“Sustenta-me, e serei salvo e sempre atentarei para os teus decretos” (Salmo 119:117).
A palavra que dá início a este versículo é SËÅDENY, que traz mesmo este significado: “Sustenta-me”. Esta série toda de oito versículos iniciados com a letra “Samech”, letra que em seu significado principal aponta para a necessidade humana de receber as bênçãos de proteção, para não fracassar e também de receber apoio caso venha a cair e ficar em depressão.
A consciência da própria fraqueza é de importância fundamental para nos levar a clamar a Deus: SUSTENTA-ME!
Davi, identificado nas Escrituras como um homem segundo o coração de Deus (Atos 13:22), tinha esta noção de sua limitação pessoal, quando orou: “Senhor, dá-me a conhecer o meu fim e qual é a soma dos meus dias, para que eu reconheça a minha fragilidade. Deste aos meus dias o comprimento de alguns palmos; à tua presença, o prazo da minha vida é nada. Na verdade, todo ser humano, por mais firme que esteja, é pura vaidade. De fato, o ser humano passa como uma sombra. Em vão se inquieta; amontoa tesouros e não sabe quem ficará com eles. E eu, Senhor, que espero? Tu és a minha esperança. Livra-me de todas as minhas iniquidades; não permitas que os insensatos zombem de mim.” (Salmo 39:4-8).
Sem a ajuda e o socorro do SENHOR, como seremos salvos? Como atentaremos para os Seus decretos? Não há, em qualquer de nós, a mínima condição que nos assegure vitória ao enfrentar tantas adversidades e especialmente os três terríveis inimigos: o DIABO, nosso inimigo infernal; a CARNE, nosso inimigo interior e o MUNDO, nosso inimigo exterior. Cada um destes inimigos, e todos eles, em conjunto, têm um só objetivo em comum – impedir-nos que atentemos e compreendamos a Palavra de Deus.
Jesus Cristo, com cerca de trinta anos, após ser batizado por João Batista deu início ao seu ministério. Lemos que Jesus, depois de batizado, logo saiu da água. “E eis que os céus se abriram e ele viu o Espírito de Deus descendo como pomba, vindo sobre ele. E eis que uma voz dos céus dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me agrado.” (Mateus 3:16,17). E o texto sagrado continua dizendo: “A seguir, Jesus foi levado pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo. E, depois de jejuar quarenta dias e quarenta noites, teve fome. Então o tentador, aproximando-se, disse a Jesus: Se você é o Filho de Deus, mande que estas pedras se transformem em pães.” (Mateus 4:1-3).
Sem qualquer sombra de dúvida, Jesus deve ter orado como o salmista: “Sustenta-me, e serei salvo e sempre atentarei para os teus decretos” (Salmo 119:117). Na mais extrema fraqueza física, após quarenta dias em jejum, como resistir e ficar firme, não vacilar, não cair? Podemos dizer que nesta primeira investida diabólica a CARNE foi o alvo, e como foi sutil o apelo do inimigo: “Se você é o Filho de Deus, mande que estas pedras se transformem em pães.” O que Jesus fez? Ele atentou para os decretos do Senhor e venceu o inimigo respondendo: “Está escrito: ‘O ser humano não viverá só de pão, mas de toda palavra que procede da boca de Deus.’” (Mateus 4:3,4).
Não satisfeito, e querendo derrubar e afastar Jesus do seu propósito, a segunda investida diabólica foi uma tentativa de, por meio da própria palavra de Deus, levar Jesus a transgredir, pois lemos que “o diabo levou Jesus à Cidade Santa, colocou-o sobre o pináculo do templo e disse: Se você é o Filho de Deus, jogue-se daqui, porque está escrito: ‘Aos seus anjos ele dará ordens a seu respeito. E eles o sustentarão nas suas mãos, para que você não tropece em alguma pedra.’ Jesus respondeu: Também está escrito: ‘Não ponha à prova o Senhor, seu Deus.’” (Mateus 4:5-7). Lembremo-nos que Jesus foi levando pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo Diabo, e durante todo este período ele foi sustentado pelo Senhor, sendo salvo da queda e conseguindo atentar corretamente para o real ensino da Palavra de Deus.
Na terceira investida diabólica, o MUNDO foi o alvo, de uma certa forma, pois lemos que “o diabo ainda levou Jesus a um monte muito alto, mostrou-lhe todos os reinos do mundo e a glória deles e disse: Tudo isso lhe darei se, prostrado, você me adorar. Então Jesus lhe ordenou: Vá embora, Satanás, porque está escrito: ‘Adore o Senhor, seu Deus, e preste culto somente a ele.’ Com isto, o diabo deixou Jesus, e eis que vieram anjos e o serviram.” (Mateus 4:8-11). Sim Jesus foi sustentado para ficar firme no cumprimento do Plano de Deus que O enviara para ser o Redentor e para cumprir plena e cabalmente a Palavra de Deus. Que o sustentou? Foi o Espírito Santo de Deus.
O primeiro homem Adão, no Jardim do Édem, no Paraíso, cercado de todas das mais ricas e preciosas bênçãos, num lugar perfeito, falhou no enfrentamento da tentação diabólica e pelo fato dele ter dado crédito à Palavra de Satanás e não à Palavra de Deus, o pecado entrou no mundo. A tragédia das tragédias – a Queda do homem!
Agora, na plenitude do tempo, “Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos” (Gálatas 4:4,5), e este Filho, o Senhor Jesus Cristo, nascido da virgem Maria, numa família israelita, que estava debaixo da Lei, “porque aos judeus foram confiados os oráculos de Deus.” (Romanos 3:2), precisava atentar perfeitamente aos decretos de Deus, e ao contrário de Adão, estava Jesus num deserto, numa situação totalmente desconfortável e mesmo assim toda a investida para desviá-lo da Palavra de Deus, realizada pelo diabo, foi nula. E Jesus se torna um modelo para que os que estão em Cristo, sigam o Seu exemplo, dependendo totalmente do Espirito Santo de Deus, e orando também como o salmista: “Sustenta-me, e serei salvo e sempre atentarei para os teus decretos” (Salmo 119:117).
Logo em seguida à tentação temos os registros das atividades de Jesus e lemos que Ele “começou a pregar e a dizer: Arrependam-se, porque está próximo o Reino dos Céus…… Jesus percorria toda a Galileia, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do Reino e curando todo tipo de doenças e enfermidades entre o povo.” (Mateus 4:17,23).
Muita ênfase se dá aos milagres e sinais que Jesus realizou, mas Ele dedicou grande parte do seu ministério para a pregação e o ensino. Mateus registra de maneira maravilhosa cinco de suas pregações e ensinos, como o sermão o sermão da Montanha (Mateus 5-8), o sermão da Missão dos Apóstolos (Mateus 10), o sermão das Parábolas (Mateus 13), o sermão sobre a Igreja (Mateus 18) e o sermão sobre o Fim dos Tempos (Mateus 24, 25).
Verifiquemos uma parte do sermão das Parábolas: “Jesus saiu de casa e se assentou à beira-mar. E grandes multidões se reuniram em volta dele, de modo que entrou num barco e se assentou. E toda a multidão estava em pé na praia. E de muitas coisas lhes falou por parábolas, dizendo: Eis que o semeador saiu a semear. E, ao semear, uma parte caiu à beira do caminho, e, vindo as aves, a comeram. Outra parte caiu em solo rochoso, onde a terra era pouca, e logo nasceu, visto não ser profunda a terra. Saindo, porém, o sol, a queimou; e, porque não tinha raiz, secou-se. Outra parte caiu entre os espinhos; e os espinhos cresceram e a sufocaram. Outra, enfim, caiu em boa terra e deu fruto: a cem, a sessenta e a trinta por um. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.” (Mateus 13:1-9).
Jesus usou parábolas, que são narrativas alegóricas com uma linguagem fácil de lembrar por usar palavras que todos entendem e que transmitem um ensino de grande importância, por meio de comparação ou analogia. Neste sermão, a primeira parábola foi a do Semeador. Tudo muito óbvio e evidente para as pessoas acostumadas com a vida rural, com o plantar e o colher. Mas o que de fato significava aquele ensino de Jesus?
Mateus registra que os próprios “discípulos se aproximaram de Jesus e lhe perguntaram: Por que o senhor fala com eles por meio de parábolas? Ao que Jesus respondeu: Porque a vocês é dado conhecer os mistérios do Reino dos Céus, mas àqueles isso não é concedido. Pois ao que tem, mais será dado, e terá em abundância; mas, ao que não tem, até o que tem lhe será tirado. Por isso, falo com eles por meio de parábolas: porque, vendo, não veem; e, ouvindo, não ouvem, nem entendem. Assim, neles se cumpre a profecia de Isaías: ‘Ouvindo, vocês ouvirão e de modo nenhum entenderão; vendo, vocês verão e de modo nenhum perceberão. Porque o coração deste povo está endurecido; ouviram com os ouvidos tapados e fecharam os olhos; para não acontecer que vejam com os olhos, ouçam com os ouvidos, entendam com o coração, se convertam e sejam por mim curados.’ Bem-aventurados, porém, são os olhos de vocês, porque veem; e bem-aventurados são os ouvidos de vocês, porque ouvem. Pois em verdade lhes digo que muitos profetas e justos desejaram ver o que vocês estão vendo, mas não viram; e quiseram ouvir o que vocês estão ouvindo, mas não ouviram.” (Mateus 13:10-17).
Jesus está dando a conhecer os mistérios do Reino dos Céus, mas não a todos. Há uma questão aqui a ser levada em consideração: Muitos são os que ouvem e de modo nenhum entendem. Muitos são os que veem e de modo nenhum percebem. Por que isso acontece? Porque o coração está endurecido, os ouvidos tapados, os olhos fechados. Quando acontece o milagre de ver com os olhos, ouvir com os ouvidos e entender com o coração ocorre a conversão, o arrependimento e a cura espiritual se processa. Jesus iniciou o seu ministério pregando exatamente isso: “Arrependam-se, porque está próximo o Reino dos Céus”. (Mateus 4:17).
E qual é a explicação dada por Jesus à Parábola do Semeador? Surpreendentemente destaca-se o desafio de enfrentarmos as adversidades e especialmente os três terríveis inimigos: o DIABO, nosso inimigo infernal; a CARNE, nosso inimigo interior e o MUNDO, nosso inimigo exterior. Cada um destes inimigos, e todos eles, em conjunto, têm um só objetivo em comum – impedir-nos que atentemos e compreendamos a Palavra de Deus. Razão pela qual, precisamos mesmo clamar como o salmista: “Sustenta-me, e serei salvo e sempre atentarei para os teus decretos” (Salmo 119:117).
Eis as palavras do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, em Mateus 13:18-23, dando-nos a entender o sentido da Parábola: “Ouçam, portanto, o que significa a parábola do semeador”:
- A investida do DIABO – “A todos os que ouvem a palavra do Reino e não a compreendem, vem o Maligno e arrebata o que lhes foi semeado no coração. Este é o que foi semeado à beira do caminho.”
- A investida da CARNE – “O que foi semeado em solo rochoso, esse é o que ouve a palavra e logo a recebe com alegria. Mas ele não tem raiz em si mesmo, sendo de pouca duração. Quando chega a angústia ou a perseguição por causa da palavra, logo se escandaliza.”
- A Investida do MUNDO – “O que foi semeado entre os espinhos é o que ouve a palavra, porém as preocupações deste mundo e a fascinação das riquezas sufocam a palavra, e ela fica infrutífera.”
- A SUSTENTAÇÃO DADA PELO SENHOR para que sejamos salvos da queda e possamos atentar aos Seus decretos – “Mas o que foi semeado em boa terra é o que OUVE A PALAVRA E A COMPREENDE; este frutifica e produz a cem, a sessenta e a trinta por um.”
O apóstolo João escrevendo a sua primeira carta faz afirmações preciosas sobre o Senhor Jesus, entre as quais ensinando-nos duas razões por que Ele veio a este mundo: 1) “Ele se manifestou para tirar os pecados, e nele não existe pecado.” (1 João 3:5) e 2) “Para isto se manifestou o Filho de Deus: para destruir as obras do diabo.” (1 João 3:8). E Jesus alcançou este vitória retumbante ao derramar o seu sangue precioso na cruz do Calvário.
“Sustenta-me, e serei salvo e sempre atentarei para os teus decretos” (Salmo 119:117). A resposta de Deus a esta oração, nos faz compreender que, tendo nós vindo a Cristo arrependidos de nossos pecados e crendo nele, fomos incluídos entre aqueles a quem o apóstolo Pedro se dirigiu dizendo: “Vocês, porém, são geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamar as virtudes daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz. Antes, vocês nem eram povo, mas agora são povo de Deus; antes, não tinham alcançado misericórdia, mas agora alcançaram misericórdia.” (1 Pedro 2:9,10).
E devido à Sua obra perfeita na cruz, seguida de sua ressurreição podemos entender o que Paulo nos ensina em sua carta escrita às igrejas da Galácia, onde em cada capítulo, fica assegurada a vitória, por meio da cruz, sobre os inimigos que querem nos impedir de atentar à Palavra de Deus e de estarmos entre aqueles que ouvem a palavra e a compreendem; sendo portanto cristãos frutíferos:
- Gálatas 1: 3-5 – “Que a graça e a paz estejam com vocês, da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo, o qual entregou a si mesmo pelos nossos pecados, para nos livrar deste mundo perverso, segundo a vontade de nosso Deus e Pai, a quem seja a glória para todo o sempre. Amém!” Jesus se entregou a si mesmo na cruz.
- Gálatas 2:19-20 – “Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. E esse viver que agora tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim.”
- Gálatas 3:13 – “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar — porque está escrito: ‘Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro’”
- Gálatas 5:24 – “E os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne, com as suas paixões e os seus desejos.”
- Gálatas 6: 14 – “Mas longe de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu estou crucificado para o mundo.”
“Sustenta-me, e serei salvo e sempre atentarei para os teus decretos” (Salmo 119:117)
PARÁBOLA DO SEMEADOR
Há no reino de Deus profundos segredos
Que não são pra muitos nunca revelados;
Mais recebe quem já tem, mas quem não tem,
Mesmo o pouco que tem lhe será tirado.
Tantos veem muito bem, mas não enxergam,
E também escutam, mas nada entendem,
Pois a mente está fechada, totalmente,
Não desejam ver e ouvir, não compreendem.
É por isso, nas parábolas contadas
Por Jesus, quando ao povo ensinava,
”Tem ouvidos para ouvir, então que ouça”
Era sempre o que Ele bem recomendava.
Quando os olhos, sim, enxergam e ouvidos ouvem,
Vai a mente entender toda a verdade,
Deus deseja revelar os seus segredos,
Que conduzem a maior felicidade.
Do semeador a história foi contada
Que as sementes vai no campo espalhando;
Muitas delas caem à beira do caminho,
E as aves, delas, vão se alimentando.
Há sementes em lugar duro caindo,
Sim há terra, mas o fundo é pedregoso.
Surge o broto, mas a planta ali não vinga,
Pois o sol, no seu fulgor, tão caloroso,
Faz com que a planta queime e fique seca
Pois não conseguiu, ali, formar raízes.
As sementes quando assim desperdiçadas,
Deixam os semeadores infelizes.
Muitas delas caem no meio dos espinhos,
Que embora cresçam, ficam sufocadas,
Pois espinhos também crescem e atrapalham
E da planta não consegue brotar nada.
No entanto há sementes que germinam
Pois caíram em terra boa, produtiva,
E produzem a cem, a sessenta e a trinta,
Bênção e alegria para o que cultiva.
Para entender o significado
Ouça atentamente com muita atenção,
É o solo que recebe a semente,
De um ser humano, o seu coração.
Os que de Deus ouvem a mensagem e não a entendem,
Embora a mente e o coração fiquem tocados,
Logo num instante tudo se dissipa,
E o que ouviram é totalmente, devorado.
As palavras de Deus neles inseridas
Se assemelham às sementes que caíram
Bem na beira do caminho, vulneráveis,
Onde os pássaros, depressa, as engoliram.
É o maligno que astuto vem e tira
Tudo o que no coração foi semeado,
O ensino fica logo esquecido,
Não consegue jamais ser assimilado.
Outros, no entanto, ouvindo a mensagem,
Bem depressa a recebem e com alegria,
Mas não tendo consistência e firmeza,
Não conseguem suportar a zombaria,
Nem a luta, a oposição e o sofrimento,
Decorrentes da mensagem que abraçaram.
Assemelham-se às sementes entre pedras,
Onde as suas raízes não se aprofundaram.
E assim a sua fé logo abandonam.
Mas há outros que são bem mais parecidos
Com as sementes que caíram entre os espinhos,
Cujos frutos nunca serão produzidos.
Pois embora tendo ouvido a mensagem
Deixam a mesma, em sua alma, sufocada,
Pois do mundo as suas glórias e riquezas,
São, de fato, altamente desejadas.
Há no entanto um coração que é boa terra
A semeadura dá grande colheita,
Com uma produção que é maravilhosa.
Todo aquele que a mensagem não rejeita,
Que acolhe a mensagem em sua vida,
Que a entende e nele vive meditando.
É tal como a semente semeada
Numa terra boa e vai frutificando.
Coração assim somente é possível,
Quando neste coração ocorre isto:
O Deus Trino chama, ama e se revela
E permite que ali reine Jesus Cristo!
Gilberto Celeti
“E de muitas cousas lhes falou por parábolas e dizia: Eis que o semeador saiu a semear” (Mateus 13.3).