quando me lembro dele peço a Deus que continue abençoando-o e fazendo a Sua obra na sua vida.

Mais um testemunho de como Deus pode nos usar para transformar vidas…

Carmen Sílvia Musa Lício

Carmen Sílvia Musa Lício nasceu em 15/09/1952 na Cidade de São Paulo/SP.

Filha de pastor (Wilson Nóbrega Lício), sobrinha de pastores (Mário Lício e Miguel Rizzo Jr), prima de outro pastor (Paulo Lício Rizzo), cresceu na Igreja Presbiteriana de Pinheiros, onde o seu pai foi pastor por 20 anos.

Converteu-se aos 17 anos, juntamente com a sua irmã, em um culto de despedida do missionário Haroldo Reimer, na Primeira Igreja Presbiteriana Independente de São Paulo. Isto aconteceu em 27 de Junho de 1970. Após pouco mais de 2 meses sua irmã Nilza Maria faleceu, aos 15 anos, em um acidente de carro, e isto mudou todo o rumo da sua vida. Resolveu então ser enfermeira para cuidar das pessoas, tanto física, quanto emocional e espiritualmente, levando o evangelho de Jesus por onde quer que fosse.

Agora, já aposentada, dedica-se mais a escrever crônicas, poemas, alguns livros e a compor alguns corinhos, além de auxiliar, de alguma forma, a quem a procura solicitando algum aconselhamento espiritual para a sua vida.
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Minha Oração

Jesus, meu amado mestre
razão maior do meu viver
quero sempre Te oferecer
meu coração, todo meu ser
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Quando perdida me encontrava
foi Teu amor que me resgatou
me dando Vida, uma canção nova,
Imensa alegria de viver

Que a minha vida possa ser
verdadeira canção de amor,
Então, assim, resplandecer
Não pelos meus méritos
mas pelos Teus
Pela Tua ação em meu viver
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Jesus, meu amado Mestre
Meu coração transborda
de gratidão, paz, amor a Ti
Muito obrigada pelo Teu amor
Muito obrigada pela Tua Salvação.

by Carmen, a Musa
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VIDA TRANSFORMADA

Um testemunho de Carmen Sílvia Musa Lício:

Em meados de 2002 eu estava no Posto de Saúde atendendo os usuários, como sempre. Nesta época eu era Auxiliar de Chefia e tentava, dentro do possível, resolver os casos mais difíceis que chegavam a mim. Fui procurada por um senhor de aproximadamente 60 anos, com suspeita de câncer de língua. Estava muito difícil conseguir uma vaga em qualquer hospital de referência, pois as portas estavam fechadas; inclusive as vagas de ‘câncer de boca’ para o ano já  estavam lotadas e estávamos ainda no mês de Maio!

Demorei uns 20 dias, ligando para onde você possa imaginar. Enfim consegui uma ‘alma caridosa’ que passou por cima das regras, ‘benditas’ regras, e conseguiu a consulta mais rapidamente. Após  a biópsia, o diagnóstico esperado. Vinha então um novo desafio. Ele foi encaminhado para fazer radioterapia no ABC e não tinha dinheiro para a condução (2 passagens intermunicipais e 4 passagens municipais) e o tratamento durava 40 dias. Liguei para muitas pessoas para ver uma maneira de conseguir, e, finalmente, consegui que ele fizesse o tratamento…

Conversei muito com ele sobre a necessidade de não mais fumar nem beber, fazer o tratamento direitinho e que, humanamente, estávamos fazendo tudo o que era possível. Incentivei-o também a procurar alguma igreja, dessas que têm o dom de cura e que não  lhe ‘cobrasse dinheiro’. E assim foi; parou de fumar e de beber e fez uma campanha de oração em uma igreja evangélica.


Após a quimioterapia, sofreu uma cirurgia que retirou uma parte lateral posterior da língua. Estava muito magro e fraco, além de morar sozinho. Disse que a sua família não se importava com ele (talvez por ser alcoolista). Não me ative muito à sua família, pois deu para perceber que os relacionamentos familiares estavam rompidos.

Ele conseguiu, através da assistente social do hospital onde fez a cirurgia, um alimento líquido completo, que vinha em ‘caixas longa vida’. Mal conseguia alimentar-se, tendo sido necessário colocar uma sonda nasogástrica por onde introduzia o líquido. De vez em quando vinha nos procurar para lavar a sonda, que entupia devido ao líquido ser bem espesso. Nesta época confesso que pensei que não conseguiria superar esta fase, pois estava muito abatido, tanto física quanto emocionalmente. Isto me preocupou, pois era uma brecha para a doença evoluir.

Procurei melhorar o seu estado de ânimo e continuei a falar que ‘para Deus não  há impossíveis’. Fez um tratamento de fonoaudiologia e conseguiu reabilitar a sua fala! Ficamos muito felizes. A cada vitória, comemorávamos juntos. Depois perdi o contato com ele. De vez em quando o encontrava na rua e conversávamos um pouco…

Após muito tempo um senhor veio me procurar perguntando se eu estava me lembrando dele. Olhei com atenção e vi que a sua fisionomia me era familiar (o engraçado é que eu sou boa ‘fisionomista’). Quando ele começou a falar percebi que era ‘o próprio, ao vivo e a cores!’ Estava completamente mudado. Mais gordo (não obeso), corado, alegre e falante. Foi um momento inesquecível!

Após 4 anos de ‘capítulo após capítulo’ eu o via renovado, tanto física quanto emocionalmente! Contou que estava completamente curado, com alta médica e tudo o mais; que conseguiu através daquela assistente social uma aposentadoria de um salário-mínimo que dava para os seus gastos pessoais. Então contou-me que, através de um amigo, pela Internet, reencontrou um irmão que tinha se ‘perdido pela vida e pelo mundo’ há mais de 20 anos; que já fora lá visitá-lo e estava morando com a família.

E tem mais, conseguiu um bilhete de passagem gratuita tanto para a sua locomoção dentro da cidade de São Paulo, como intermunicipal e, pasmem, interestadual. Começou a viajar para outros lugares começando por Curitiba para rever o irmão e conhecer os seus sobrinhos. Tirou muitas fotos, que mostrou para mim, com um misto de satisfação e orgulho. Emprestou-me até um DVD onde está registrado a sua viagem de trem para Paranaguá, com a família do seu irmão.

Depois ‘pegou o vício’ e começou a viajar por aí, indo para Belo Horizonte , Rio de Janeiro, Vitória… Como não tem dinheiro para pagar algum lugar para pernoitar, viaja à noite, enquanto dorme; passa o dia conhecendo o local e volta à noite para São Paulo. Foi assim que acabou conhecendo o Rio de Janeiro, pois não tinha passagem gratuita na noite seguinte para regressar de Belo Horizonte à ‘terra da garoa’. Acabou conseguindo uma passagem para o Rio de Janeiro, e embarcou!

Sempre que volta das suas viagens vem ao posto trazer as fotos para eu ‘conhecer o local’. Como a máquina fotográfica é emprestada do irmão, dei uma câmera fotográfica que eu tinha guardada no ‘fundo do baú’. Ele demonstrou muita alegria e disse que estava para ir à Blumenau e que me traria umas fotos tiradas com a sua nova máquina. Pedi então para tirar uma foto dele lá. Ele tirou e me trouxe… Tenho até  hoje de lembrança!

Não é uma vitória??? Aliás, muitas vitórias, algumas até inimagináveis! Deixou de beber, de fumar, foi curado, restaurou o relacionamento com o irmão (há muito tempo perdido), tem o seu sustento garantido, está conhecendo o Brasil, está com a cabeça mudada, com uma qualidade de vida muito melhor, com a sua autoestima bem melhor, com saúde e com um conhecimento pessoal de Deus e Seu poder que transpira por todos os poros!!! Vive sorrindo, alegre! Tem muitos planos de viagens…

Ele acaba sendo uma ‘prova ambulante’ de como as pessoas, com alguma ajuda, podem ser transformadas por Deus. Com o tempo espero que possa restaurar o relacionamento familiar com seus filhos. Aí,  sim, vai ser a vitória total!

Escrito em 2008.

Carmen Sílvia Musa Lício

Carmen Sílvia Musa Lício nasceu em 15/09/1952 na Cidade de São Paulo/SP.

Filha de pastor (Wilson Nóbrega Lício), sobrinha de pastores (Mário Lício e Miguel Rizzo Jr), prima de outro pastor (Paulo Lício Rizzo), cresceu na Igreja Presbiteriana de Pinheiros, onde o seu pai foi pastor por 20 anos.

Converteu-se aos 17 anos, juntamente com a sua irmã, em um culto de despedida do missionário Haroldo Reimer, na Primeira Igreja Presbiteriana Independente de São Paulo. Isto aconteceu em 27 de Junho de 1970. Após pouco mais de 2 meses sua irmã Nilza Maria faleceu, aos 15 anos, em um acidente de carro, e isto mudou todo o rumo da sua vida. Resolveu então ser enfermeira para cuidar das pessoas, tanto física, quanto emocional e espiritualmente, levando o evangelho de Jesus por onde quer que fosse.

Agora, já aposentada, dedica-se mais a escrever crônicas, poemas, alguns livros e a compor alguns corinhos, além de auxiliar, de alguma forma, a quem a procura solicitando algum aconselhamento espiritual para a sua vida.
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SER ENFERMEIRO

Ser enfermeiro é uma missão
Envolve a alma, o coração
É cuidar dos que necessitam
De um cuidado, de uma atenção

Ser enfermeiro por vocação
É um dom maior
É cuidar de todos
Sem exceção

Depois de tantos anos
De pura dedicação
Missão comprida
Missão cumprida
Sensação de paz
No coração

Dever cumprido
Com muitas lágrimas
Muitos sorrisos
Muito trabalho
Muita emoção

Enfermeiro não se aposenta
Só não mais se arrebenta
Faz o que pode ao seu redor
Continua sempre a tentar cuidar
Dar conselhos, tentar ajudar.

By Carmen, a Musa

Após 42 anos de formação
2017
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:

DECIFRANDO NIGERIANOS

Um testemunho de Carmen Sílvia Musa Lício:

Não sei por que cargas d’água uns nigerianos vieram morar justamente no Jardim João XXIII! Será que falaram para eles que aqui o clima é melhor, ou que se vive com uma qualidade de vida melhor? Ou que o povo é mais acolhedor?

Então, apareceram no nosso posto de saúde uns nigerianos que não falavam nada de Português, só um inglês mal falado como o meu, sem grandes verborreias (leia-se: vocabulário). Vieram em dois, solicitando sei lá o que, não sei para quando, muito menos para que. E acabaram sendo atendidos por muitas pessoas, sem ninguém conseguir decifrar o que queriam. Então os trouxeram para mim. Eu, como boa enfermeira, tentei solucionar o problema e, entre “Please”, “I don’t speak english”, “I don’t understand”, “What do you want?”, “Seat down, please”, “Wait a moment, please” e mais algumas frases, consegui perceber que estavam necessitando de alguns exames para serem admitidos como cozinheiros em um restaurante nigeriano, no centro de São Paulo. Não consegui saber como vieram morar aqui, distante uma hora de lá. Mas saíram com a matrícula do posto, as guias para os exames laboratoriais e com um sorriso enorme no rosto.

Após algum tempo, trouxeram outro, depois mais um e, como eu sou políglota (poliglota eu não sou) já me procuravam em bando, cada vez um servindo de intérprete, falando meia dúzia de palavras em português. Já chegam sorrindo e, após algum tempo, conseguimos sempre nos fazer entender. Eles estão melhorando o seu português e eu tento melhorar o meu inglês.

Um dia, aquele que me procurou em primeiro lugar, foi direto ao AMA, pois estava se sentindo mal e precisava de uma consulta médica de emergência. Como ninguém decifrasse o que ele dizia, me chamaram para servir de intérprete. Como ele estivesse muito nervoso, levei-o à minha sala e comecei o jogo do “decifre quem puder”. Depois de muitas palavras, de muitos gestos enfáticos, e muito esforço de ambas as partes, resolvi ver a pressão e a sua glicemia. A glicemia estava normal, mas a pressão estava “nas alturas” e ele pedia para que nós cortássemos o seu pulso, fazendo sinal do corte e do sangue jorrando para fora. A essas alturas estávamos em várias pessoas tentando entender. De repente consegui “traduzir” que ele queria que fizéssemos uma sangria para que a sua pressão baixasse. Fiquei estupefata, ou melhor, estupidificada, com esta receita tão primitiva e rudimentar.

Consegui acalmá-lo e expliquei ao médico o problema; disse ainda ao nigeriano que aqui não se fazia assim, resolvia-se com remédio (Parecia aquele jogo de adivinharem o que o outro está querendo falar através de mímica).

Após tomar o remédio, passado um tempo, a pressão foi normalizada. Ele ficou encantado com “esta nova tecnologia” que o tratou sem a necessidade de um tratamento mais agressivo, e até hoje, quando traz algum patrício para o posto me apresenta com uma cara de felicidade total! Nunca fui tão valorizada em minha carreira por uma conduta tão simples…

Carmen Sílvia Musa Lício

Carmen Sílvia Musa Lício nasceu em 15/09/1952 na Cidade de São Paulo/SP.

Filha de pastor (Wilson Nóbrega Lício), sobrinha de pastores (Mário Lício e Miguel Rizzo Jr), prima de outro pastor (Paulo Lício Rizzo), cresceu na Igreja Presbiteriana de Pinheiros, onde o seu pai foi pastor por 20 anos.

Converteu-se aos 17 anos, juntamente com a sua irmã, em um culto de despedida do missionário Haroldo Reimer, na Primeira Igreja Presbiteriana Independente de São Paulo. Isto aconteceu em 27 de Junho de 1970. Após pouco mais de 2 meses sua irmã Nilza Maria faleceu, aos 15 anos, em um acidente de carro, e isto mudou todo o rumo da sua vida. Resolveu então ser enfermeira para cuidar das pessoas, tanto física, quanto emocional e espiritualmente, levando o evangelho de Jesus por onde quer que fosse.

Agora, já aposentada, dedica-se mais a escrever crônicas, poemas, alguns livros e a compor alguns corinhos, além de auxiliar, de alguma forma, a quem a procura solicitando algum aconselhamento espiritual para a sua vida.
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SER ENFERMEIRO

Ser enfermeiro é uma missão
Envolve a alma, o coração
É cuidar dos que necessitam
De um cuidado, de uma atenção

Ser enfermeiro por vocação
É um dom maior
É cuidar de todos
Sem exceção

Depois de tantos anos
De pura dedicação
Missão comprida
Missão cumprida
Sensação de paz
No coração

Dever cumprido
Com muitas lágrimas
Muitos sorrisos
Muito trabalho
Muita emoção

Enfermeiro não se aposenta
Só não mais se arrebenta
Faz o que pode ao seu redor
Continua sempre a tentar cuidar
Dar conselhos, tentar ajudar.

By Carmen, a Musa

Após 42 anos de formação
2017
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ABORTO

Um testemunho de Carmen Sílvia Musa Lício:

Estava de plantão no PS de um hospital, na zona sul de São Paulo, quando chegou uma moça passando mal. Perguntei o que aconteceu e a sua acompanhante me contou que ela havia tomado um remédio  para provocar o aborto  do feto que estava no seu ventre, de aproximadamente 2,5m de gestação.

Ela mal conseguia falar. Chamei o médico e contei o que aconteceu.

Como ela estava com muitas contrações,  ele pediu para a levarmos para a Sala de Parto. Lá,  após  algumas contrações fortes, saiu o feto, ainda dentro da bolsa amniótica inteira, com o líquido amniótico.

Eu o peguei com a luva, enquanto o médico cuidava da paciente.

O feto não  parava de se mexer, desesperado. Isto me chamou a atenção,  pois parecia estar passando muito mal e se debatia sem parar, apavorado. Eu fiquei sem saber o que fazer, pois não  havia o que pudesse fazer para salvar a sua vida, de aproximadamente 10 semanas.

Logo depois o médico veio ver e viu também o seu sofrimento…

Eu, para consolar o feto, envolvi as minhas duas mãos em volta dele, tentando aquece-lo e faze-lo sentir-se mais seguro. Ele se acomodou nas minhas mãos e morreu depois de poucos minutos…

Eu e o médico nos olhamos e lágrimas escorriam dos nossos olhos.

Nunca havia passado por uma situação destas e vi como os fetos, mesmo com menos de 3 meses de gestação, sofrem muito quando são  abortados.

Nunca mais me esqueci desta história.

Agora querem que o aborto seja legalizado, pois é  um ‘direito da gestante’. E o direito do pequeno ser humano, que nem consegue se defender?

Se não quer dar à luz, que evite a gestação  usando camisinha, anticoncepcionais…

Depois que engravidou, que leve a gravidez até o final, e, se não o quiser, que o entregue para os familiares ou para adoção…

Carmen Sílvia Musa Lício

Carmen Sílvia Musa Lício nasceu em 15/09/1952 na Cidade de São Paulo/SP.

Filha de pastor (Wilson Nóbrega Lício), sobrinha de pastores (Mário Lício e Miguel Rizzo Jr), prima de outro pastor (Paulo Lício Rizzo), cresceu na Igreja Presbiteriana de Pinheiros, onde o seu pai foi pastor por 20 anos.

Participou do Coral desde os 12 anos, onde dona Maria Salete era regente, fazendo a voz de contralto. Seus irmãos e mãe faziam as outras vozes, formando um quarteto familiar, o que muito auxiliou o seu pai em viagens para participar de Campanhas Evangelísticas, bem como da inauguração da Igreja Presbiteriana em Porto Alegre, RS.

Na sua adolescência foi, juntamente com toda a família, para a IP de Vila Pompeia, São Paulo, quando da transferência do seu pai para lá pastorear. Cantou no coral que se apresentou no Maracanã, quando houve a Cruzada Billy Graham, em 1974.

Converteu-se aos 17 anos, juntamente com a sua irmã, em um culto de despedida do missionário Haroldo Reimer, na Primeira Igreja Presbiteriana Independente de São Paulo. Isto aconteceu em 27 de Junho de 1970. Após pouco mais de 2 meses sua irmã Nilza Maria faleceu, aos 15 anos, em um acidente de carro, e isto mudou todo o rumo da sua vida. Resolveu então ser enfermeira para cuidar das pessoas, tanto física, quanto emocional e espiritualmente, levando o evangelho de Jesus por onde quer que fosse.

Sempre amou música e, apesar de não ter uma formação nesta área, sempre incentivada por esta regente, acabou sendo a única pré-adolescente a fazer parte do coral da igreja. Sua tia, Blanche Lício, esposa do rev. Mário Lício compôs vários hinos, assim como o seu primo Paulo Lício Rizzo.

Próximo ao seu falecimento Paulo compôs a letra para um hino, não tendo tempo para compor também a música. Após 60 anos da sua morte, mexendo em seus guardados, Carmen, que já compôs alguns corinhos (letra e música), ao ler a letra tão profunda, de um pastor ainda jovem, antevendo a sua morte iminente, acabou por compor a melodia para este hino até então inacabado.

Agora, já aposentada, dedica-se mais a escrever crônicas, poemas, alguns livros e a compor alguns corinhos, além de auxiliar, de alguma forma, a quem a procura solicitando algum aconselhamento espiritual para a sua vida.
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SER ENFERMEIRO

Ser enfermeiro é uma missão
Envolve a alma, o coração
É cuidar dos que necessitam
De um cuidado, de uma atenção

Ser enfermeiro por vocação
É um dom maior
É cuidar de todos
Sem exceção

Depois de tantos anos
De pura dedicação
Missão comprida
Missão cumprida
Sensação de paz
No coração

Dever cumprido
Com muitas lágrimas
Muitos sorrisos
Muito trabalho
Muita emoção

Enfermeiro não se aposenta
Só não mais se arrebenta
Faz o que pode ao seu redor
Continua sempre a tentar cuidar
Dar conselhos, tentar ajudar.

By Carmen, a Musa

Após 42 anos de formação
2017
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CONVERSÃO DE JOSÉ WILSON LÍCIO

Um testemunho de Carmen Sílvia Musa Lício:

José  Wilson, apesar de ser filho do Rev. Wilson Nóbrega Lício,  pastor Evangélico, se dizia ateu. Não  acreditava mais na existência de Deus devido a algumas decepções…

Um dia, conversando com ele, eu disse que no dia que ele precisasse de uma ajuda maior,  fizesse ‘prova de Deus’, pois na Bíblia há  um versículo onde fala para O colocarmos à prova.

Depois de um tempo, houve o ‘Plano Collor’, onde todas as pessoas que tinham mais dinheiro no banco  o perderam para o governo. Para ele não  permitir que os seus colaboradores fossem à falência, ele os pagou e ele ficou zerado.

José Wilson era decorador e fazia decoração para empresários ricos, que moravam em São  Paulo e Ribeirão Preto  (SP).

Um dia ele foi entregar mais uma mansão decorada por ele. Ele fazia, muitas vezes,  desde a escolha do terreno, a planta da casa,  a decoração da casa e do jardim, com inúmeras plantas e árvores.

Quando estava mostrando ao dono e à sua esposa a decoração do interior da casa, se lembrou de 2 tapetes que ele importou da Índia,  lindos, grandes e caros. O cliente que havia encomendado acabou por desistir,  devido à situação econômica do País e o José Wilson ficou com o prejuízo,  pois já tinha importado e pago.

Os tapetes eram grandes,  um de 3x5m e outro de 5x7m. Foi nesta hora que se lembrou do que eu disse, e, segundo ele, fez uma ‘oração porca’: – ‘Deus, se é  que você  existe mesmo, faça  com que este homem compre um dos tapetes, para me tirar dessa situação”.

Falou para o senhor que os tapetes eram lindos e que ele poderia consultar a sua esposa sobre a sua compra,  pois ficariam perfeitos na sala de jantar da mansão.

O senhor disse que não  iria falar com ela, pois ela só  sabia gastar…

Então ele orou mais uma vez, em silêncio,  falando para Deus, que se Ele existisse mesmo, que um milagre acontecesse.

O homem resolveu então ir falar com a sua esposa e enquanto estava no caminho da sala para a cozinha, José Wilson fez a sua última oração. E nesta mesma hora, o senhor se virou e disse: – “Não vou falar com ela, não.  Vou fazer uma surpresa! Vou comprar o tapete maior”.

Voltou para onde o José Wilson estava e o encontrou com lágrimas escorrendo pelos olhos…

E assim Deus se manifestou para o meu querido irmão José Wilson,  que se tornou crente, aceitando também a Jesus como o seu Salvador.

Glórias a Deus!!!

Carmen Sílvia Musa Lício

Carmen Sílvia Musa Lício nasceu em 15/09/1952 na Cidade de São Paulo/SP.

Filha de pastor (Wilson Nóbrega Lício), sobrinha de pastores (Mário Lício e Miguel Rizzo Jr), prima de outro pastor (Paulo Lício Rizzo), cresceu na Igreja Presbiteriana de Pinheiros, onde o seu pai foi pastor por 20 anos.

Participou do Coral desde os 12 anos, onde dona Maria Salete era regente, fazendo a voz de contralto. Seus irmãos e mãe faziam as outras vozes, formando um quarteto familiar, o que muito auxiliou o seu pai em viagens para participar de Campanhas Evangelísticas, bem como da inauguração da Igreja Presbiteriana em Porto Alegre, RS.

Na sua adolescência foi, juntamente com toda a família, para a IP de Vila Pompeia, São Paulo, quando da transferência do seu pai para lá pastorear. Cantou no coral que se apresentou no Maracanã, quando houve a Cruzada Billy Graham, em 1974.

Converteu-se aos 17 anos, juntamente com a sua irmã, em um culto de despedida do missionário Haroldo Reimer, na Primeira Igreja Presbiteriana Independente de São Paulo. Isto aconteceu em 27 de Junho de 1970. Após pouco mais de 2 meses sua irmã Nilza Maria faleceu, aos 15 anos, em um acidente de carro, e isto mudou todo o rumo da sua vida. Resolveu então ser enfermeira para cuidar das pessoas, tanto física, quanto emocional e espiritualmente, levando o evangelho de Jesus por onde quer que fosse.

Sempre amou música e, apesar de não ter uma formação nesta área, sempre incentivada por esta regente, acabou sendo a única pré-adolescente a fazer parte do coral da igreja. Sua tia, Blanche Lício, esposa do rev. Mário Lício compôs vários hinos, assim como o seu primo Paulo Lício Rizzo.

Próximo ao seu falecimento Paulo compôs a letra para um hino, não tendo tempo para compor também a música. Após 60 anos da sua morte, mexendo em seus guardados, Carmen, que já compôs alguns corinhos (letra e música), ao ler a letra tão profunda, de um pastor ainda jovem, antevendo a sua morte iminente, acabou por compor a melodia para este hino até então inacabado.

Agora, já aposentada, dedica-se mais a escrever crônicas, poemas, alguns livros e a compor alguns corinhos, além de auxiliar, de alguma forma, a quem a procura solicitando algum aconselhamento espiritual para a sua vida.

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Minha Oração

Jesus, meu amado mestre
razão maior do meu viver
quero sempre Te oferecer
meu coração, todo meu ser
.

Quando perdida me encontrava
foi Teu amor que me resgatou
me dando Vida, uma canção nova,
Imensa alegria de viver

Que a minha vida possa ser
verdadeira canção de amor,
Então, assim, resplandecer
Não pelos meus méritos
mas pelos Teus
Pela Tua ação em meu viver
.

Jesus, meu amado Mestre
Meu coração transborda
de gratidão, Paz, amor a Ti
Muito obrigada pelo Seu amor
Muito obrigada pela Tua Salvação.

by Carmen, a Musa

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APRENDIZADO PARA TODA A VIDA

Um testemunho de Carmen Sílvia Musa Lício:

Eu tive um amigo que me era muito caro. Um rapaz inteligente que conheci desde que éramos pequenos ainda. Morávamos próximos e sempre visitava a sua família e ele a minha. As nossas famílias eram muito amigas. Brincávamos pelas ruas do bairro de Pinheiros, em grupos, e também a sós. Eram momentos de muita alegria.

Ele era realmente muito inteligente, além de esforçado. Falava sobre as plantas, quando via alguma em algum vaso ou pelas ruas e parques. Dizia os nomes científicos, como deveriam ser cuidadas. Ao ver um aquário, falava sobre cada um dos peixes, como deveriam ser cuidados, como deixar um aquário autossuficiente, de modo a não precisar ser esvaziado e limpo… Amava Astronomia e, ao ver as estrelas, discursava sobre cada uma delas, seus nomes e a qual constelação pertenciam. Tudo isto e muito mais, mas sempre com humildade, de uma forma tranquila, com bom humor, sem querer ‘aparecer’. Além de tudo isto, ele tocava piano muito bem!

Quando chegou ao final da adolescência, resolveu cursar Medicina. Sendo estudioso, entrou em duas faculdades, escolhendo ir para Campinas, onde começou a fazer o seu curso. Depois desta fase eu quase não tinha notícias dele, a não ser pelos seus familiares, além de serem notícias esporádicas.

Depois de um tempo, pouco mais de um ano, desistiu, retornando a São Paulo. Passou um tempo em depressão e depois começou a trabalhar como ‘office-boy’ em Pinheiros e arredores. Pouco o encontrei ou conversei com ele nesta época, inclusive por eu ter me mudado de lá com a minha família. Uma vez o encontrei no Largo de Pinheiros e quando perguntei por que resolveu ser ‘office-boy’, respondeu laconicamente que era bom, pois andava durante todo o dia e assim, ao voltar para casa, dormia logo, de tão cansado, e não ficava pensando, à noite, nos problemas da vida.

E o tempo passou…

Depois de alguns anos soube que ele resolveu novamente tentar fazer Medicina, e mais uma vez entrou em uma excelente faculdade pública em São Paulo, com excelente classificação. E assim acompanhei, de longe, o seu esforço para cursar a faculdade, sendo sempre muito bem avaliado.

Um dia, quando eu estava terminando a Faculdade de Enfermagem na USP, ele cursando o quarto ano de Medicina, meu pai recebeu um telefonema onde disseram que ele estava internado na UTI do Hospital das Clínicas, em estado grave. Fiquei consternada, sem saber o que pensar a respeito, só querendo vê-lo e saber como estava. Fui correndo para lá, ainda com o uniforme de estudante, o que me facilitou a entrada. Vi que estava mesmo muito mal, em estado de coma, com traqueostomia. Ao conversar com os médicos, eles me disseram que o seu estado era grave e que dificilmente sobreviveria.

Soube então da sua história. Seus pais resolveram viajar para o litoral e ele disse não querer acompanhá-los para ficar em casa e estudar para uma prova. Seus pais saíram de carro e logo depois resolveram voltar, pois seu pai havia esquecido um documento. Assim que chegou à sua casa, chamou pelo filho, que não respondeu. Subiu as escadas que dava para o andar superior e logo viu a porta do banheiro, entreaberta, com barulho de água corrente. Entrou e viu o filho sentado na banheira de ‘ofurô’, com os pulsos cortados, com o sangue jorrando até o teto. Ficou desesperado, fez um torniquete no braço, chamou a ambulância, que o levou ao Hospital das Clínicas.

Ele era um rapaz magro, alto, mestiço de japonês com brasileira, muito bonito. Eu não conseguia entender o que poderia tê-lo levado a um ato tão extremo. Ficava imaginando a sua aflição por algo que estava tirando a sua paz e a tristeza profunda dos seus pais, irmãos e familiares…

Comecei a visitá-lo todos os dias, após o meu estágio no próprio HC, e depois, mais à noitinha, após o término das aulas teóricas, no prédio ao lado. E sempre que ia lá, pegava na sua mão e conversava com ele, mesmo ele estando em estado de coma profundo. Dizia que era o meu amigo preferido, que o amava como a um irmão, que a sua vida era muito importante para mim, para os seus parentes e amigos. Sempre, antes de entrar na UTI, lia algum versículo da Bíblia que falasse sobre o amor de Deus, sobre a sua imensa bondade, discorrendo depois sobre o texto. Sabia que algo muito sério deveria ter acontecido para que ele desistisse assim da vida e queria tocar o seu coração, pois sabia que só sairia dali vivo se ele mesmo quisesse e lutasse pela sua própria vida.

Uma vez um dos alunos de medicina, que cuidava dele, me contou que era seu colega de faculdade e relatou-me alguns fatos que aconteceram com ele, mas nada que justificasse toda esta tragédia. Eu percebia que havia uma razão muito séria por trás de tudo aquilo e orava para que Deus me desse a Sua sabedoria, para que eu pudesse chegar ao seu coração e tocá-lo de alguma forma. Pedia também para que Deus me desse tempo suficiente e a melhor forma de falar de Jesus para ele, que segurasse a sua vida até ele ouvir sobre a verdadeira mensagem do evangelho.

Depois de passados uns 15 dias, eu estava falando com ele, segurando a sua mão quando, de repente, eu disse: –“Olha, eu estou vindo aqui todos os dias. Tenho falado com você, sem ao menos saber se você me ouve ou se me entende. Não sei se estou falando com as paredes… Se você está me escutando, dê algum sinal, por favor! Pode ser um aperto de mão, um piscar de olhos, qualquer coisa…” E fiquei atenta.

De repente, senti um aperto de mão forte, o que me deixou muito surpresa e feliz, já que os médicos diziam, sempre, que eu estava falando com uma ‘planta’, pois ele nada poderia escutar, já que estava em um coma profundo. Diziam isto para que eu aceitasse a sua condição, e me conformasse.

Depois de saber que ele não só me escutava, mas também conseguia me entender, comecei a falar de uma forma mais clara e direta, pedindo a ele para que, se concordasse comigo, me apertasse a mão; se não, ficasse quieto. Quando não apertava a mão, pedia então para que, se não concordasse comigo, apertasse então a minha mão. E começamos assim a nossa ‘conversa’.

Uma vez, antes de ir para o HC, passei pelo Largo de Pinheiros, onde pegaria outro ônibus para lá e, sem querer, enquanto conversava com um rapaz, ainda no ponto de ônibus, quando contei deste meu amigo, ele começou a contar que ele havia sido seu colega lá em Campinas.

Eu fiquei chocada com esta ‘coincidência’. Contou-me um pouco das razões que levou este meu amigo a desistir de ficar lá e terminar o seu curso, já que era um excelente aluno. Disse que ele, sendo de uma família evangélica, resolveu morar em uma república onde havia vários rapazes. Um dos seus companheiros de quarto procurou-o no meio da noite, tentando manter uma relação sexual com ele, que ficou chocado, pois este rapaz era um dos líderes da igreja evangélica local. Não ficou claro para mim, nem para este rapaz, até que nível chegou este possível relacionamento. Só sei que foi por esta razão que ele abdicou do seu sonho de se formar em Medicina, voltando para São Paulo desesperançado, atormentado e deprimido, além de não mais confiar em Deus, na igreja, onde fora criado por tantos anos. Percebi que não se sentia digno do perdão de Deus por tal ato. Lembrei-me então de como estava descrente quando o encontrei no enterro da sua avó, pouco tempo depois da sua volta de Campinas.

Então consegui entender um pouco da provável razão para ele ficar tão desacorçoado, sem acreditar mais no ser humano, na igreja, na vida, em Deus! E continuei a visitá-lo todos os dias, sempre tentando falar com ele sobre o que eu sabia ser a única razão que poderia tocar o seu coração: a fé em Deus.

Falei então sobre o versículo onde está escrito que Deus não só perdoa nossos pecados, como deles se esquece; que não há pecado, por mais escarlate que seja, que Deus não possa tornar mais branco do que a neve. E outros versículos que mostram o Seu grande amor por nós. Falei sobre Deus nos amar a tal ponto que nos deu o único filho para que fôssemos perdoados, já que não somos, nem conseguimos, ser perfeitos. Falei do sacrifício de Jesus na cruz e, no final, perguntei se ele queria entregar a sua vida a Jesus, confessar os seus pecados e aceitá-lo como o seu único Salvador. Pedi a ele que se concordasse apertasse a minha mão; não apertou. Disse que se não concordasse, que deveria apertar a minha mão. Não apertou. Então perguntei se estava me ouvindo; apertou a minha mão. Perguntei se estava na dúvida; apertou a minha  mão. Então perguntei se poderia orar por ele, apertou a minha mão. Orei por ele e disse para ele pensar até o dia seguinte.

No dia seguinte, quando li outro versículo, disse a ele que eu ‘não iria enfiar pela goela abaixo algo que ele não quisesse, só porque estava sem poder me responder’. Ele respondeu, do nosso jeito, que eu poderia continuar a falar. No final perguntei se queria, afinal, aceitar a Jesus como o seu Salvador, e ele apertou fortemente a minha mão. Orei com ele e me pareceu que até o seu semblante ficou mais calmo, mais sereno. Aquele ar de tristeza, de angústia, deu lugar a uma paz que parecia vir de dentro para fora. Depois de poucos dias começou a dar um pequeno sorriso, só de um lado da boca, quando eu brincava com ele. Comecei então a ter mais esperança e ia visitá-lo, mais animada.

Neste dia, quando fui conversar com os médicos eles me disseram que, mesmo que ele sobrevivesse, já havia perdido a visão, pois havia, além de tudo, tomado um veneno para plantas, que o havia tornado cego. Disseram ainda que também não andaria e talvez sobrevivesse com sérias limitações.

Sabendo que os seus pais e irmãos queriam muito visitá-lo, pedi a ele que os recebesse. Ele não queria, mas eu sabia ser importante para a sua mãe. Então, depois de uma certa insistência, ele aceitou.

Um dia, ao chegar lá, o encontrei chorando muito, convulsivamente. Chorava alto e o som do seu choro saia pela traqueostomia, fazendo um som horrível, gutural; o que me fez chorar também. Fui conversar com os médicos e perguntei o que havia acontecido e eles me disseram que ele ficou assim depois que a sua mãe o havia visitado, na noite anterior. Chorou durante toda a madrugada e durante toda a manhã. Conversei com ele e tentei acalmá-lo, dizendo que não sabia o que a sua mãe havia falado, mas fosse lá o que fosse, tentasse se lembrar de que uma mãe desesperada às vezes fala coisas que não deveria falar nunca, mas que ela sempre o amou. Orei com ele e ele se acalmou. Pedi então aos familiares para não o visitarem mais, até que ele melhorasse de vez…

Uma tarde, quando estava conversando com ele, um dos residentes me inquiriu, dizendo como eu podia dizer que conversava com um ‘quase morto’. Eu expliquei como havia sido o nosso processo e eles ficaram muito intrigados, além de curiosos. Falei para eles ficarem calados e acompanharem toda a minha conversa. E assim foi. Até que eu perguntei se ele havia dormido bem; ele não apertou a minha mão. Depois eu perguntei se havia dormido mal e ele apertou a minha mão. Daí resolvi perguntar o que havia acontecido. Pedi para que ele apertasse a minha mão quando chegasse na primeira letra da palavra que seria a causa da sua insônia. Falei todo o ‘abecedário’, e nada! O rapaz que era residente, já entusiasmado, falou bem alto que ele não havia entendido direito, que eu repetisse. Eu fiz sinal para ele ficar quieto e expliquei novamente como seria a nova fase do processo por nós descoberto. Foi quando eu disse ‘D’ e ele apertou a minha mão. Para agilizar eu já perguntei se estava sentindo alguma dor; ele respondeu que sim. Novo abecedário e na letra P, novo aperto de mão. Perguntei se era ‘dor no pé’ e ele respondeu que sim. Descobri os pés dele e pudemos observar enormes hematomas que foram feitos à noite, na tentativa de pegar uma nova veia.

Como ficou claro que ele percebeu que estava sendo observado durante a nossa conversa, pedi a ele que dali para a frente respondesse às perguntas dos médicos. Ficou ‘calado’, mas eu disse que eles queriam o seu melhor e assim ele estaria ajudando na sua própria recuperação. E assim ele concordou.

Nesta época ele apresentou uma infecção generalizada e eles entraram com antibióticos mais potentes. Depois de alguns dias, percebendo que os seus cabelos estavam muito sujos e oleosos, perguntei se ele me deixava lavá-los e ele aquiesceu. Pedi uma bacia e uma jarra com água morna, uma toalha de banho e uma auxiliar de enfermagem me auxiliou, já que ele não conseguia se movimentar. Não quis dar banho no leito nele por achar que possivelmente ficaria constrangido, sendo eu mulher e sua grande amiga.

Depois deste ‘banho’ resolvi dar uma volta pelas redondezas para esfriar a minha cabeça e voltar no final da tarde para visitá-lo novamente, no próximo horário de visita. Fui ao cinema, no Conjunto Nacional, próximo dali, e ‘assisti’ a um filme. Não me perguntem qual foi o filme, pois o filme que passava na minha cabeça era tudo o que havia acontecido nestes últimos 20 dias…

Só pensava em como Deus havia atendido às minhas orações e em tudo que já havia acontecido. Mas continuava a orar por ele, pedindo a Deus que se fosse para ter tantas sequelas, uma vida em cima de uma cama, sem qualquer qualidade de vida, que o levasse para junto de Si. Na volta visitei-o novamente e ele até deu um sorriso para mim. E saí dali mais tranquila, mesmo sem saber qual seria o final desta história.

Chegando em minha casa, conversei com os meus pais, e fui dormir, não sem antes orar mais uma vez por ele. Confesso que naquela hora pensava na possibilidade de ele sobreviver, sem maiores sequelas, e usufruir uma vida, produtiva e feliz. E adormeci…

Fui acordada lá pelas 5:30h do dia seguinte, com o pai dele me dizendo que ele sabia que eu ‘já esperava por esta notícia’. Disse que ele morreu à noite, dormindo, sem sofrimento algum. Eu agradeci a ele e disse que iria logo para lá. Confesso que à estas alturas eu não esperava este final, assim, tão rápido…

Ele se foi, mas ficaram as memórias, as boas e más lembranças, e, principalmente, ficou a certeza de que ele está junto a Deus, gozando da Sua presença e do Seu grande amor. Quando lá eu chegar, só quero dar um abraço bem apertado nele, que falará por si só…

Ficou a enorme gratidão a Deus por haver permitido que eu pudesse ter tempo para falar de Jesus e, principalmente, de ele O aceitar como o seu Salvador. E ficou o grande aprendizado que auxiliou durante toda a minha vida profissional, como enfermeira, bem como na minha vida pessoal, com os meus familiares…

Carmen Sílvia Musa Lício

Carmen Sílvia Musa Lício nasceu em 15/09/1952 na Cidade de São Paulo/SP.

Filha de pastor (Wilson Nóbrega Lício), sobrinha de pastores (Mário Lício e Miguel Rizzo Jr), prima de outro pastor (Paulo Lício Rizzo), cresceu na Igreja Presbiteriana de Pinheiros, onde o seu pai foi pastor por 20 anos.

Participou do Coral desde os 12 anos, onde dona Maria Salete era regente, fazendo a voz de contralto. Seus irmãos e mãe faziam as outras vozes, formando um quarteto familiar, o que muito auxiliou o seu pai em viagens para participar de Campanhas Evangelísticas, bem como da inauguração da Igreja Presbiteriana em Porto Alegre, RS.

Na sua adolescência foi, juntamente com toda a família, para a IP de Vila Pompeia, São Paulo, quando da transferência do seu pai para lá pastorear. Cantou no coral que se apresentou no Maracanã, quando houve a Cruzada Billy Graham, em 1974.

Converteu-se aos 17 anos, juntamente com a sua irmã, em um culto de despedida do missionário Haroldo Reimer, na Primeira Igreja Presbiteriana Independente de São Paulo. Isto aconteceu em 27 de Junho de 1970. Após pouco mais de 2 meses sua irmã Nilza Maria faleceu, aos 15 anos, em um acidente de carro, e isto mudou todo o rumo da sua vida. Resolveu então ser enfermeira para cuidar das pessoas, tanto física, quanto emocional e espiritualmente, levando o evangelho de Jesus por onde quer que fosse.

Sempre amou música e, apesar de não ter uma formação nesta área, sempre incentivada por esta regente, acabou sendo a única pré-adolescente a fazer parte do coral da igreja. Sua tia, Blanche Lício, esposa do rev. Mário Lício compôs vários hinos, assim como o seu primo Paulo Lício Rizzo.

Próximo ao seu falecimento Paulo compôs a letra para um hino, não tendo tempo para compor também a música. Após 60 anos da sua morte, mexendo em seus guardados, Carmen, que já compôs alguns corinhos (letra e música), ao ler a letra tão profunda, de um pastor ainda jovem, antevendo a sua morte iminente, acabou por compor a melodia para este hino até então inacabado.

Agora, já aposentada, dedica-se mais a escrever crônicas, poemas, alguns livros e a compor alguns corinhos, além de auxiliar, de alguma forma, a quem a procura solicitando algum aconselhamento espiritual para a sua vida.
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SER ENFERMEIRO

Ser enfermeiro é uma missão
Envolve a alma, o coração
É cuidar dos que necessitam
De um cuidado, de uma atenção

Ser enfermeiro por vocação
É um dom maior
É cuidar de todos
Sem exceção

Depois de tantos anos
De pura dedicação
Missão comprida
Missão cumprida
Sensação de paz
No coração

Dever cumprido
Com muitas lágrimas
Muitos sorrisos
Muito trabalho
Muita emoção

Enfermeiro não se aposenta
Só não mais se arrebenta
Faz o que pode ao seu redor
Continua sempre a tentar cuidar
Dar conselhos, tentar ajudar.

By Carmen, a Musa

Após 42 anos de formação
2017

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